segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

2019: Sementes de Portugal em revista


Pelo 6º ano consecutivo aproveitamos os últimos dias do ano civil para nos forçarmos a fazer um balanço da nossa actividade durante o ano que passou. 

Normalmente fugimos tanto do acto de planear como do de avaliar. Se no primeiro caso é sempre um erro que se paga caro mais à frente, no segundo é muito provavelmente uma injustiça que fazemos a nós mesmos - como a nossa memória é cada vez mais curta, o mais certo é esquecermos-nos de muitas das coisas para onde canalizámos a nossa energia e ficamos com uma percepção de que nada de substancial fizemos! 

Como não somos muito diferentes dos demais mortais, forçamos-nos ao exercício e sintetizamos 2019 numa imagem onde cabem muitas outras  De todas elas salientamos o workshop de Noel Kingsbury no jardim botânico da Ajuda em Março e a nossa participação, em conjunto com a Sigmetum, na ExpoJardim de Lisboa. Em Abril a conferência de Primavera de Jardinagem em climas mediterrânicos, que contou com a presença de Olivier Philippi e James Basson, foi seguramente um dos momentos mais altos de 2019. 

Maio ficou marcado pela campanha decrowd-founding da Milvoz, à qual nos associámos como parceiros, e cujo sucesso permitiu ultrapassou as melhores expectativas. Hoje, a bio-reserva da Senhora da Alegria é uma realidade, provando que a nossa sociedade civil é hoje muito mais capaz!

Ao nível das saídas de campo referenciamos em Fevereiro os campos floridos de lírios e narcisos das terras de Sicó e a subida ás terras altas de Paredes de Coura -área de paisagem protegida de corno-de-bico. O barrocal Algarvio, na Fonte da Benémola em Loulé, que visitámos no inicio do Verão e as paisagens Outonais da Serra de S. Mamede durante o mês de Novembro, merecem igualmente o nosso destaque.

Repomos ainda em memória que ao nível do Catálogo Geral adicionámos 11 novas espécies, num total de 374, e que ao nível dos prados floridos e das misturas apícolas aperfeiçoámos a composição das mesmas distinguindo misturas de espécies perenes de anuais.

Terminamos por fim referindo o mais importante: Nada do que acima descrevemos teria sido possível sem o apoio vital dos nossos clientes que ao longo de 2019 financiaram a nossa actividade através das suas compras. A todos eles o nosso MUITO OBRIGADO!


sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Plantas Medicinais & Comestíveis da Flora Silvestre - Agenda 2020


Ao contrário de muitos outros países europeus onde a horticultura tem raízes profundas, em Portugal o gosto pelas plantas foi durante muito (demasiado) tempo um interesse pouco mais do que bizarro quase confinado aos departamentos de botânica do nosso país. E não era por o nosso povo não ter estabelecido proveitosas relações com as plantas que nos rodeiam. Pelo contrário. De forma talvez simplista, diríamos que as décadas de 80 e 90, sobretudo,  assistiram a uma desvalorização de tudo o que pudesse estar relacionado com o campo e a Terra.

Felizmente, ao longo dos últimos 10 anos podemos dizer que o interesse em resgatar conhecimentos antigos e preciosos tem crescido de forma inequívoca!  E neste movimento, no qual nos gostamos de incluir, o papel de divulgadores que de forma apelativa conseguem fazer a ponte entre a academia e outras fontes de saber em matéria de flora, é vital.

A Fernanda Botelho, https://malvasilvestre.blogspot.com/, de quem temos o privilégio de sermos amigos, é  inequivocamente em Portugal  a maior e melhor divulgadora das muitas potencialidades e qualidades das plantas. Seja ao nível medicinal e alimentar - no fundo muitos compostos químicos benéficos para a nossa saúde já são sintetizados de forma natural em muitas espécies!, mas também ecológico dada a sua  importância no fornecimento de alimento a um sem número de formas de vida.

Ao longo dos últimos 10 anos foram muitas as publicações da Fernanda Botelho - Desde agendas e livros infantis, passando por livros focados no tema das plantas e da Saúde. Mas se isto já seria muito, a presença regular quer em programas de televisão quer em actividades de divulgação em escolas de Norte a Sul do país, fazem-nos morrer de inveja pela sua inesgotável energia e paixão.

A agenda do próximo ano 2020 tem por tema as plantas medicinais e comestíveis da nossa flora Silvestre, um tema escolhido no contexto dos muitos movimentos que um pouco por todo o lado se insurgem contra a aplicação generalizada e sem qualquer critério lógico de herbicidas para "controlo de ervas daninhas". Um dos textos de introdução é da nossa autoria e nele, tal como os  elaborados pelos biólogos Fernando Neves de Sousa e Ivo Meco, procuramos desmistificar essa expressão tão redutora que é a de apelidar de "daninhas" um sem numero de espécies que poderíamos usufruir de forma vantajosa e mais sofisticada. 


Além de fichas sobre 53 espécies, entre as quais a malva-real, o cardo-mariano ou o funcho, para dar alguns exemplos, a agenda tem uma secção final com receitas culinárias e belíssimas fotos! OK, é verdade que quase não dá vontade de escrever nela de tão bonita que é! Mas numa altura em que quase toda a nossa vida está em formato digital algures em tablets e telemóveis, os factos mais relevantes das nossas existências merecem serem planeados de forma analógica. E este é melhor suporte em papel!

