domingo, 30 de dezembro de 2018

2018: Sementes de Portugal em revista


A pouco mais de 24 horas de nos despedirmos de 2018 partilhamos aqueles que foram os momentos mais marcantes do nosso projecto ao longo dos últimos 365 dias. O exercício de passar em revista um ano tem sempre o mérito de nos obrigar a reflectir sobre em que " é que afinal despendemos o bem mais precioso que temos: O tempo em que estamos vivos! E apesar de em regra acharmos que tudo passou muito depressa, o facto é que uma volta completa em torno do Sol, uma ninharia à escala astronómica, dá para fazer muita coisa.

Como 12 imagens não seriam suficientes seleccionámos 18 para sintetizar aquele que foi o 5º ano de vida das Sementes de Portugal, um projecto de iniciativa privada de pequena dimensão cuja aposta  é a de que a flora autóctone pode ter um mercado, e de que é possível ser economicamente viável, sem recurso a subvenções ou subsídios públicos, e ainda cumprir com todas as suas obrigações fiscais e sociais.

Com uma missão: disponibilizar sementes de espécies autóctones a todos aqueles que as procuravam e não encontravam! E com isso contribuir para jardins mais sustentáveis e bosques mais resilientes!

A todos os que nos seguem, e sobretudo àqueles que em 2019 adquiriram sementes de Portugal, o nosso muito OBRIGADO!




quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Votos de um Feliz e Fraterno Natal




Há precisamente um ano partilhávamos os nossos Votos de Natal. Um ano depois temos o privilégio de poder continuar a partilhar os mesmos votos e isso é o que mais importa: poder ter feito mais esta volta em torno do Sol! Daí que repitamos as mesmas palavras: " Estamos a 5 noites da noite de Natal, e daqui em diante será cada vez mais difícil não nos envolvermos no espírito da quadra. E se alguns não se identificam com o Natal do consumo e outros não o celebram por razões religiosas, há um valor intemporal, que nos acompanha e que pode unir todos os seres: O da FRATERNIDADE. O mesmo que, como escrevíamos AQUI, há milhares de anos, em noites muito longas e frias, fazia juntar os nossos antepassados em volta de fogueiras para celebrar a vitória da luz sobre as trevas! Que é precisamente o que acontecerá amanhã, sexta-feira, pelas 22h33m no hemisfério Norte: O solstício de Inverno em que se inicia uma nova estação e o dia regista a sua menor duração - 9h e 27 minutos apenas, conforme partilha o Observatório Astronómico de Lisboa AQUI. Porém é só na noite de dia 24 que as celebrações oficiais acontecem e a humanidade assinala essa gloriosa vitória do Sol sobre as Trevas! A todos os que nos acompanham, os votos de um Feliz Natal. Pleno de fraternidade e onde a indiferença não encontre lugar em nenhum de nós!

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Catálogo Geral de Sementes de Flora autóctone - 2018-2019

Novo Catálogo Geral 2018-2019:  AQUI


Publicamos hoje, pela 6ª vez consecutiva, o nosso catálogo geral de sementes de espécies autóctones de Portugal. Nos anos anteriores procurámos publicá-lo no mês de Setembro, porém essa é uma altura em que muitas das espécies de arbustos e de árvores ainda não frutificou.

Daí que este ano tenhamos optado por aguardar pelos meados de Novembro, até porque estamos em vésperas do Dia oficial da Floresta autóctone. E este é um dia naturalmente significativo para nós. Podemos germinar sementes a maior parte do ano mas esta é a altura perfeita para colocar plantas e árvores na terra dando-lhe tempo para enraizarem até à Primavera e assim suportarem melhor a falta de água no Verão.

A nossa missão, por peregrina que pareça a muitos, continua a ser a mesma: disponibilizar a todos os que o pretendam, sementes do maior número possível de espécies autóctones que ocorrem no nosso país, pois germinar sementes é a melhor maneira de ter por perto as espécies silvestres que, seja qual for a razão que nos mover, quisermos ter por perto!

Jardins sustentáveis, hortas mais bonitas e bosques mais resilientes são as linhas a que obedecem as colheitas que fazemos ao longo de cada ano.

No presente catálogo acrescentámos sementes de mais 20 espécies da nossa flora alcançando as 390!
O catálogo não tem qualquer pretensão cientifica e organiza de forma simples as espécies pelos seus nomes científicos em categorias que são facilmente apreendidas pela maioria das pessoas que se interessam pela nossa flora.  e que nesta edição é constituído pelos seguintes capítulos:


  • Árvores - 45 espécies, tendo sido adicionadas 2 novas espécies:e Pinus sylvestris e Prunus insitita
  • Arbustos e sub-arbustos - 76 espécies - foram adicionadas 6 novas espécies entre as quais destacamos a Ephedra fragilis e a Erica ciliaris
  • Trepadeiras - 15 espécies - mais duas novas, destacando-se a Rosa corymbifera
  • Herbáceas - 212 espécies - Das 7 novas espécies cujas sementes adicionámos a Campanula alata e o Eryngium duriaei colhem as nossas preferências dadas as suas inequivocas potencialidades ornamentais
  • Gramíneas - 25 espécies - nao tendo sido acrescentada nenhuma nova espécie
  • Alhos e bolbos - 19 espécies - Das 3 novas a Narcissus papyraceus é sem sombra de duvida a que mais se destaca.

Sempre que possível acrescentámos ainda o nome vulgar pelo qual a espécie é conhecida. No catálogo deste ano distinguimos também as espécies que além de ornamentais são consideradas como aromáticas, medicinais ou utilizáveis na nossa alimentação. Pelas diferentes categorias podem encontrar-se cerca de 40 dessas espécies, das quais destacamos a Valeriana, a Betónica e a Malva silvestre para dar apenas alguns exemplos.

