quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A importância das Plantas e da Botânica


No dia em que o portal Flora-on, da Sociedade Portuguesa de Botânica comemora três anos, aproveitamos para partilhar um pequeno vídeo divulgado pelo Prof. Carlos Aguiar do blogue Das Plantas e das Pessoas.

Hoje a botânica, ou a jardinagem, ou a Natureza em sentido lato despertam a atenção de cada vez mais pessoas, mas para muitos ainda é visto como um interesse quase bizarro. Erradamente. E é por isso que a mensagem deste vídeo é importante.

Se olharmos para o nosso planeta como uma casa partilhada por muitos seres vivos, que é o que realmente é, onde as nossas habilidades racionais não podem servir de alibi para a considerarmos apenas nossa, o Reino das Plantas é o reino dos seres vivos que nos permite a nós e a todos os outros animais complexos aceder à energia do Sol. 

São as plantas, das mais simples ervas às gigantescas árvores das florestas tropicais, que através dos processos de foto-síntese transformam a energia solar em alimento ou outras formas de energia. Sem elas, simplesmente, não há a vida complexa que hoje existe. Poderia existir outra!? É possível. Mas não esta. 

Há muitas mais razões que sustentam a importância das Plantas e de as estudarmos cientificamente. Mas bastaria esta para deixarmos de vez de olharmos para as plantas apenas como um cenário ou a paisagem da beira da estrada!


domingo, 22 de fevereiro de 2015

Os primeiros acordes de Primavera




Nem de longe nem de perto o nosso Inverno atinge o rigor do que a costa leste dos Estados Unidos tem experimentado estes dias, mas ainda assim ninguém pode dizer que esteja a ser um Inverno suave. 

A boa notícia é que falta menos de um mês para a chegada da Primavera. E a a prova de como é certa a sua chegada são os seus sinais que estão já um pouco por todo o lado. A Natureza, como que para nos descansar, vai encarregando algumas espécies de começarem a  florir "antes" de tempo, como é o caso do alecrim, das alfavacas-do-monte ou de algumas orquídeas silvestres.

Utilizando uma metáfora, são como que os primeiros acordes da  grande sinfonia que ouviremos lá para Abril e Maio. Porém, até lá,  há ensaios parciais que podemos ir ouvindo e que, por si só, justificam plenamente a compra de bilhete . Um desses ensaios é o dos campos cobertos das flores brancas das margaças. 

Há quem também lhes chame de margaridas, malmequeres ou de falsa-camomila, dadas as suas parecenças com a verdadeira camomila (Porém neste caso pouco importa o nome, até porque são várias as "margaridas" que temos e é muito fácil incorrer em erro. Na foto acima o mais provável é que se trate da espécie Chamaemelum fuscatum,  tmas também é possível que se trate da Anthemis arvensis. Neste artigo, a Fernanda nascimento dá pistas para a correcta identificação das duas espécies.

De qualquer das formas e para quem começa agora a interessar-se pelo tema bastará, além do mais importante que é admirar os campos que for encontrando, reter que é uma das muitas espécies  da família das compostas ou Asteraceae - uma das maiores famílias de plantas e que no mundo tem cerca de 23 000 espécies distribuidas por 1500 géneros diferentes. Destes, ocorrem em Portugal 116 como poderão explorar no portal Flora-on.


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Carnaval, Entrudo e Arruda


Nos dias de hoje não há projecto que subsista sem uma vertente comercial e são incontáveis os esforços para associar os mais diversos produtos às diferentes datas comemorativas que o calendário nos vai marcando. Nós não fugimos muito à regra e se o Dia dos namorados era um excelente argumento para os enamorados oferecerem sementes de murta (ou outra!porque não) o Carnaval é também uma óptima desculpa para falarmos e promovermos outras espécies. E este ano, voltamos a uma da nossas plantas preferidas: a arruda.

A associação é um pouco-forçada, reconhecemos, mas tem uma razão de ser. A arruda, à semelhança do Carnaval,  tem reconhecida carga simbólica  e é uma planta mistica para muitos,   indispensável para afastar o mau-ollhado ou a inveja, sendo por outros ainda conhecida com a erva-das-bruxas.