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Sementes de Portugal: 6º Aniversário!


As Sementes de Portugal assinalam hoje o seu 6º aniversário! 6 anos dedicados à promoção da flora silvestre do nosso país e totalmente focados numa missão: Oferecer a todos os que pretendiam e não encontravam, sementes das espécies mais emblemáticas da nossa flora! Para que tenhamos bosques e jardins cada vez mais  sustentáveis, resilientes e com maior biodiversidade! A todos os que nos seguem e, sobretudo, a todos os Clientes que ao longo destes anos sustentaram a nossa existência adquirindo-nos sementes: O NOSSO MUITO OBRIGADO! 

Nota - Em 24 de Outubro de 2013 publicámos o nosso primeiro post. AQUI.   Poderia ter sido escrito hoje e permaneceria perfeitamente actual!

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Novos Prados Floridos e Misturas apícolas


Há quatro anos  disponibilizámos pela primeira vez misturas de sementes de flora silvestre tendo em vista responder a uma lacuna que claramente existia no nosso país. Como escrevíamos na altura quem pretendesse ter uma solução diferente de um relvado verde, monótono e sempre aparado,  exigente em regas e em manutenção, dificilmente encontraria uma alternativa. E quando encontrava, o mais provável seria  encontrar misturas de espécies cuja grande maioria nem ocorre no nosso país. 

Beneficiando da experiência dos últimos 4 anos, aperfeiçoámos a composição dos diferentes tipos de misturas e neste Outono disponibilizamos as novas composições na nossa loja ONLINE. AQUI:

 - Prado Baixo
 - Prado Médio - espécies anuais
 - Prado médio - espécies perenes
 - Prado para solos arenosos do Litoral 

 - Mistura apícola & Insectos polinizadores - solos férteis e húmidos (na sua maioria espécies anuais)
 - Mistura apícola & Insectos polinizadores -  - solos secos ( na sua maioria perenes e arbustivas)

Todas as composições, de acordo com os diferentes propósitos, possuem diferentes proporções de gramíneas e de espécies de flores. Em todos os casos são composições desenhadas para garantir um período de floração o mais alargado possível proporcionando alimento para insectos e pequenos pássaros e, consequentemente espaços mais sustentáveis e com maior biodiversidade.




terça-feira, 1 de outubro de 2019

Catálogos de sementes de flora autóctone 2019-2020

Novo Catálogo Geral 2019-2020:  AQUI

Para quem semeia Outubro marca o início do ano e de um novo ciclo. É pois a altura indicada para publicar os nossos catálogos com as sementes que colhemos ao longo do último ano.

Este é o sétimo ano que o fazemos desde que aceitámos o desafio de acreditar que em Portugal, à semelhança do resto da Europa, haveria espaço para uma pequena empresa exclusivamente dedicada ás sementes da flora silvestre que ocorre em Portugal.

Na edição que hoje publicamos estão disponíveis sementes de 374 espécies. Face ao último catálogo de 2018, retirámos cerca de 30 espécies ( que pelas mais variadas razões não conseguimos colher) e adicionámos 11 novas espécies.

O catálogo não tem qualquer pretensão cientifica e organiza de forma simples as espécies pelos seus nomes científicos em categorias que são facilmente apreendidas pela maioria das pessoas que se interessam pela nossa flora. Está dividido nos seguintes capitulos:

Árvores - 44 espécies, tendo sido retirada uma- Pinus sylvestris,
Arbustos e sub-arbustos - 73 espécies - foram retiradas duas e voltámos a incluir a carqueja; 
Trepadeiras - 16 espécies - Adicionámos a última das madressilvas que nos faltava, a Lonicera implexa;
Herbáceas - 196 espécies - Saíram cerca de 30 espécies e adicionámos 7 novas: Polygonatum odoratum ( selo-de-salomão), Campanula rapunculus, Carthamus tinctorius e a Verbena Officinalis, mais interessantes do ponto de vista estético bem como duas que fazem parte da nossa etnobotânica: Saramagos e beldroegas.
Gramíneas - 24 espécies 
Alhos e bolbos - 21 espécies - Tendo sido adicionadas duas das espécies que para nós têm um enorme potencial ornamenta: Iris xiphium lusitanica e Gynandriris sisyrinchium.

A nossa missão, por peregrina que pareça a muitos, continua a ser a mesma: disponibilizar a todos os que o pretendam, sementes do maior número possível de espécies autóctones que ocorrem no nosso país. Germinar sementes é a melhor maneira de ter por perto as espécies silvestres que, seja qual for a razão que nos mover, quisermos ter por perto!

Terminamos por fim e como já vem sendo nosso hábito com duas referências da maior importância. A primeira, de agradecimento a todos aqueles que nos têm ajudado a trazer á luz do dia este projecto e que das mais variadas formas ajudaram a consolidar este catálogo geral. A segunda, de apelo ao feed-back que qualquer um considere relevante enviar-nos. Todos os comentários, sugestões e criticas, são bem vindos. E essenciais para nós!

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Outono: Chegou o tempo de semear!


