segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Feira de Jardinagem de Primavera




Vai decorrer já no próximo fim de semana, Sábado dia 4 de Março, entre as 11.00 e as 16.00, em Silves na Quinta da Figueirinha, a Feira de Jardinagem de Primavera da Associação de Jardinagem em climas mediterranicos de Portugal, este ano dedicada  ao tema dos Jardins comestíveis.

No nosso país existem tão poucas feiras de jardinagem que qualquer uma merece ser destacada, mas esta, à semelhança de todas as anteriores edições, apresenta motivos acrescidos para ser visitada.

Desde logo por se realizar na Quinta da Figueirinha, um quinta de agricultura biológica e espaço de Turismo Rural que os seus proprietários,  Gerhard Zabel and Uta Zabel, têm vindo a fazer crescer desde 1988 e que além de pomares conta com diversos jardins temáticos.

Esta edição de Primavera terá a presença de 11 viveiristas, 6 dos quais novos, e tem previstas diversas palestras das quais destacamos a de Jean-Paul Brigand sobre fruteiras e a de Fernanda Botelho  sobre Ervas aromáticas e medicinais do nosso país, 

Um outro momento alto será certamente a inauguração do jardim botânico de flora autóctone do Barrocal Algarvio, o qual tem ocupado intensamente a Associação nos últimos meses. Na proxima semana contamos partilhar detalhes sobre este projecto!

Por fim a referência que as nossas sementes estarão disponíveis, a preços especiais de feira, como habitualmente na banca dos livros da MGA.

O programa completo pode ser consultado AQUI e a forma de lá chegar AQUI.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Medronheiro


Tendo por mote o que partilhámos no nosso último post, de Raduar Nassan, aqui está um bom exemplo de uma espécie que não pode ser semeada a pensar exclusivamente nos frutos. A recompensa vem muito antes deles e o prazer  que se obtém a fazer germinar e crescer um medronheiro já é, por si só, impagável!

De qualquer das formas não há outra hipótese de os obter, pelo que a desejá-los o melhor é começar o quanto antes e esperar pacientemente pela 6 a 10 anos que esta pequena àrvore demorará a dar os primeiros frutos.

Da família das Ericaceas, a mesma das urzes e das camarinhas, o medronheiro é possivelmente a árvore de pequeno porte mais emblemática do nosso país podendo ser encontrada de Norte a Sul tanto nas regiões de clima mediterrânico como de influência mais Atlântica. Tem preferência por solos frescos e com alguma profundidade e é relativamente fácil encontrá-los em bosques nativos de sobreiros, carvalhos ou simplesmente de matos mediterrânicos.

Hoje o interesse sobre esta espécie é redobrado -  não só pelos frutos para consumo, frescos e desidratados, mas também pela mais valia económica da  aguardente produzida  a partir da sua fermentação, mas a sua utilização é ancestral e faz parte do património etnobotânico de um sem numero de localidades e regiões de Portugal.

A titulo de exemplo no que respeita ás utilizações medicinais referimos a infusão das suas raízes utilizada no tratamento de doenças venéreas como a Sifilis. Porém são muitas mais as suas indicações como refere AQUI  a Fernanda Botelho que nos lembra que "ainda hoje se utiliza para tratar infecções do aparelho urinário, pois tem uma acção bastante adstringente e anti-séptica sobre as vias urinárias, tornando-se útil em casos de cistites e uterites, mas também limpeza do sangue, diarreias, desinteria, para infecções da boca e da garganta, gargarejar com uma infusão feita com as folhas frescas ou secas."

Mas se fazer compotas, produzir aguardente e utilizar medicinalmente já são motivos mais do que suficientes para ter um medronheiro por perto, o seu lado estético e o facto de ajudar na criação de um ecossistema mais composto no jardim, fazem do Medronheiro uma das espécies essenciais da nossa flora.