Terminamos por fim e como já vem sendo nosso hábito com duas referências da maior importância. A primeira, de agradecimento a todos aqueles que nos têm ajudado a trazer á luz do dia este projecto e que das mais variadas formas ajudaram a consolidar este catálogo geral. A segunda, de apelo ao feed-back que qualquer um considere relevante enviar-nos. Todos os comentários, sugestões e criticas, são bem vindos. E essenciais para nós.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Em dias de Halloween, Flores de Mandragora!

Mandrágora em flor, Barlavento algarvio, Outubro 2018

Em dias de Halloween ou, para quem preferir, em noites de bruxas, partilhamos hoje alguns parágrafos sobre uma espécie autóctone desconhecia da maioria de nós,  que se encontra agora em flor e que é, para lá das vulgares abóboras e desde há séculos, uma das espécies míticas da bruxaria ocidental: a Mandrágora, (Mandragora autumnalis) !

Hoje em dia os mais conservadores detêm-se na discussão de que as actuais comemorações "comerciais" de Halloween são uma importação descarada e sem qualquer sentido proveniente dos Estados Unidos. 

Mesmo que assim seja -e nós não estamos assim tão certos, pois sobretudo no centro e norte de Portugal os nossos antepassados Celtas comemoravam a entrada no Inverno e início de um novo ano no  último dia de Outubro com o importante festival Samhain, o nosso Dia 1 de Novembro, dia de todos os santos e do pão-por-Deus na região Centro, de tradição católica, possui alguns aspectos que não o deixam assim tão longe do espírito pagão.

E a ideia principal nestes dias em que a noite avança e ganha terreno aos dias é, no hemisfério Ocidental, a mesma: a de nos conectar com outros mundos menos palpáveis e desconhecidos! Como reconhecido por todos, ninguém acredita em bruxas mas que as há...Há!

E são precisamente as bruxas que deram fama a esta planta considerada mágica e cujas raízes bifurcadas, de aparente forma humana, são um ingrediente essencial em qualquer trabalho que se queira com efeito certo.

Ao que parece as suas qualidades já tinham sido anotadas no Antigo testamento e daí até ao fim da idade média a sua fama só cresceu. São incontáveis as lendas à volta desta planta. Desde que a sua semente é o sémen de um homem enforcado até aos procedimentos de colheita das sua raízes que apenas poderiam ser colhidas em noite de lua cheia, puxadas para fora da terra por uma corda presa a um cão preto; e se outro animal ou pessoa fizesse esta tarefa, a raiz "gritaria" tão alto que o mataria.

À parte estes aspectos da maior importância em noites de interacção com o oculto, o facto é que o seu fruto possui elementos químicos que o tornam venenoso. Daí que os Árabes o apelidassem de maçã do Diabo, pelas supostas características afrodisíacas.

Curiosamente não é o único género da grande família das solanáceas que é suspeita e tem fama de venenosa e tóxica, pois há outros géneros, com espécies provenientes por exemplo da África do Sul, que entretanto se assilvestraram entre nós sendo algumas das quais consideradas até invasoras. Um bom exemplo é a espécie Solanum linnaeanum também vulgarmente conhecida por  Maçã de Sodoma.

Curiosamente também, e sobretudo para os menos atentos a questões botânicas, as solanaceas à qual pertence esta espécie mágica são nada mais nada menos a família dos tomates - um fruto que comemos na categoria dos vegetais e que chegou à Europa no século XVI vindo da América do Sul pela mão dos  espanhóis. Dos tomates e das beringelas, bem como de muitas outros géneros conforme partilhado aqui pelo Dias Com Àrvores.

Não nos alongaremos mais sobre as infinitas curiosidades acerca da planta e dos usos místicos - bastará uma pesquisa no google de expressões como "Mandrágora", "Noite das bruxas" ou "festival Samhain" para se ocuparem facilmente muitas noites de Outono!

Mas não gostaríamos de terminar sem referir que esta é uma espécie autóctone relativamente rara e que deve ser preservada por todos. Àqueles que se pretendem iniciar nas artes da bruxaria com um peso -pesado da arte só podemos garantir uma coisa: As raízes de Mandrágora só podem mesmo ser colhidas "puxadas para fora da terra por uma corda presa a um cão preto. Se outro animal ou pessoa fizer esta tarefa, a raiz "gritará" tão alto que o matará!

Feito o aviso, a nossa sugestão é que quem quiser ter esta planta em flor na altura em que quase todas as outras ou estão a germinar ou a produzir frutos, o melhor mesmo é tentar germiná-la! No nosso catálogo geral temos as suas sementes para todos aqueles que o pretenderem tentar!

Raízes de mandrágora

Frutos de mandrágora

Pêras silvestres do Algarve


Há muitos tipos de pêras, mas as que nos agradam mais são as minúsculas pêras silvestres,(espécie Pyrus bourgaeana),  que colhemos hoje de manhã no Algarve. Mais precisamente em Armação de... Pera!  E esta foi só uma das muitas espécies de de Outono que aproveitámos para colher com o Zé Júlio Machado da  #HORTADALAPA, nossos parceiros em todas as colheitas de sementes de espécies silvestres nativas da região algarvia!

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Sementes de Portugal: 5º Aniversário!


As Sementes de Portugal celebram hoje o seu 5º aniversário! 5 anos a fazer crescer uma ideia: a de que a flora silvestre do nosso país pode estar ao alcance de todos aqueles que a pretenderem semear! A todos aqueles que nos ajudaram nesta ambição: o nosso MUITO OBRIGADO!

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Lirium: desenhar Hortas e jardins com flora autóctone!


No Inicio de Outono e ainda a beneficiar de um prolongamento do Verão esta é a altura ideal para trabalhos de maior profundidade seja na horta seja no Jardim. A utilização das espécies autóctones em qualquer dos sítios é felizmente uma realidade que tem cada vez mais visibilidade, mas para muitos o difícil é desenhar esses espaços e escolher as espécies que melhor se adaptam ás características de cada espaço. Variáveis como o tipo de solo, a exposição solar, o efeito pretendido e o tipo de uso que se quer dar são sempre aspectos a ter em conta para que os resultados sejam mais gratificantes.