Depois de um Verão que se estendeu quase até ao último dia a que tinha direito, o Outono já se começa lentamente a instalar. Oficialmente o Equinócio de Outono de 2019 ocorrerá segunda-feira, dia 23 de Setembro, pelas 8.50 da manhã e aos poucos os dias mornos de tons quentes, com menos luz de dia para dia, acompanhar-nos-ão nos próximos 3 meses até ao Solstício de Inverno no dia 22 de Dezembro. Para muitos é considerada uma estação triste de dias chuvosos. Erradamente! O Outono é a segunda Primavera do ano, e no hemisfério norte, onde nos situamos, é o reinicio do ciclo da Natureza que nos rodeia e da qual fazemos parte. Visto com os olhos certos é a oportunidade para, de forma mais serena, recomeçar e decidir o que queremos para o período de expansão que nos será oferecido na próxima Primavera de 2020 bem como dos frutos que queremos colher no Verão de 2020! E se isto serve para quase tudo, serve sobretudo para todos aqueles que este ano decidirão regressar à terra e ao Jardim! Reunidas as condições perfeitas de temperatura e humidade, damos as boas vindas a mais uma gloriosa época das chuvas. Chegou o tempo de semear hortas e jardins. Mais sustentáveis, com mais biodiversidade e com as espécies mais emblemáticas da nossa flora silvestre!


segunda-feira, 29 de julho de 2019

Homenagem ao Mestre José Salgueiro


A nossa homenagem e o nosso Obrigado ao mestre José Salgueiro cujo corpo faleceu ontem dia 28 de Julho! O sopro vital que o animou durante mais de 100 anos não morreu e dará certamente lugar a outras formas e outros feitios aqui ou noutro lugar qualquer. Mas, mesmo que assim não fosse, ficava a certeza de que a energia, amor e generosidade com que viveu a sua longa vida continuarão a inspirar todos aqueles ( e foram imensos) que tiveram o privilégio de o conhecer. Um espírito assim, fecundo, nunca morre! Resta-nos também a enorme satisfação de ter sido amplamente homenageado em vida e de nos últimos 20 anos, muito pela mão da Marca -Associação Desenvolvimento Local, o seu saber e experiência terem sido devidamente salvaguardados para o Futuro!

Nota - Evidentemente obra do acaso, mas é de anotar que em Portugal 28 de Julho é o Dia dedicado à conservação da Natureza!

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Verão: Tempo de Colher e Preparar


Às 16h54 minutos de hoje assinala-se o inicio oficial do Verão no hemisfério Norte. Nesse momento, em que ocorre o  Solstício, o nosso planeta, na órbita que percorre ao longo do ano em torno do sol, receberá a luz solar que incide sobre a linha do equador com a máxima declinação. O que na prática será percebido por nós como o ponto em que o Sol atingirá a altura máxima, proporcionando em consequência o dia com a maior duração do ano: cerca de 14h53m , quase 15 horas!

Curiosamente, apesar de associarmos o Verão aos dias longos, a realidade é que a partir de hoje a duração dos dias irá diminuir, todos os dias!, um bocadinho até que igualará a duração da noite daqui a 3 meses em 23 de Setembro, momento que o dia e a noite terão a duração de 12 horas (Equinócio!). 

Muitas das festas populares de Junho, como os Santos e sobretudo o S. João, são na realidade festas ancestrais de celebração das colheitas, que normalmente se faziam e fazem por estas alturas da trajectória em volta do Sol. É um facto que hoje em dia, em que a grande maior parte de nós vive em ambiente urbano e desempenha actividades que não relacionam com a agricultura, temos tendência a pensar que o Verão é apenas a melhor altura de ir à praia, passear e descansar. Porém, sendo certo que também o é, o Verão é sobretudo o tempo para colher o que se semeou desde o Outono. E, acto continuo, começar a preparar o reinicio do próximo ciclo que será possível a partir do próximo Outono. A fábula da formiga e da cigarra atesta isso mesmo- pode-se descansar e tocar guitarra mas convém não esquecer que o Verão é estação de trabalho árduo!

E para nós será isso mesmo: A estação das colheitas em que já estamos a colher as sementes das espécies mais emblemáticas da nossa flora que poderão ser semeadas a partir de Outubro! Daí que nestes próximos 3 meses, mais do que falar em semear, iremos partilhar e colocar a nossa atenção nas sementes!

Não se pense porém que agora a Natureza só tem sementes para colher! Os seus ritmos apurados não permitem "colocar todos os ovos no mesmo cesto" e continuará a ser possível usufruir da beleza de muitas espécies que se foram programado para florir no Verão. Serão em menor numero, mas existem! Também iremos partilhar sobre elas. Seja nas zonas litorais da costa, seja nas zonas húmidas, há espécies incríveis que prolongarão a Primavera até ao final de Agosto! 

Na realidade, apesar de cada estação ter uma tónica dominante, se analisarmos com atenção em todas elas podemos observar sinais das restantes. No limite há tempo para Semear, Descansar, Usufruir e Colher em todas elas. E se analisarmos com mais detalhe o mesmo podemos observar na duração de um dia qualquer, seja ele de Primavera, de Verão de Outono ou de Inverno e o importante é perceber a tónica de cada momento para que os dias, meses, estações e anos sejam vividos da forma harmoniosa que todos ambicionamos!

A todos os que nos seguem os votos de um bom Verão: A descansar, a Usufruir mas sobretudo a Colher pensando já em Semear!



quarta-feira, 12 de junho de 2019

Loendros das ribeiras algarvias



Se é um facto que a Primavera começa mais cedo no Algarve, o Verão também lhe segue as pisadas e o início de Junho já é marcado pelas cores mais ocres e douradas dos campos do Sul. 