E é tanto assim que garantimos a boa capacidade germinativa das sementes que comercializamos. Uma garantia que comporta inúmeros riscos mas que é amplamente compensada pela recompensa de ajudar todos aqueles que o pretendem a germinar pelos seus próprios meios os medronheiros que um dia gostarão de ver ao pé de si!

Na nossa loja on-line disponibilizamos mais informação sobre esta incrível espécie da nossa flora nativa: https://sementesdeportugal.pt/loja/medronheiro/



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Prémio Camões 2016 - Raduan Nassar



Raduan Nassar, Prémio Camões 2016

Não fossemos nós totalmente ignorantes e já em 31 de Maio deste ano tínhamos publicado sobre a atribuição a Raduan Nassar do prémio Camões 2016, o mais importante galardão da literatura Portuguesa atribuído desde 1989 e pela primeira vez a Miguel Torga.

Porém, como somos ignorantes, foi apenas pela mão do nosso amigo Filipe Palma, do Algarve, que ficámos hoje a saber que a cerimónia de entrega do Prémio ao escritor decorrerá hoje, 17 de Fevereiro, na cidade de S. Paulo, conforme a noticia da RTP AQUI. 

Pode-se não saber absolutamente nada sobre Raduan, mas hoje qualquer barra de pesquisa devolve o essencial sobre este escritor. Um Homem nascido em 1935, descendente de libaneses, que escreveu apenas 3 livros e que logo no primeiro, que escreve aos 40 anos em 1975, "Lavoura Arcaica", consegue esculpir isto em Português:
"

" É egoísmo, próprio de imaturos, pensar só nos frutos, quando se planta; a colheita não é a melhor recompensa para quem semeia; já somos bastante gratificados pelo sentido de nossas vidas, quando plantamos, já temos nosso galardão só em fruir o tempo largo da gestação, já é um bem que transferimos, se transferimos a espera para gerações futuras, pois há um gozo intenso na própria fé, assim como há calor na quietude da ave que choca os ovos no seu ninho. E pode haver tanta vida na semente, e tanta fé nas mãos do semeador, que é um milagre sublime que grãos espalhados há milênios, embora sem germinar, ainda não morreram."

O livro foi recentemente editado em Portugal pela Companhia das Letras pelo que não deverá er difícil encontrá-lo!

sábado, 11 de fevereiro de 2017

NASSTEC - 3º Encontro Anual em Córdoba


Decorreu em Córdoba, Espanha, na passada semana e de 1 a 3 de Fevereiro, o 3º Encontro anual da rede NASSTEC, um consórcio financiado por fundos europeus e que junta empresas produtoras de sementes silvestres europeias e 11 investigadores com o objectivo de desenvolver na Europa a produção de sementes de flora silvestre de qualidade. Um sector que urge desenvolver, sobretudo se comparado com a realidade dos EUA e que  terá de dar resposta a uma procura que crescerá substancialmente nos próximos anos.

Organizado pela Semilllas Silvestres, empresa de referencia na península ibérica, que conta com 25 anos de experiência e que desde sempre tem sido inspiradora do nosso próprio projecto, tivemos o privilégio de assistir às conferências públicas que decorreram no dia 2 e durante as quais podemos contactar com as inúmeras iniciativas que, numa perspectiva multidisciplinar, requerem a utilização de sementes de flora silvestre de qualidade.

Dos diversos trabalhos apresentados salientamos  o apresentado por J.Cortina, da Universidade de Alicante, só o "uso de espécies nativas na recuperação ecológica em clima mediterranico"; O projecto Life "Olivais Vivos", liderado pela Sociedade Espanhola de Ornitologia, e que na Andaluzia procura recuperar os cobertos vegetais dos extensos olivais com o objectivo de aumentar a sua bio-diversidade; Os projectos de arquitectura paisagística utilizando prados de flores silvestres e, por fim uma interessante apresentação de Lorena Escuer, da empresa Hidrobiology sobre o controlo de pragas em espaços verdes recorrendo aos insectos auxiliares bem como à flora silvestre que a eles é necessária. Uma alternativa que se impõe com urgência face à crescente necessidade, e imediata - diriamos nós,  de  eliminar o uso de pesticidas.