Em projectos de maior dimensão um bom projecto de arquitectura paisagista é essencial, mas em projectos e espaços de menor dimensão existem felizmente cada vez mais profissionais a ajudar nessa missão. Na região centro, e mais concretamente no Oeste - região de Alcobaça, a Lirium é para nós o projecto que melhor materializa a utilização de flora autóctone em espaços sustentáveis e que são feitos para serem usufruídos!

Como escrevemos AQUI há cerca de 3 anos, visitar o espaço da Lirium é a prova de que é possível, sem excessos e sem fundamentalismos, criar a mistura perfeita de horta e jardim ou, se preferirem de Hortins! 

"Espaços que têm que tem legumes e hortaliças das mais diversas, mas onde  também lá estão verbascos, scabiosas, dedaleiras, malvas, alcachofras e salgueirinhas só para referir algumas. Assim como inumeras plantas aromáticas e medicinais. O resultado está á vista e é a prova inequívoca de que sim, é possível ter um espaço onde se podem produzir alimentos felizes em perfeita sintonia estética com espécies mais ornamentais ou encarregues de outras funções, como as de afastar os insectos nocivos ou atrair os benéficos."

Na realidade nós, que até conhecemos um pouco o que se vai fazendo nesta área em Portugal, achamos que há muito poucas pessoas a fazer todos os dias um trabalho como aquele que é feito pelo Ricardo e pela Lirium. Mas sobretudo para quem habita na região Centro, a hipótese de contratar a ajuda especializada deve ser considerada uma prioridade a ter em conta. Seja na concepção, seja na execução, seja mesmo no fornecimento de plantas a Lirium pode fornecer uma preciosa ajuda para que mais depressa melhores resultados sejam obtidos!

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Novo Catálogo de Pacotes de sementes de Flora Silvestre 2018-2019


Novo Catálogo 2018-2019 - AQUI !

Lançamos hoje o novo catálogo de pacotes de sementes de flora silvestre 2018-2019! Para nós é o culminar de um trabalho árduo que nos animou ao longo dos últimos dois anos: Acrescentar, às 50 espécies do último catálogo 2016-2017, 10 novas plantas da nossa flora que têm todo o potencial e mérito para fazerem parte dos nossos jardins.

Existirão ainda mais algumas quantas, mas aproximamos-nos mais um pouco da selecção que um dia idealizámos quando começámos o projecto sementes de Portugal há quase 5 anos. E de possibilitar a todos aqueles que o pretendam, de forma simples e confortável, as sementes dessas espécies.

As 10 espécies, que podem já ser adquiridas na nossa loja on-line - www.sementesdeportugal.pt - ela própria também recentemente renovada, são todas elas de fácil germinação, inegavelmente ornamentais e são relativamente abundantes nos nossos campos e paisagens não colocando em risco qualquer população silvestre..

Nove são declaradamente autóctones: Aquilégia (Aquilegia vulgaris); Bem-me-quer (Leucanthemum sylvaticum); Cabelos-de-Vénus (Nigella damascena); Calças-de-cuco (Gladiolus italicum); Gloria-da-manhã (Convolvulus tricolor); Macela-Real (Achillea ageratum); Marianas ( Centranthus ruber); Saudades-roxas (Scabiosa atropurpurea) e Tremoço-azul (Lupinus angustifolius). Uma, o Cipreste (Cupressus sempervirens) introduzido muito provavelmente pelos romanos há dois mil anos tem, como alguém diria, plenos direitos de cidadania e faz parte da paisagem mediterrânica que herdamos dos nossos antepassados que a humanizaram.

Para facilitar a sua consulta, o catálogo é composto por 5 capitulos:
  1. Flores comestíveis
  2. Flores silvestres
  3. Plantas aromaticas e medicinais
  4. Herbáceas e Pequenos arbustos ornamentais
  5. Árvores e arbustos ornamentais

Não é uma classificação muito satisfatória pois há espécies que cabem em mais do que uma categoria, mas é a que por agora as permite arrumar da melhor forma e de acordo com as características mais conhecidas do público em geral. São espécies que, numa perspectiva horticultural, tanto se enquadram no jardim como na Horta e para nós um jardim comestível ou uma horta esteticamente bonita não são realidades incompatíveis!

Esperamos naturalmente que estas novas espécies, assim como o catálogo no seu todo, vão ao encontro das expectativas de todos aqueles que cada vez mais se atrevem a germinar as suas próprias sementes procurando ter jardins, adaptados ao nosso clima, com mais sentido etno-botânico e ecologicamente mais ricos e sustentáveis ! 

A todos os que nos seguem, os votos de uma boa época de sementeiras!


segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Outono: Chegou o (melhor) tempo de semear!


Desde ontem que estamos oficialmente no Outono, e com ele chegou o melhor tempo para Semear! De hoje até ao solstício de Inverno, dia 21 de Dezembro, serão 88 dias em que os dias perderão duração para as noites. Para muitos são 3 meses de descida, uma espécie de antecâmara do tempo ainda pior que virá com o Inverno. Mas para MUITOS OUTROS, são os 3 meses em que podemos dedicar-nos a germinar aquilo que queremos ver florescer na Primavera. Não há outra forma possível! E esse é um dos melhores programas de recomeço de ciclo. Nos próximos dias partilharemos as novidades que juntámos aos nossos catálogos de sementes silvestres da flora de Portugal. A todos os que nos seguem: uma auspiciosa época de sementeiras!

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Monchique: Vive cada tragédia como se fosse a primeira!


Monchique. Por fim e 10 dias depois do seu início, o tempo deu as tréguas necessárias para que mais um mega-incêndio de 29.000 hectares fosse considerado extinto. 