Porém no meio da secura algarvia, quando ainda a Primavera vai a meio no Alto-minho, há, no interior do barrocal Algarvio, autênticos oásis de frescura como é o caso da área protegida Fonte da Benémola, perto de Querença-Loulé. Se motivos faltassem para uma visita - que não faltam!, ver os loendros em flor nas margens da ribeira justificam plenamente a viagem. 

Esta espécie (Nerium oleander), que na realidade é autóctone das margens das ribeiras do Sul do país, paga hoje na jardinagem um preço alto por ser pouco exigente, muito adaptável e de prolongada e generosa floração. 

Como não é exigente instalaram-na em tudo o que era auto-estrada e hoje para muitos é a banal flor das auto-estradas. 

Como tem floração prolongada nos meses de Verão desdobraram-na em dezenas de cultivares das mais diversas cores para facilitar o trabalho de jardineiros que gostam de dar, sem grandes esforços, aspectos tutti-fruti aos jardins que cuidam(neste particular, no Algarve loendros e buganvílias das cores mais diversas têm sido  a melhor forma de colmatar a falta de imaginação!). 

Entretanto e em sinal da falta de gratidão humana descobriram que toda a planta tem compostos potencialmente tóxicos para a nossa espécie, havendo hoje quem dedique energias a defender a sua eliminação do espaço público (Como se fosse normal e frequente alguém andar a ruminar folhas e flores de loendros!!) 
Dito isto, o Loendro é evidentemente uma espécie a ter por perto. Se possível sem exageros e nas cores originais em lugar fresco tendo por companhia freixos e amieiros. Porém, se tal não for possível, deve sempre ter-se um loendro por perto. Mais não seja para lembrar que às vezes adaptabilidade e generosidade a mais se saldam sempre  aos olhos dos outros em vulgaridade!

domingo, 2 de junho de 2019

Preservar um bosque perfeito em Coimbra - Campanha de angariação de fundos




Nas Sementes de Portugal passamos uma boa parte do tempo a promover as muitas potencialidades do uso da flora nativa em jardins mais sustentáveis e em bosques com mais biodiversidade. Mas quando tudo isso já existe, apurado ao longo dos tempos pela Natureza, disponível e em equilíbrio, a MELHOR E ÚNICA COISA A FAZER É....PRESERVAR! E é isso que a MilVoz - Associação de Protecção e Conservação da Natureza, se propõe fazer: Preservar um Bosque perfeito que já existe nos arredores de Coimbra, adquirindo-o, e a partir dele expandir o seu ecossistema. A campanha de angariação de fundos está em curso e dos 3000 Euros necessários já se angariou 42%. Basta seguir o link - https://ppl.pt/node/663786 e contribuir com o que se puder.

Nota 1 - No nosso país, onde os serviços responsáveis consideram que 95% do território é apto para a instalação da monocultura do Eucalipto, a existência de micro-reservas de iniciativa privada assume uma importância fundamental e crescente para preservar o pouco que ainda resta. No futuro, seja por obsolescência da indústria do Eucalipto, seja pelas alterações climáticas, será a partir delas que imensas áreas degradadas e empobrecidas de território poderão ser repovoadas com espécies nativas. Já existem algumas, como as do Projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto, do Cabeço Santo ou da Montis, mas são uma gota de água no imenso território que vai do rio Lima ao Algarve. A sua multiplicação será sempre a melhor notícia!

Nota 2 - Assinala-se hoje o dia da Espiga, uma tradição que fecha com chave de ouro um vibrante e glorioso mês de Maio em que a Natureza voltou a não falhar. Um dia outrora importantíssimo, de descanso obrigatório, em que num ramo de folhas de videira, malmequeres, espigas, oliveira e alecrim se renovava a esperança de que nunca faltasse alimento. E Hoje, mais que um simbólico ramo de dia da espiga, é possível contribuir para que algo de muito concreto possa ser feito! Aqui: https://ppl.pt/node/663786

(texto inicialmente publicado no FB dia 20/5/2019)

quinta-feira, 9 de maio de 2019

As sementes de Portugal estão no Cromeleque dos Almendres


Até 1964, ano em que Henrique Leonor Pina (1930-2018) o identifica e lhe reconhece a importância (https://www.facebook.com/Prof.Galopim/posts/1833635956942918) o recinto megalítico dos Almendres era um amontoado de pedras graníticas coberto de mato, conhecido peloss pastores locais como o Alto das Pedras Talhas.

Hoje, pouco mais de 50 anos passados, apesar dos muitos enigmas que ainda encerra, as investigações efectuadas nos anos 80 e 90 permitem-nos afirmar agora com segurança que é um dos mais importantes e antigos  conjuntos megalíticos da Europa-cujo Dia, curiosamente, se assinala hoje, dia 9 de Maio! Uma construção se iniciou há cerca de 7500 anos atrás, quando os nossos ancestrais se começaram a estabelecer em comunidades agro-pastoris e que ali se reuniam para celebrar em comunidade eventos maiores como os solstícios e os equinócios. Se quisermos ser justos, Almendres é verdadeiramente uma das primeiras catedrais do Ocidente! De Engenharia rudimentar, se comparada com a dos dias de hoje, mas com o mesmo propósito: a de construir um espaço de relação com o transcendente.