É bem provável que nos actuais festejos de Carnaval se cruzem reminiscências de diversas tradições com significados e antiguidades diferentes. Desde as festas em honra de Dionisio na Grécia, a Baco na Roma Antiga passando pelos rituais de fertilidade das primeiras comunidades agrárias, o mais provável é todas elas terem contribuido para a actual configuração dass festas de "Adeus à Carne" (carnem levarem), que hoje comemoramos pelo segundo dia.

O enfoque de que mais gostamos é possivelmente o que os mascarados de Lazarim (Lamego) e os caretos de Podence (Bragança) mantêm ainda hoje vivo e que, não há muitos anos marcava o Entrudo na grande parte das nossas comunidades rurais, longe dos actuais desfiles e corsos inspirados nas tradições originadas em Paris no século XIX e que têm hoje no Brasil um expoente. 

Eram os rituais de celebração do fim do Inverno, da preparação da Primavera e das novas colheitas, em que aos jovens mascarados de figuras  diabólicas todos os excessos e tropelias eram permitidas, porque o início de um novo ciclo de fecundidade se aproximava e era preciso afastar o que de velho ainda subsistia.

Essas festas agrárias foram entretanto confinadas pela Igreja aos três dias anteriores ao início da quaresma, a qual se inicia sempre na quarta-feira de cinzas, 47 dias antes do Dia de Páscoa. Como o Dia de Páscoa é uma celebração móvel (determinada todos os anos  pela mesma regra: primeiro Domingo após a primeira lua-cheia que se observar depois do equinócio de Primavera, o qual no hemisfério Norte ocorre a 21 de Março. Este ano a Páscoa será pois a 5 de Abril), temos que também os três dias de Carnaval são móveis. 


E há que aproveitar, pois o Entrudo (entroito, em latim, entrada), são os três dias reservados aos excessos que podem anteceder a entrada nos 40 dias da quaresma  - Um período em que todos os crentes são convidados à frugalidade e reflexão, condição essencial para celebrar condignamente o sofrimento de Cristo que se relembra na Semana-Santa.

Mas a época que agora se inicia tem ainda mais relações com as plantas que nos rodeiam. Quarta-feira de cinzas, dia18 de Fevereiro, assinala como diziamos o início da Quaresma. E é por ser de cinzas que em muitas localidades de Portugal é ainda tradição queimar os ramos utilizados no dia de Ramos do ano anterior (de oliveira, rosmaninho, alecrim, etc). E com as cinzas, humedecidas com àgua benta, o celebrante marca nos fiéis o sinal da cruz relembrando o quão efémeros somos: "lembra-te que és pó e ao pó voltarás".

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Semear é preciso!


Ao contrário do que muitos pensam semear não é uma arte esotérica de resultados improváveis. Depende, é certo, da reunião de alguns factores, mas sendo as sementes viáveis, fazê-las germinar pode estar ao alcance de qualquer um de nós.

Claro que há espécies cujas sementes exigem processos mais "elaborados" - que  normalmente mais nao fazem do que simular o que acontece na Natureza, como períodos a baixas temperaturas ou desgaste do caroço. Porém, para a grande maioria das espécies, não o é!

E isto serve para as nossas sementes de espécies autóctones como para quaisquer outras, sejam elas vegetais, árvores ou horticolas.  Ajudar a desmistificar o processo de germinação é também uma das nossas propostas e se depois deste post houver uma pessoa que decida por as mãos na terra ja ficamos contentes. Afinal, há 10.000 anos que o Homem começou a semear e não são 50 anos de discutível urbanização que nos vão convencer de que é uma actividade só para especialistas.

Apesar de estarmos em pleno Inverno, basta o parapeito de uma janela ao sol  ou uma pequena estufa para começar a pensar em semear. 

Escolhidas as espécies que queremos germinar, um pequeno tabuleiro de alumínio (como os que trazemos dos take-way) com 3 ou 4 furos é o suficiente. O substracto pode ser um qualquer, sendo aconselhável o de uso universal. Uma vez espalhadas as sementes basta pulverizar com água e garantir que o sol vai proporcionar temperatura ambiente a rondar os 20 graus Cº. Depois é só esperar e ir vendo se é necessário humeder mais um pouco. Em duas a tês semanas nascerão as primeiras plântulas!

Nas fotos acima experimentamos a germinação de sementes de murta. Não é segredo que é uma das nossas favoritas mas  como estamos a 14 dias dos Dia dos namorados pode ser a planta perfeita. Como escrevemos aqui, a murta era a planta que os nossos antepassados romanos consagravam a Vénus, a Deusa do Amor.