O tema dos incêndios, do ordenamento florestal e do território já tem suficientes dinamizadores nas redes sociais e suscita posições inflamadas para todos os gostos. Um debate politizado, com inúmeros especialistas munidos dos mais diversos estudos, paixões e interesses particulares. Um debate que se reedita sempre como se fosse a primeira vez que tal tragédia nos está a acontecer. 

Nós, por uma manifesta falta de energia, optamos por não participar, até porque a nossa visão sobre o tema é conhecida e compreensível - vendemos sementes de flora autóctone! Mas não resistimos a relembrar que no início de Setembro de 2016, e pouco depois dos incêndios da Madeira, que ocorreram precisamente no início de Agosto de 2016 - faz agora 2 anos! a vertente Sul de Monchique teve um incêndio onde arderam 4000 hectares. Um incêndio com origem criminosa na Foia e que entrou pelo concelho de Portimão. 

Como é óbvio já todos nos esquecemos. Como esquecemos que menos de 6 meses depois, no início de 2017, o nosso actual primeiro-ministro celebrava protocolos com a industria de celulose para aumentar a produção de eucalipto em áreas de elevada produtividade como...Monchique. 

Evidentemente que o problema não é só o eucalipto e que a solução passa por olhar para muitas outras variáveis, mas enquanto esta espécie for considerada a solução para a economia de extensas parcelas do nosso território temos a maior das duvidas de que algo de diferente possa acontecer no futuro. Deixamos aqui os links para o que escrevemos sobre o tema e que na pratica permanece actual. AQUI e AQUI.

Nota - Temos também as maiores das dúvidas de que estes 29.000 hectares se devam apenas ás anormalmente elevadas temperaturas do fim de semana. Para quem conhece a região, mesmo altamente eucaliptada, como é que 1300 homens, dezenas de meios aéreos conseguem deixar que um fogo que se iniciou 15 Km a Norte de Monchique consegue chegar a Alferce, rodear a Picota, expandir-se para nascente e sul atingindo Silves e  alcançar novamente a serra chegando à  FOIA!?

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Convenção europeia de empresas produtoras de sementes silvestres



Na passada semana, de 14 a 19 de Maio, tivemos o privilegio de participar na primeira convenção de empresas produtoras de sementes silvestres da Europa.

Organizada pela associação alemã de empresas produtoras de sementes e plantas nativas ( https://www.natur-im-vww.de/en/) esta convenção contou com a presença de empresas de praticamente todos os países europeus e foi não só uma excelente oportunidade para a partilha de experiências entre os participantes,  como a oportunidade de contactar de perto com a experiência acumulada, desenvolvida ao longo de mais de 30 anos, pela Alemanha num sector que assume uma importância cada vez maior.

O programa, organizado numa iniciativa de extrema generosidade, foi extenso e desenrolou-se ao longo da semana em diversos locais da Alemanha e Suiça. Dos aspectos mais relevantes salientamos:
  - Os projectos de requalificação ambiental e paisagistica, dos quais o mais impressionante foi inequivocamente, o de renaturalização das minas de carvão de Jänschwalde (ex-RDA) levado a cabo pela empresa https://www.nagolare.de;
 - Os diferentes níveis de desenvolvimento das quintas de produção de sementes silvestres certificadas;
-  Os igualmente diversos níveis de desenvolvimento tecnológico e automação das unidades de limpeza e conservação de sementes.

Como é compreensível é um sector de actividade que se desenvolveu na sequência de um forte impulso dos governos nacionais e regionais cujas politicas ao longo das últimas década estimularam o aparecimento de dezenas de produtores e empresas. Um esforço que outros países começam agora a desenvolver de forma mais sistemática (Inglaterra, Espanha, França, Holanda, entre outros) mas que, infelizmente, ainda não tem sequer um paralelo no nosso país.

Ainda não tem, MAS pode e deve vir a ter no Futuro. Até que isso aconteça é para nós um motivo de satisfação ter podido beneficiar de forma tão concentrada da experiência tida noutras latitudes deste espaço que é a nossa casa comum, a Europa. Que poderá não ser de aplicação imediata à nossa realidade, mas que seguramente nos ajudará a trilhar o caminho de promoção do uso das espécies silvestres nas mais variadas vertentes.

Terminamos fazendo referência à criação da Associação Europeia de empresas produtoras de sementes silvestres que teve nesta convenção o seu pontapé de saída. Até ao final do ano de 2018 um grupo de trabalho agora eleito pelos participantes da convenção terá como missão definir os principais aspectos da organização e missão da futura Associação Europeia. Um Fórum de cooperação e troca de conhecimentos e do qual temos a satisfação de fazer parte desde o primeiro momento!


terça-feira, 1 de maio de 2018

Maio: tempo de usufruir e celebrar


A última vez que escrevemos neste blogue foi a propósito do início da Primavera. Passou-se pouco mais de um mês e voltamos hoje para assinalar, neste que é o 1º de Maio, o dia das Maias. Ao longo dos últimos anos e desde 2014 (AQUI) temos partilhado sempre por estas alturas o quanto apreciamos este dia e este mês. 

Se a Primavera começou a 20 de Março, a verdade é que ela não é toda igual. Em bom dizer, não há um dia igual ao outro qualquer que seja a estação do ano:  na Natureza e por todo o lado, tudo faz o seu caminho, feito de mudança permanente, aos poucos e em passos quase imperceptíveis, a transformação é a regra.

Como escrevemos AQUI no ano passado, " Os verde-limão das primeiras folhas  do início da estação foram dando lugar a outras cores e formas de vida num crescendo de exuberância que invade os nossos olhos. É a mesma estação? É. Mas que se foi  transformando todos os dias mais um bocadinho conduzindo-nos suavemente ao tempo de usufruto e de colheita que marca o Verão."