Para termos uma ideia da importância e antiguidade deste local, Stonehenge , um dos monumentos ingleses mais conhecidos no mundo, tem apenas 3000 anos. É certo também que há 7500 anos o Egipto já construia pirâmides e alcançava  níveis de sofisticação inegavelmente mais avançados. Porém, para nós e para a Europa no seu todo, estão ali as raízes do processo civilizacional que,com muitas outras voltas, desaguou nos dias de hoje e do qual hoje somos, tenhamos consciência disso ou não, os herdeiros directos.

É um facto que expressões como "megaliticos", "menires", "cromeleques"e "antas"  não são das mais amigas do conhecimento geral. O que para muitos só ajuda a justificar o desinteresse e a resumir em 3 minutos aquele locais, outrora sagrados e plenos de simbolismo, a um conjunto de pedras sem nada de mais, eventualmente construído por extra-terrestres. O que é evidentemente uma pena pela pobreza a que conduz quem assim pensa.

Alterar essa pobre percepção de muitos é pois o desafio dos dias de hoje. E não há assim muitas maneiras de o fazer com sucesso. Uma de que gostamos é a de reconhecer e que aquilo foi feito por gente como nós e da qual descendemos. Avós de carne e osso, desconhecidos de  há 375 gerações atrás, que não sabendo metade do que sabemos hoje, com muito menos recursos do que nós e que eram velhos doentes aos 40 anos. Imaginar que sonhos, medos e paixões os moviam. E que apesar das enormes dificuldades de sobrevivência,  se relacionavam com os elementos, com a Natureza, com o Sol, As Luas, As Plantas, a Noite e o Dia. Atribuindo-lhe significado e  dedicando-lhe energias conjuntas para arrastar e erigir pedras de enormes dimensões. Para si e para os que viessem a seguir, pois sabiam de fonte segura que também morreriam e um dia deixariam com tristeza e lamentos esta vida. 

A Outra maneira incomensuravelmente mais trabalhosa mas muito mais eficaz, é fazer o que o Mário Carvalho e o João Pinto fizeram em Guadalupe, Évora: Construir o Centro Interpretativo dos Almendres - Turismo e Natureza. Um espaço que abriu recentemente e que preenche de forma TOTAL a enorme lacuna que até aqui existia. TOTAL porque a partir de um espaço com arquitectura e design irrepreensíveis descomplicam o tema e oferecem a todos os visitantes a possibilidade de compreender os valores mais importantes daqueles lugares : o património construído, a fauna e a flora do montado- o sistema de exploração agro-florestal do mundo! Com possibilidade de visitas e percursos guiados; e um parque de merendas onde alem de mesas para pic-nics se podem ver 12 completos painéis informativos de grandes dimensões.

Pode-se sempre dizer que algo assim vem tarde. Vem! Mas vem muito bem feito. E para nós é um orgulho enorme estarmos junto deste projecto desde o seu primeiro momento, com uma selecção das espécies mais emblemáticas do montado. De hoje e de há 7500 anos atrás! Se Maio é mês de usufruto e celebração, a melhor e única maneira de celebrar e usufruir Almendres, bem como a vibrante Natureza que o rodeia é só uma: visitá-lo, assim que for possível!

Stonehenge e os ingleses que nos perdoem, muito obrigado pela inspiração, mas desta vez foram largamente superados!

Nota final - Almendres, O centro interpretativo, O espaço em volta ... têm tudo para ser um programa perfeito. Ou quase perfeito, sendo que o quase que falta  se podia resolver com facilidade: restaurar o estradão, em péssimas condições, que liga o centro interpretativo ao cromeleque. Deduzimos que possivelmente por ser responsabilidade driblada em modo pig-pong entre administrações locais e central. Os nossos votos de que nelas alguém tenha a visão e capacidade para perceber o enorme erro que é não investir agora ali! Poderá ser caro, mas será com toda a certeza menos oneroso do que construir um cromeleque de raíz :-)


domingo, 21 de abril de 2019

Jardins Perfeitos


Jardins perfeitos. 

Têm certamente muitas flores, arbustos, sub arbustos, algumas árvores. E mais flores. Uns caminhos e uns bancos pelo menos. Mas só será mesmo um jardim perfeito o que também tiver outras formas de vida a usufruí-lo. Muitas minhocas e outras larvas. Caracóis e lesmas. Formigas e repteis. Sapos e Ouriços-cacheiros. abelhas e milhares de outros insectos. Rãs, relas tritões. Uma ou outra toupeira, ratos, cobras e um sem número de pássaros. Um jardim sem eles pode ser um jardim, mas não é perfeito nem a sério! 

Por isso, e apesar de nas Sementes de Portugal estarmos focados em tudo o que pode ser feito com flora nativa para que um jardim seja vez mais perfeito, relembramos que as plantas são apenas uma pequena parte do prazer! 

Para celebrarmos árvores, flores e o canto dos pássaros que tantos gostamos, temos urgentemente de aprender também a gostar de vermes. E a amar os insectos. A maior parte deles nem chega a picar e são eles que além de polinizarem as flores, constituem o alimento de quase todas as outras formas de vida que acima, sem pestanejar, dissemos gostar. 

Temos de aprender a tolerar alguns dissabores e a perceber que nesta terra, e num jardim em particular, não há uns sem os outros. Herbicidas, pesticidas, roças prematuras, são, na generalidade dos casos, desnecessárias. 

