segunda-feira, 27 de abril de 2015

Conferência de Primavera - Mediterranean Gardening Association Portugal


É já no próximo fim-de-semana que irá decorrer no Estoril a primeira conferencia internacional da Associação de Plantas e Jardins em climas mediterrânicos de Portugal.

Dedicada aos jardins históricos Portugueses, a conferencia, cujo programa pode ser consultado aqui, tem previstas palestras com o Professor Jorge Paiva e outros especialistas internacionais de créditos reconhecidos nas temáticas da jardinagem, bem como um programa de visitas a jardins publicos e privados na região de Lisboa e Sintra.

Para quem estiver interessado em participar, é ainda possível contactar a organização. Será com toda a certeza uma conferência a não perder e que só é possível acontecer pelo incrível dinamismo da Mediterranean Gardening Association -Portugal e dos seus membros. 

E um privilégio, porque sendo na sua grande maioria cidadãos de outras nacionalidades que residem actualmente em Portugal, são pessoas que amam e admiram profundamente esta terra que escolheram para viver. Poderemos beneficiar do seu gosto e conhecimento será pois uma excelente oportunidade para também nós valorizarmos cada vez mais as incríveis potencialidades do nosso património.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Festa da Primavera no JBA


Felizmente de Norte a Sul de Portugal estão previstas para este fim-de-semana inúmeras actividades de Primavera que são um excelente alibi para promover o contacto com a Natureza. 

Nós iremos estar numa dessas actividades, a Festa da Primavera promovida pelo Jardim Botânico da Ajuda. Além de workshpos, teatro e música ( programa completo aqui) esta é mais uma excelente oportunidade para visitar (ou revisitar) ums dos espaços mais fantásticos de Lisboa.

Nós iremos lá estar e levaremos connosco as sementes das 43 espécies que ja temos em catálogo!


(catálogo disponível aqui:

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Um cheirinho de alecrim




Nos dias de hoje não é fácil acordar sem ter um dia pela frente em que nos informem que é para comemorar, assinalar, lembrar ou reflectir algo. Hoje foi o dia da Terra, ha menos de um mês o dia da Árvore, o Ano é o Ano internacional dos solos mas o facto é que os dias assinalados, para além de ajudarem os meios de comunicação a alinharem notícias e curiosidades, pouco mais significam tendem a ser rapidamente alvo de zaping.

E o do 41º aniversário do 25 de Abril de 1974 que se comemora no próximo Sábado também não foge á voragem do tempo. Mas ,independentemente de se ter cumprido ou não, da importância de se comemorar condignamente e a preceito ou não, não resistimos a partilhar a canção de Chico Buarque escrita para assinalar a nossa revolução e toda a esperança que ela representou não só para nós como para outros povos (incluíndo o brasileiro que nessa altura ainda vivia sob a ditadura, razão pela qual a letra, com algumas indirectas ao regime brasileiros, foi censurada nesse país).

À distância de 41 anos, e sendo nós, apesar de tudo, inquestionavelmente beneficiários directos do regime democrático a que o 25 de Abril abriu caminho, somos suspeitos e consideramos que há ainda muitos e bons motivos para assinalar com gratidão o que aconteceu naquele dia. Mas do que temos mesmo inveja é da esperança ingénua que tomou conta de tanta gente naqueles tempos. Teria sido possível uma Revolução mais Feliz se não fossem dias de Primavera? Duvidamos. 

Os cheiros são dos estimulos que o nosso cérebro mais facilmente associa a emoções e lembrá-los é sempre transcendê-los. Nesta Primavera as fragrâncias de alecrim, mas também de esteva, rosmaninho e de tantas outras plantas que estão por todo o lado à nossa volta. Sábado, dia 25 de Abil será pois mais um excelente dia para criar novas memórias!

sábado, 18 de abril de 2015

Ano Internacional dos solos, Os Chineses e Quem nos livra de tanta mediocridade



Antes de mais as desculpas a quem nos segue motivado pelo seu interesse na flora autóctone e espontânea de Portugal. Esse é mesmo o foco do projecto, mas a realidade não é estanque - ao contrário do que muitos gostam de nos fazer pensar, quase sempre para seu benefício, tudo está interligado, e voltamos a escrever sobre temas que são mais do domínio da cidadania.