Para os Celtas, o ano só tinha duas estações e o Verão começava neste primeiro dia de Maio com um importante festival  -  Beltane - sendo o nosso Dia das Maias, um testemunho dessa relação ancestral com a Terra e o que nos rodeia. Muitas centenas de anos depois é para nós óbvio que essa constatação continua fazer todo o sentido: Maio é definitivamente o mês mais  glorioso e vibrante que temos!

Esta constatação tem evidentemente um reverso. Maio é tempo de celebração e usufruto do que se semeou noutros anos e que nos recompensa agora com extensas e vibrantes florações. Semear continua a ser possível, mas só deve ser feito em ambientes condicionados, onde seja fácil regar e acompanhar o crescimento de jovens plântulas. Fora disso o mais provável é que qualquer golpe de calor dos muitos dias quentes que teremos pela frente deitem tudo a perder.

Porém e como dizíamos, tudo é "feito de mudança permanente, aos poucos e em passos quase imperceptíveis", pelo que daqui a pouco mais de 6 meses voltaremos ao Tempo de Semear. Até lá temos o tempo de Usufruir e de Colher! E é isso que todos podemos e devemos fazer! 


domingo, 18 de março de 2018

Equinócio de Primavera 2018


Há cinco meses atrás, em pleno Outono, Portugal passava por um dos períodos mais quentes (e trágicos!) de que não tínhamos memória e que, dizem os especialistas, experimentávamos pela primeira vez. Desde então e até há cerca de 3 semanas, grande parte do país esteve em seca severa, motivando as mais diversas iniciativas de quase todos os quadrantes humanos - da ciência à politica, da comunicação social à religião, para que tal desgraça cessasse o quanto antes.

Porém, e apesar de todo o voluntarismo dos últimos 4 meses, foi mesmo a Natureza que, na sua imprevisibilidade, se encarregou de repor a água em falta proporcionando-nos um mês de Março generosamente chuvoso. Uma vez mais, de que não tínhamos memória e que,  dizem os especialistas, experimentamos pela primeira vez. E ou a chuva cessa ou, o mais provável, é estar criado um enormíssimo problema de excesso que irá motivar novos voluntarismos dos quadrantes do costume.

Isto para dizer que o mais sensato seria mesmo aceitarmos de uma vez por todas de que o nosso clima, de tipo mediterrânico, se presta a estas variabilidades. Invernos que podem ser muito chuvosos Primavera adentro e Verões que igualmente se estendem pelo Outono. Alterações climáticas à parte, esta é a nossa matriz e se a tivermos como um dado adquirido, não será necessária tanta estupefacção pelos maus resultados dos erros que cometemos na gestão do nosso território.

Com tanta chuva e frio é natural que a "Primavera" ainda esteja envergonhada e que na terça-feira, pelas 16h15, momento em que se regista o Equinócio de Primavera, tenhamos dificuldade em  reparar nela.  

Porém os sinais, embora tímidos, já estão à vista na floração dos pilriteiros, dos folhados e das urzes. E como não há um dia igual ao outro, aos poucos, a Natureza encarregar-se-á de mostrar que os dias maiores são para aproveitar. Começa agora com os múltiplos tons de verde das novas folhas nas árvores de folha caduca, para, nos meses de Abril e Maio, se desdobrar em múltiplas cores.

Apesar da Primavera ainda ser uma excelente altura para se semear - sobretudo em tabuleiros, vasos ou floreiras, esta é mais uma estação para se usufruir do que se fez nos últimos 6 meses! Quem pensar semear agora os prados que quer ver em flor deve certificar-se de que disporá de água para os regar nos calores de Junho. E quem pensar em deitar directamente na terra sementes de arbustivas terá de estar preparado para o insucesso: As sementes germinam mas não terão tempo de enraízar o que necessitam para sobreviver ao Verão.

E o mesmo serve para as muitas árvores que um pouco por todo o país serão colocadas na quarta-feira, Dia Mundial da Árvore, em múltiplas iniciativas de arborização que, na melhor das hipóteses, serão recordadas como de sensibilização. Em jardins ainda haverá alguma esperança se existir rega à mão, mas nas serras e à merçê do tempo, dificilmente as jovens árvores resistirão a um golpe de calor.

Como já escrevemos várias vezes, e de acordo com as nossas observações, no nosso país, incluindo o arco de clima atlântico do noroeste (Aveiro-Braga-V.do Castelo), o mais prudente é semear no Outono-Primavera, de preferência em tabuleiro ou vasos, e transplantar para os locais definitivos nos meses de Novembro e Dezembro.



segunda-feira, 5 de março de 2018

O Jardim


Há um ano atrás partilhávamos AQUI e AQUI que aquilo que o Salvador Sobral estava a fazer em Kiev era semear e semear em larga escala. Evidentemente que  para muita gente esta coisa de misturar os temas da flora autóctone, da canção e da Eurovisão era excessivo, só possível de entender com alguma (muita) boa vontade! 

Nada que nos detenha e este ano voltamos a associar-nos de alma e coração ao Festival da canção. Mais ainda e com maior pertinência quando a canção vencedora se intitula ... O Jardim! Uma belíssima canção da Isaura e da Cláudia Pascoal a provar, uma vez mais, que  a fecundidade está por todo o lado e se pode revestir de mil e uma formas!

Apesar de as redes sociais de hoje estarem inundadas dos comentários mais odiosos que se possa imaginar, para nós o Festival da canção de ontem, em Guimarães, foi um momento alto de televisão que irá juntar-se ao já extenso cancioneiro popular que integra o nosso património imaterial. As canções, de forma geral honestas e decentes - existiam outras que poderiam perfeitamente ter ganho e até a menos votada não nos envergonharia em nada, os tributos às Doce e a Simone de Oliveira bem como a  actuação final de Luísa Sobral fizeram desta final um momento alto do que é Portugal neste ano de 2018. Que é bom, que é digno e que também é, diga-se sem vergonha, fecundo!


terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Amor e Murta


Em dia de namorados voltamos a uma das espécies nossas preferidas e que materializa na perfeição o espírito do dia. Para quem nos segue é chover no molhado pois não é a primeira vez que a destacamos, quando tantas outras igualmente interessantes nem sequer referenciámos. Porém, como já tivemos oportunidade de escrever antes, se o sobreiro é a árvore de Portugal, a Murta poderia muito bem ser o arbusto emblemático do nosso país.