São tristes e mesquinhos ecocídios, feitos de forma inconsciente umas vezes, ao abrigo cobarde da lei outras. E que apenas impedem a existência a outros seres vivos que, por acaso, nem querem saber quem somos. 

Nestes dias perfeitos de Primavera, a única coisas que nos é pedido para fazer é simplesmente uma que não dá trabalho e não custa nada: USUFRUIR!! Mas se não formos capazes disso, podemos sempre seguir caminho e deixar estar em paz todos os outros que usufruem dos muitos jardins perfeitos que nos rodeiam!




terça-feira, 16 de abril de 2019

E PORQUE NÃO!? - Conferência Internacional de Primavera em Évora


Uma semana depois do seu fim, na passada segunda-feira dia 8 de Abril, partilhamos o essencial daquele que foi inequívoca e muito provavelmente o evento mais relevante em matéria de jardinagem sustentável que se realizou este ano em Portugal: A Conferência Internacional de Primavera organizada pela Associação de plantas e jardins em climas mediterrânicos de Portugal, em Évora entre os dias 5 e 8 de Abril, e à qual tivemos o privilégio de estar associados enquanto parceiro oficial.

Na conferência de há 3 anos, realizada em Lagos em Abril de 2016, já tínhamos  tido a oportunidade de assistir a uma palestra de Olivier Filippi sobre uma visão que é revolucionária, mas possível, para novos jardins e espaços públicos, mais vibrantes, sem relvados nem sistemas de regra, com flora autóctone, sustentáveis e ecologicamente diversos.

E esta conferência foi mais uma oportunidade para ver e ouvir o que, um pouco por todo o Mediterrâneo, está a ser feito com sucesso ao longo dos últimos anos  por diferentes arquitectos paisagistas,. Pela boca de Olivier Filippi (http://www.jardin-sec.com/) e pela de Helen e James Basson ( http://www.scapedesign.com) que, a partir do Sul de França, se inspiram nas paisagens mediterrânicas para construir experiências de fruição mais sofisticadas e exigentes.

Porém, se alguns dos que lêem estas linhas, pensam que a "jardinagem" se resume a uma matéria de estética restrita e fútil, desenganem-se! Com efeito, se numa perspectiva restrita um jardim sem dispendiosos sistemas de regra já é tema suficientemente importante e vasto, o FACTO é que a JARDINAGEM, como pode e deve ser entendida, é MUITO MAIS DO QUE ISSO!

Tomando como nossas as palavras de Burford Hurry, presidente da Mediterranean - Gardeners Portugal, resumimos a importância do tema: NÓS PRECISAMOS DOS JARDINS E DAS PLANTAS PARA CONTINUARMOS HUMANOS!

E PRECISAMOS MESMO! Em tempos cada vez mais cibernéticos e onde a hiper-especialização é a palavra de ordem que é imposta a seres que durante 30.000 anos prosperaram por serem generalistas, A JARDINAGEM pode ser a experiência TOTAL de todos aqueles que acreditam que só há uma maneira de continuar humano: A de insistir, afastar a sombra e persistir na certeza de que o nosso lado mais luminoso pode sempre crescer. Um work in progress que nunca termina e que todos os dias reclama por ESPAÇO!

E HÁ TANTO ESPAÇO! Os quatro dias da conferência de Évora foram um exemplo disso e da experiência total que os jardins podem proporcionar sendo o seu fio condutor e estrutural!

Uma Experiência TOTAL que juntou pessoas provenientes da Austrália, África do Sul, América, SUL e Norte, de Portugal e de outros países europeus. Para ver Monsaraz e o maior lago da Europa. Para duvidar do seu sentido e se isso é mesmo motivo de orgulho, e duvidar também se as cultura hiper-intensivas e irrigadas de amêndoal e olvial em redor de Évora serão efectivamente estratégia ou simples depradação da terra.

Para nos inspirarmos, pela mão da Prof. Aurora Carapinha da Universidade de Évora, nos jardins históricos da Quinta do General, Borba, ou nos emocionarmos pela sofisticação alcançada no Convento de S. Paulo da Serra da Ossa, Redondo. Sofisticação que infelizmente não impediu a transformação daquela Serra num imenso eucaliptal. Para vermos um exemplo do sistema mais eficiente de gestão de recursos naturais do mundo que o Homem persistiu em desenvolver e estimar ao longo de séculos - O MONTADO - na quinta da Maroteira, Redondo.

Para ouvir a a Professora Ana Margarida Fonseca sobre as dezenas de alimentos silvestres que em épocas de sobrevivência do século XX alimentaram os generalistas alentejanos a partir dessa mesma paisagem sustentável.

Para tentarmos perceber como uma da áreas consistentemente habitadas no fulgurante período megalítico de há 6 mil anos, que construiu menires, antas e o inigualável cromeleque dos Almendres, tem hoje uma das mais baixas densidades populacionais do mundo (22 habitantes/Km, que comparam com 1.163 no Bangladesh).

Para vermos os planos de revitalização do Jardim Botânico do Porto dirigido pelo Prof. Paulo Farinha Marques fazendo um uso crescente da flora nativa de Portugal. E para aprendermos com Paula Maria Simões e Marilyn Ribeiro as melhores práticas quando decidimos ter um jardim vivo e não um sistema de irrigação.