domingo, 5 de fevereiro de 2017

Recomeçar depois dos Incêndios em Monchique


Pode não se acreditar mas foi apenas há cerca de 5 meses, no início de Setembro de 2016, que um violento incêndio deflagrou em Monchique destruindo perto de 4000 hectares de "floresta". Um incêndio de origem claramente criminosa mas que só ganhou aquelas proporções pela abusiva monocultura do eucalipto de que aquela serra padece. Nada que não se saiba há muito, mas ainda assim uma tragédia insuficiente para arrepiar o caminho seguido nas últimas décadas.

Depois de, a quente e  no rescaldo dos fogos, mais um lote de promessas nos ter sido feito de que era desta que a floresta portuguesa iria ser gerida estrategicamente, ainda muito recentemente governo e industria exibiam a sua sintonia nas politicas necessárias para fazer crescer o sector o que, fruto da generosa pluviosidade que ali ocorre, condenam a serra de Monchique a ser considerada uma área de elevada produtividade. Uma industria que, bem apoiada, continua a sua campanha de teor "ecológico" para nos convencer de que não há razão absolutamente nenhuma para Portugal ter uma área tão grande de" matos improdutivos".

Dito isto e esclarecidos que estamos sobre a nossa frágil memoria e de como serão, infelizmente, os Verões dos próximos anos em boa parte do país, vamos ao que interessa!

E o que interessa é que, apesar de tudo, continua a haver a possibilidade de não baixar braços, de não desistir e de recomeçar! O projecto Futuro no Porto e a renaturalização do geo-sítio das arribas fosseis da praia do Telheiro, de que escrevemos AQUI e AQUI são exemplo disso, Porém, dos muitos exemplos que certamente estão a acontecer, muitos dos quais nem sequer conhecemos, um, que nos enche de orgulho por com ele colaborarmos, é o que um casal de humanos estão a fazer em 2,5 hectares de terraços da serra de Monchique.

Depois de conhecerem uma parte significativa do mundo e de terem vivido em diferentes países, foi em Monchique que há alguns anos atrás o Rustom e a Tamasin decidiram viver e, a partir daqui, desenvolver um pequeno negócio de comercialização de mel português para o mundo  inteiro: Wild About Honey! Poderiam ter escolhido outro sítio  -  e é bem possível que existam centenas de sítios em todo o Mediterrâneo igualmente  agradáveis para viver, mas foi ali que escolheram viver. Ou, se preferirmos, foi ali que a terra os escolheu e lhes pediu para ficar.

É que para nós, o mérito é  todo daquela serra, que depois de tão maltratada percebe claramente que, não conseguindo expulsar quem a explora, precisa  urgentemente de seduzir e reter gente que a possa ajudar. 

Depois dos incêndios de Setembro passado, o Rustom e a Tamasin poderiam simplesmente ter escolhido partir, até porque nem são proprietários daquele espaço. Seria muito mais fácil e certamente muito menos trabalhoso e frustrante. Mas não. Decidiram recomeçar e estão desde então de mangas arregaçadas e ao seu ritmo a procurar devolver novas e brilhantes Primaveras aqueles 2,5 hectares de terraços. 

Para nossa grande satisfação temos o privilégio de poder colaborar com eles no  seu repovoamento, tendo fornecido misturas de sementes de flores e arbustos silvestres, muitas delas colhidas naquela mesma região nos meses que antecederam os incêndios.

Porém, o que verdadeiramente nos deixa mesmo felizes é ver que na hora de gostar desta terra, a nacionalidade inscrita no cartão de identificação é totalmente irrelevante! 

Ao Rustom e à Tamasin o nosso obrigado por ficarem e persistirem nesta terra que é obviamente vossa!