Trata-se provavelmente da planta que está na origem de mais nomes na toponomia das nossas aldeias e vilas, sendo inúmeras as declinações: Murtal, Murteira, Murtosa, Almortão, entre outras, povoam o nosso país e provam que desde há muito que não somos indiferentes a este arbusto perene de folhas aromáticas e flores delicadas que ocorre em praticamente todo o país.

É verdade que também é comum a toda a bacia do mediterrâneo e sobre ela existe um extenso património cultural construído ao longo de milhares de anos. Considerada pelos gregos e romanos como símbolo da Paz e do Amor, a murta era uma planta sagrada, dedicada a Afrodite e a Vénus, divindades nas mitologias grega e romana, respectivamente. Curiosamente, ainda hoje os ramos de murta fazem parte dos bouquets de casamento de muitas noivas um pouco por toda a Europa, e não é por acaso que o de Kate Middleton também tinha uns raminhos de uma murta plantada pela rainha Vitoria em 1845. 

Como escrevíamos acima, além da simbologia, a murta é uma planta que exala um agradável aroma limonado e possui  características lhe têm conferido múltiplas utilizações, desde medicinal, no tratamento de doenças das vias respiratórias e urinária até ao uso alimentar e condimentar - flores, bagas e folhas, verdes ou secas são facilmente incluídas na confecção de diversos pratos e grelhados. Em diversas regiões de Portugal as suas bagas – denominadas murtinhos - são ainda usadas na fabricação de licores. Noutros países ainda, é cultivada para extracção dos seus óleos essenciais, posteriormente utilizados quer pela indústrias da perfumaria e alimentar na preparação de molhos e aromatizantes.
E se ter um arbusto no jardim, nosso e ainda por cima aromático, que remete o nosso  espírito para a PAZ e o AMOR, já seria mais do que suficiente para todos a devêssemos  ter por perto e em abundância, nós acrescentamos mais duas razões: a ornamental e a ecológica. Num jardim é um arbusto sempre verde que pode ser utilizado em sebes ou isolado, que não exige cuidados de maior (prefere solos pouco ou nada calcários, mas também não excessivamente ácidos, bem drenados e sem exposição excessiva ao sol ), suportando bem as geadas e as podas. Do ponto e viste ecológico,  as suas bagas são muito apreciadas por pequenas aves que lhe agradecem o alimento numa altura em que ele começa precisamente a escassear - o  Início do Inverno. 

As nossas sementes de Myrtus communis,  colhidas em murtais do centro de Portugal, são uma boa opção para todos aqueles que pretendem começar por uma aposta segura em matéria de flora autóctone. Com uma temperatura a rondar os 16º e luz q.b. pode ser semeada em qualquer altura e a sua germinação é praticamente garantida!

Nota - O presente artigo, publicado originalmente na revista Jardins de Outubro de 2017, sintetiza, na pratica dois anteriores textos publicados neste blogue AQUI e AQUI.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Malva-Real


No nosso país não é de bom tom mandar ninguém ás malvas e talvez seja por isso que a maior parte de nós tenha tendência a desqualificar as espécies assim conhecidas. Todavia, e há sempre um todavia, se nos despirmos do preconceito não será difícil reconhecer que um número significativo das malvas que ocorrem espontaneamente no nosso território são plantas a ter por perto.

Em regra, e como explica a Fernanda Nascimento AQUI, a maior parte das malvas que conhecemos enquadram-se num de dois géneros: Malva e Lavatera. A que hoje aqui evidenciamos, apesar do nome vulgar de malva-real, é na realidade  a Lavatera trimestris. 

De qualquer das formas, e classificações botânicas à parte, ambos os géneros partilham as mesmas qualidades e aplicações medicinais. Neste aspecto em particular voltamos a referenciar a Fernanda Botelho, autora do blogue malva silvestre e  de diversos livros sobre muitas plantas silvestres, que recomenda a utilização das suas folhas mais jovens em sopas e saladas, tal qual os espinafres ou as acelgas. As raízes também têm aplicação culinária e medicinal assim como a tisana das suas folhas é pode ser útil em afecções dos sistemas digestivo, urinário ou respiratório.

Mas se a sua utilização para fins terapêuticos, conhecida desde a antiguidade e transversal a diversas civilizações milenares, já é motivo suficiente para as vermos com outros olhos, as suas qualidades ornamentais, sobretudo da malva-real, levam-nos a considerá-la como uma das espécies silvestres nossas preferidas.

Para começar é uma espécie de rápido crescimento - trimestris quer dizer isso mesmo: desde que nasce até que floresce...bastam 3 meses! Depois nao é exigente em termos de solo nem de nutrientes. Até os prefere pouco ricos desde que bem drenados e expostos ao sol. Em terceiro lugar tem uma floração abundante de Abril a Junho e por fim as suas flores afuniladas de um vibrante cor-de-rosa, além de esteticamente irrepreensíveis são comestíveis podendo abrilhantar qualquer salada!

Podendo desenvolver-se até um metro de altura esta é uma espécie mais adaptada ao jardim ou a um canto da horta, mas numa varanda em vasos ou floreiras com alguma profundidade também não ficará nada mal!

Terminamos partilhando mais algumas curiosidades e resolvendo um enigma! A familias das malvácias (!?) -Malvaceae é uma das maiores encontrando-se em todos os continentes contendo cerca de 4200 espécies agrupadas em cerca de 240 géneros. Os hibiscos, o cacau e o algodão são apenas os mais conhecidos.