Mas também para ver um sonho improvável concretizado na Vidigueira: A QUETZAL, uma vinha/Adega que é um centro de arte moderna de excelente qualidade. E que muitos rejeitam pela ousadia, como se não se pudesse também sonhar no Alentejo. Como se não compreendessem que o desafio nunca é justificar um NÃO mas arranjar forças para dar forma ao PORQUE NÂO!?!?!

Tal qual como os nossos melhores, de D. João II e os que o rodeavam, fizeram há cerca de 550-600 anos entre Évora, Alcáçovas e Sintra. Que, muito possivelmente entre sebes de murta e fontes de um delicado jardim renascentista - hoje visitável no antigo palácio dos Henriques, não tiveram dúvidas em decidir onde tinham de se concentrar: No E PORQUE NÂO? E PORQUE NÂO, persistir e Progredir pelo mar adentro?

E PORQUE NÂO? Esse será sempre o âmbito maior da Jardinagem! E é por ele que entre 5 e 8 de Abril, humanos provenientes de Inglaterra, bélgica e Holanda, residentes em Portugal, que amam incondicionalmente esta terra que os escolheu há décadas, prepararam com generosidade um programa excepcional para portugueses, australianos, gregos, chilenos, sul-africanos e tantos outros  que moveram as suas energias para estarem uma semana da Primavera de 2019 em Évora. ÈVORA, uma cidade que há muito mais de 40 anos não é só nossa mas da HUMANIDADE, deles e de todos os outros que um dia ainda conseguirão visitá-la!

Nota final e pessoal - Um OBRIGADO muito particular a todos os elementos da Mediterranean Gardeners e em particular ao Rob&Rosie Paddle, responsáveis pela organização deste evento maior dedicado ao tema do "E PORQUE NÂO?". Ou, se preferirem dedicado ao tema de como "Trazer a paisagem mediterrânica para o jardim". São do nosso MELHOR. Tê-los é e será sempre um privilégio nosso e um direito justamente reclamado por esta terra que sabiamente os prendeu cá.  

quinta-feira, 21 de março de 2019

Boas vindas à Primavera!



Hoje é o primeiro dia de Primavera e nós damos as boas vindas à estação mais vibrante do ano! Semear continuará a ser possível, sobretudo em casa, numa varanda, janela ou estufim, mas os dias que a partir de agora nos serão oferecidos são indicados, sobretudo, para USUFRUIR E CELEBRAR todas as cores da estação! Tempo para usufruir do que se semeou nos últimos meses e Tempo para celebrar as coisas incríveis com que a Natureza nos presenteia! Até dia 21 de Junho, no qual se assinalará o dia mais longo do ano, no Solstício de Verão, serão 92 dias de puro entretenimento, sem custos, em que por todo o lado existirão fontes de inspiração para utilizar a nossa flora silvestre em jardins mais bonitos, sustentáveis e ecologicamente mais ricos! A todos os que nos seguem os votos de uma VIBRANTE PRIMAVERA!







sexta-feira, 8 de março de 2019

Março - um mês com as mãos na Terra!


Março, um mês que se inicia no Inverno e termina em Primavera, é uma excelente altura para por as mão na terra. Seja para semear e fazer germinar sementes, seja para colocar plantas e árvores na terra. Na prática, um bom para voltar às hortas e jardins e preparar o tempo de usufruir uma Primavera que alongue ainda mais florida pelos meses de Maio a Julho.

E para quem tem dúvidas por onde começar, são diversos os eventos que irão ocorrer até meados de Abril e nos quais teremos o privilégio de estar presentes!


  • Feira de Jardinagem Mediterrânica em Silves - Dia 16 de Março , Sábado, estaremos na 5ª feira de jardinagem de Primavera organizada pela Associação de Plantas e Jardins em Climas Mediterrânicos. Este ano a Feira muda-se da quinta da Figueirinha para as instalações da FISSUL e será uma excelente oportunidade para adquirir plantas e assistir a diversas palestras. Nos iremos lá estar com as sementes das espécies mais emblemáticas que fazem parte do nosso catálogo de pacotes de flora autóctone.
  • Workshop com Noel Kingsbury, Dia 20 de Março, quarta-feira, no Jardim Botânico da Ajuda e co-organizado com a Associação dos Amigos do Jardim Botanico, dedicada ao comportamento das plantas no jardim, numa perspectiva de longo prazo. Noel Kingsbury, actualmente uma referência a nível europeu em "desenhos de plantação", é um reconhecido escritor e paisagista, é especialista em jardins do movimento "New Perennial". Conta com muitos livros editados, e é correspondente do jornal The Daily Telegraph, revista Gardens Illustrated Magazine e da revista The Garden, editada Royal Horticultural Society. Depois da Oficina haverá uma componente prática na matinha do Jardim Botânico onde os participantes plantarão espécies arbustivas autóctones. As Sementes de Portugal são parceiras deste evento e oferecerão a todos os paricipantes pacotes com sementes de algumas das espécies a utilizar como a Roselha, as Pascoinhas, a Murta ou o Piorno.
  • ExpoJardim - De 22 a 24 de Março na FIL Lisboa - Pela primeira vez a Expojardim vai até Lisboa. Serão 3 dias onde será possível  contactar como que de melhor se está a fazer nesta área no nosso país e nós também marcaremos presença em parceria com a Sigmetum, Viveiro especializado em plantas autóctones e com quem temos o privilégio de colaborar desde o início da nossa actividade. Pela primeira vez numa feira de jardinagem em Portugal o potencial ornamental e paisagístico da flora autóctone portuguesa estará presente numa feira de jardinagem!
  • Conferência de Primavera - Se os 3 eventos acima já são motivos mais do que suficientes para que Março seja um mês memorável, A Conferência de Jardinagem de Primavera que se realizará em Évora, de 5 a 7 de Abril, é a coroa de glória. Organizado uma vez mais pela  Associação de Plantas e Jardins em Climas Mediterrânicos e em parceria com a Universidade de Évora e As Sementes de Portugal, será um evento que coloca o nosso país ao nível do melhor que se faz no mundo Ocidental. Uma referência muito particular ás conferencias de Sábado, dia 6, dedicadas ao tema da paisagem mediterrânica numa jardinagem que se quer vibrante, moderna, ecologicamente mais rica e sustentável. Olivier Philippi (www.jardin-sec.com) e  James & Helen Basson (www.scapedesign.com), arquitectos paisagistas reconhecidos,  serão os oradores principais. As palestras são abertas ao público pelo que todos os interessados se poderão inscrever, mediante um pequeno valor - 20 Euros -  junto da Associação. Esta é uma oportunidade única à qual temos uma enorme satisfação de estar associados!

Estamos certos de que não há muitos anos com tantos e tão bons eventos dedicados à jardinagem. Se tivermos ajudado na sua difusão ficamos necessariamente muito contentes! A todos os votos de um bom mês com as mãos na terra!

sexta-feira, 1 de março de 2019

Grão da mesma mó!


Nas sementes de Portugal partilhamos a maior parte das vezes conteúdos relacionados com as espécies autóctones que por aqui evoluíram e que possuem inequívocas qualidades sejam elas ornamentais, paisagísticas, ecológicas ou etnobotânicas. Como se houve dizer..esse é o nosso métier!

Mas quem nos segue sabe que não somos muito ortodoxos e se gostamos de flores, plantas e árvores não gostamos menos da gente que por aqui também se fez evoluir ao longo de séculos. Mal ou bem, com maior ou menor sucesso, tudo discutível, mas com uma certeza: há mais de 800 anos a falar Português, esta língua que obviamente nos ajudou a enformar o nosso carácter enquanto Povo.

E sem querer sermos patrioteiros, é evidentemente óbvio que há algumas coisas pensadas em Português que acrescentam valor à Humanidade. Na nossa e na dos Outros. O último disco de Sérgio Godinho, Nação Valente, é uma dessas coisas.

E muito compreensivelmente a música que aqui partilhamos, Grão da mesma mó, com a participação de David Fonseca, é a nossa preferida. Para nós a continuação, 40 e muitos anos depois, da musica Primeiro dia. Como alguém diria, escrever algo assim precisa de muitos anos de lavoura e Sérgio Godinho lavra há 72 anos!

Permitimos-nos apenas copiar um breve trecho da letra, que a musica merece ser toda ouvida e varias vezes:

"Vê lá o que fazes, há
tanto a fazer
Fazes que fazes
Ou pões sementes a crescer?


Nota - Coincidência ou não, Hoje é o Primeiro dia de Março, o que era o primeiro mês no calendário Romano e consagrado a Marte, Deus da Guerra. Grão da mesma Mó pode muito bem ser ouvido como um cântico nas véspera de uma Batalha! Bom mês de Março!

Semear o Futuro em Aveiro


As Sementes de Portugal são parceiras da Agora Aveiro, associação para a promoção da cidadania activa e participativa, que, entre outras iniciativas, dinamiza o Projecto Plantar o Futuro junto das Escolas da Região. Recentemente, e através deste projecto, dezenas de alunos estiveram envolvidos no lançamento de "bombas de sementes" na Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, em Aveiro. Mas o que é mesmo gratificante para nós é perceber que, mesmo antes de lançadas, todas aquelas sementes já germinaram e vão produzir frutos! Germinaram na mente das dezenas de crianças que participaram! Pois, quem faz e lança as tais "bombas de sementes" aprendeu o essencial: O futuro está nas nossas mãos! Um grande Obrigado a todos aqueles que, em Aveiro, dinamizaram esta iniciativa. É um privilégio colaborar convosco!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Flores de um olival tradicional


Passado que está a maior parte do Inverno sem que nada tivéssemos publicado neste blogue, regressamos com poucas palavras mas algumas fotos de uma memorável saída de campo em terras de Sicó. 

Por estes dias há já quem tenha dito adeus ao Inverno e veja evidências de que a Primavera já se instalou definitivamente. Na realidade não será bem assim e o mais provável é que sejam apenas umas tréguas, uma pequena Primavera no meio do Inverno tal qual o Verão de S. Martinho no meio do Outono. Até porque o que está em flor agora sempre floriu nesta altura de Fevereiro.

Portanto tudo na altura certa e no sítio certo! A perfeição das flores silvestres num Olival extensivo e tradicional das terras calcárias de Sicó como há, possivelmente, 2000 anos. Vendo isto qual a dificuldade em explicar que estas imagens não rimam nem com Olivais intensivos, nem com pesticidas nem herbicidas?

De cima para baixo, sentido dos ponteiros do relógio, Margaridas-dos-montes (Bellis sylvestris),Lírios-de-amor-perfeito (Iris planifolia), Campainhas-dos-montes (Narcissus bulbocodium)  e Lírio-roxo-dos-montes (Iris subbiflora).