No nosso país além dos géneros malva e lavatera ocorre um outro com indiscutíveis qualidades ornamentais: o género Althaea, cuja espécie Althaea officinalis, ou alteia, ocorre em habitats humidos. Espécie que tem ainda uma outra particularidade como refere a Fernanda Botelho no livro "Uma mão cheia de plantas que curam": é a partir do pó obtido com as suas raízes,possuidor de propriedades gelificantes, que se confeccionam uma das guloseimas preferidas de ingleses e norte-americanos: os marshmallows!!

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Borragem


Depois do Sabugueiro, arbusto de grande porte que revisitámos no nosso último post, destacamos hoje a nossa atenção a uma outra espécie silvestre, herbácea anual, que sendo igualmente muito útil tem a vantagem de não necessitar de solos profundos e poder crescer em qualquer floreira ou varanda urbana.

Apesar de não ser a primeira vez que escrevemos sobre ela, aproveitamos a oportunidade para sintetizar o que de mais relevante importa saber desta espécie silvestre que ocorre naturalmente em quase todo o país mas incompreensivelmente passa despercebida à maior parte de nós.

Começamos pela singularidade da cor. O Azul não tem fama de ser a cor da realeza por acaso. É que na Natureza é a cor que menos ocorre, sobretudo se comparada com a profusão de amarelos e verdes, muito mais frequentes, o que explica ter sido apropriada como a suposta cor do sangue das "algumas famílias" em posição dominante. Devemos no entanto dizer que em matéria de Azul as espécies silvestres da família da Borragem - as boraginácias - não se fazem de rogadas e é possível encontrar outras tonalidades ainda mais vibrantes, como as da Anchuza azurea, a nossa preferida, e as de Pentaglottis sempervirens.

Muito pouco exigente em matéria de solo ou nutrientes, a Borragem tem ganho mais visibilidade nos últimos anos graças ao que que poderemos apelidar de qualidades: È das primeiras espécies a florir no final do Inverno; tem uma floração demorada e abundante - Até ao fim de Abril/ início de Maio e as suas flores, além de muito apreciadas pelas abelhas pelo seu néctar, são ....comestíveis!

A utilização das suas flores em forma de estrela e com sabor a pepino, seja em saladas ou como elemento decorativo, é já hoje vulgar na cozinha mais exigente. Além do sabor e dos nutrientes alimenta os olhos, o que não é de minimizar.

Mas não são só as flores que são comestíveis. As suas folhas enquanto jovens entram bem em saladas e depois disso, se maduras e mais rugosas, têm em infusão diversas aplicações fitoterapêuticas , sendo indicadas no combate a bronquites, resfriamento e tosse.

Dos muitos usos que é possível dar á borragem, e que é possível descobrir em diversos livros e publicações, fazemos ainda referência a um que Miguel Boieiro partilha no seu livro "Plantas para curar e comer" num texto dedicado a esta espécie:  o de cataplasma  como máscara de limpeza da pele, ao jeito dos feitos com pepino e iguais resultados ao limpar e tonificar a pele.

De referir por fim que a sua germinação não apresenta quaisquer dificuldades e, uma vez em planta e para melhor desenvolvimento, apenas é necessário não lhe faltar com água!

domingo, 28 de janeiro de 2018

Sabugueiro


No início do projecto sementes de Portugal , há cerca de quatro anos, uma das ideias a que dedicámos mais energia foi a de partilharmos informação útil sobre as muitas espécies emblemáticas da nossa flora silvestre. Mas a realidade é sempre mais forte e com o tempo escasso e a voragem frenética das redes sociais onde há cada vez menos espaço para textos que ultrapassem os dois parágrafos, esse hábito foi perdendo frequência.

Porém, a ideia inicial permanece viva e aproveitaremos este período invernal de menor actividade para partilhar alguma informação básica sobre aquelas que são as espécies mais emblemáticas da nossa flora nativa e cujas sementes comercializamos. Entre as 50 mais relevantes que temos em catálogo. há algumas  algumas às quais ainda não fizemos sequer justiça. mas as inúmeras qualidades do Sabugueiro justificam que voltemos a ele uma vez mais. Trata-se de um arbusto que pode atingir porte arbóreo, uma farmácia viva para alguns! - e que faz parte do nosso imaginário colectivo e da toponomia de muitas localidades. Mas que muito têm dificuldade em identificar à primeira.

Como escrevíamos atrás, apesar de ter um porte significativo, que pode alcançar facilmente os 5 metros de altura,  o sabugueiro é na realidade uma espécie arbustiva, nascendo ramos novos, de forma natural, a partir da sua base. Todavia, pelo corte destes e pelas podas dos ramos superiores não é difícil formar um tronco principal e com isso alcançar um porte arbóreo.

Frequente em todo o território nacional, mas de forma mais generalizada no centro-norte de Portugal, o sabugueiro é igualmente uma espécie disseminada por toda a Europa sendo-lhe atribuídos inúmeras qualidades, nomeadamente ao nível medicinal, ao ponto de ser considerada por diversos povos como o “armário dos remédios”. Nele desde a casca às folhas, passando pelas flores e pelos frutos tudo pode ter aplicação. Tem propriedades anti-oxidantes e pode ser utilizado com sucesso na cura de gripes e constipações, apenas para referenciar alguns exemplos dos muitos que possui. Nesta vertente em particular sugerimos aliás a leitura dos artigos escritos pela Fernanda Botelho, que há já vários anos se dedica a divulgar entre nós as suas propriedades medicinais.

É uma espécie de origem ripícola, isto é, habituada a margens de linhas de água, pelo que tem uma clara preferência por solos húmidos, com alguma profundidade e sem demasiada exposição solar. Adapta-se e sobrevive em condições diferentes mas se o queremos ver desenvolver-se de forma robusta e saudável não deveremos fugir muito a isso.

Além das óbvias qualidades ornamentais da sua folhagem, destacamos a abundância da sua floração, constituída por enormes “umbelas” de flores perfumadas nos inícios de cada Primavera e que, além do mais, são comestíveis e entram na composição de deliciosos xaropes. A este propósito não  um resistimos a partilhar um interessante projecto dedicado a esta espécie que, pelas mãos de Jaime Otero, nasceu há poucos anos na região de Alcobaça e que comercializa precisamente xarope 
da Flor de Sabugueiro! Para quem estiver interessado em aprofundar as muitas utilizações sugerimos vivamente que visitem a sua página no FaceBook. AQUI.

Simultaneamente, as suas bagas, que nosso país amadurecem a partir de meados de Julho, destacam-se também por serem comestíveis - podem ser utilizadas na culinária, por exemplo em tartes, junto com outros frutos vermelhos. De igual forma, o seu sumo, que entre nós é pouco conhecido, muito apreciado em países como a Alemanha ou a Dinamarca, esta na base aliás de uma importante actividade exportadora em algumas regiões do Douro-Sul, como Resende, que nos últimos anos apostou de forma bem sucedida no cultivo do Sabugueiro.

De notar todavia os cuidados a ter na ingestão do sumo extraído das bagas, o qual não pode ser ingerido directamente, devendo ser previamente fervido, para eliminação das toxinas, e diluído em água.

Por fim e não menos importante, referimos a sua mais-valia ecológica no jardim. O néctar das suas flores fazem as delícias dos insectos polinizadores, das abelhas em particular, e as suas bagas são uma importante fonte de alimento para os pássaros mais diversos, entre os quais os melros.

Disto isto, e tendo referido de forma muito sucinta algumas das principais qualidades, esperamos ter contribuído para um uso mais generalizado desta espécie. Uma espécie que faz parte do nosso património etno-botânico e que pode enriquecer a vários níveis os jardins de todos aqueles que pretendem ter espaços verdes em que cada planta tem sempre muitas aplicações inúmeras histórias para contar!

Nota final – A germinação das suas sementes não apresenta dificuldades de maior e o seu crescimento, existindo disponibilidade de água, é rápido e vigoroso!  Referimos no entanto que, pela nossa experiencia, a taxa de germinação é substancialmente maior se as sementes forem previamente demolhadas em água tépida durante cerca de 16 horas antes de serem semeadas!

Nota final II - O artigo agora partilhado foi previamente publicado na edição de Novembro de 20017 da Revista Jardins.


segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

2018 - Previsões e tendências

Estamos na altura do ano em que nas mais variadas áreas se comunicam em catadupa as previsões e tendências que marcarão os próximos 12 meses. Das tradicionais cartomantes e especialistas em horóscopos aos analistas  desportivos e políticos passando pelos gurus da moda e da tecnologia, sem descurar os vizinhos mais sabedores, este é um mercado fértil em que tudo é possível prever e vaticinar.

É razoável suspeitarmos que lá para meados do ano a maior parte dos esforços oraculares ou não se concretizou ou já se esqueceu, porém da atenção que lhe demos é que já não se aliviam. E esse é um motivo mais do que suficiente para de forma bem disposta prevermos o que em matéria de flora autóctone marcará 2018 e os próximos anos na nossa legitima, embora interessada, perspectiva. A maior parte das 6 preconizações que fazemos são simples desejos que afirmados de forma tecnocrática ganham outra e muita credibilidade. O que é altamente criticável, dirão alguns! Pois que sejam. Afinal quanta da realidade não se materializou apenas porque alguém a sonhou!?

PREVISÕES E TENDÊNCIAS


#1 - Em 2018, 80% dos que irão semear pela primeira vez irão fazê-lo com sementes de espécies silvestres nativas de Portugal. Probabilidade de ocorrência: entre 90 e 100%.


#2 - 98% dos que em 2018 germinarem sementes de flora nativa concluirão que semear não é uma ciência esotérica. Com a temperatura, humidade e luz adequadas é altamente provável a obtenção de resultados satisfatórios. Probabilidade de ocorrência: entre 95 e 99%.


#3 - 40% daqueles que planeiam construir um jardim em 2018 irão seleccionar espécies autóctones adaptadas ao nosso clima, a longos períodos sem água e base de jardins bio-diversos. Esta percentagem subirá de forma consistente alcançando os 100% em 2025. Probabilidade de ocorrência: 90%.


#4 - Em 2018 apenas 10% dos portugueses considerará as espécies autóctones insuficientes para manter um jardim sempre florido. Em 5 anos esta percentagem decrescerá de forma ainda mais significativa para valores residuais próximos de zero. Em 2023 será consensual que as dezenas de espécies silvestres que ocorrem naturalmente no nosso país são mais do que suficientes para satisfazer as legitimas necessidades básicas de beleza de qualquer cidadão. Probabilidade de ocorrência: 99,99%.


#5 - Em 2018 uma percentagem crescente de portugueses residentes em meios urbanos considerará como muito pouco eficiente ter de se deslocar grandes distâncias para usufruir de um prado florido. O campo na cidade será uma tendência na jardinagem dos espaços públicos das nossas cidades. Probabilidade de ocorrência: 80% em 10 anos


#6 - Em 2018 10% dos portugueses que habitam nos principais núcleos urbanos e que são proprietários de parcelas florestais ou rurais abdicarão de rendimentos de curto-prazo e irão promover a implantação de espécies autóctones em povoamentos heterogéneos, base da biodiversidade e da fundamental preservação dos solos. Em 2030 a gestão do espaço florestal que não contemple estas duas vertentes será considerada uma bizarria. Probabilidade de ocorrência: 95% em 15 anos.

Votos de um bom 2018! Decente. Se o for já será muito bom!