Isto porque que nós não conseguimos dividir-nos em diversas personalidades e papéis. E não dá para andar a trabalhar 176 dias seguidos para cumprir na integra as nossas obrigações fiscais e depois ficarmos calados, só porque não temos tempo nem meios para participar mais activamente no governo das coisas comuns. Como este é o único espaço público em que compartilhamos a nossa forma de estar, é que voltamos a partilhar temas densos e desagradáveis.

Para quem ainda não sabe, 2015 é, declarado pela assembleia das Nações Unidas, o Ano Internacional dos Solos. Não sabemos qual é, se é que existe,  o programa oficial do Estado Português para assinalar o facto. Mas é bem provável que exista e que nele mais uns tantos euros sejam gastos para funcionários explicarem aos ignorantes o quão importante é o solo. É nele que pomos os pés, sobre o qual fazemos as estradas, blá, blá, bla.  o suporte da vida, dos ecossistemas e dos outros bichinhos. Tudoito d em simultâneo e em tempo real com dezenas de retroescavadoras a ocuparem-se de lavras florstais para colocar eucaliptos e a família Queiroz Pereira poder dizer que gere florestas num terço do país.

Mas a capacidade de amar, preservar e valorizar o solo deste país da Soporcel/Portucel é grande, enorme mas nao chega a todo o lado. E face a tal limitação os nossos eleitos não descansam de continuar a procurar maneiras para que mais e mais pessoas se juntem á festa. E o fartar vilanagem não é nada inacessivel. Basta acenar com uns aerios e os nossos eleitos transcendem-se.

E neste ponto que entram os chineses. Eles são muitos, ao que se vê agora até têm dinheiro e quem nos governa pela-se para mostrar como somos um povo hospitaleiro. A estória vem nos jornais de Lieira-Alcobaça-Caldas (aqui), conta-se num parágrafo e não dá para acreditar. Um cidadão Português emigrado na Alemanha casou com uma cidadã chinesa e fez a boda em Alfeizeirão (arredores de Alcobaça). Os convidados chineses ficaram encantados com a região (quem não fica!?) e viram logo oportunidades de negócio. Falaram com a Presidente da Junta que, solicita, lhes encontrou logo umas terras agrícolas cujo dono está disponível para vender, ao ponto de já terem assinado um contrato de promessa de compra e venda. Um único problema: parte das terras estão em Reserva Agrícola Nacional (RAN) (os jornais não dizem qual a dimensão da parcela em RAN, mas desconfio que não seja pequena) e para o investimento em causa: 58 moradias de luxo para cidadaos chineses ricos, a vender nunca por menso de 500. 000 euros cada uma, um Hotel  e, imagine-se, uma escola de mandarim ( esta é a parte do engodo, para dar um toque de cultura e educaçao ao projecto. Mandarim em Alcobaça??), é  necessário desafectar os terrenos da RAN. Requerimento que até já foi interposto nos serviços competentes do Ministerio da Agricultura.

A Câmara Municipal de Alcobaça, que também é dirigida por politicos espectaculares, não cabe em si de contente com mais esta possibilidade de "desenvolver" o conecelho e as suas finanças. Vai levar o assunto  às reuniões de câmara e de assembleia municipal que forem precisas e já garantiu que vai fazer tudo  o que estiver ao seu alcance para que este projecto estruturante e fundamental seja concretizado rapidamente.

Enquanto isso os locais trabalham 176 dias seguidos para cumprir na integra as suas obrigações fiscais e á noite vêm cansados mascontentes a série Beirais. Adormecem tranquilos e felizes por nao haver terra ma linda que a nossa. tão linda que até os chineses querem cá fazer escolas de mandarim, imagina lá!

Mas que MERDA é esta!?!?!?

As terras onde os chineses querem fazer casas para os seus conterrâneos ricos (diga-se que riqueza nunca foi motivo de especial admiração e no caso da dos chineses,  com a dos angolanos, em regra gerla fede) são o fundo fértil de um antigo mar interior. São terras da melhor qualidade. Resultam de milhões de anos de trabalho da Natureza, dos monges de cister e dos nossos antecessores que as trabalharam e estimaram para que chegassem aos dias de hoje férteis e produtivas. São terras que devia ser sagradas e só inutilizadas em casos de extremos e de imperiosa necessidade.

Da Nazaré às Caldas da Rainha, passando por Alcobaça e daqui até Lisboa são ás dezenas os loteamentos já infraestruturados mas abandonados por óbvia desadequação depois da euforia im face ás nossas necessidades urbanisticas. Não será possível sugerir aos chineses que os comprem e utilizem, tentando recuperar alguns dos impostos que pagámos para o efeito? Se em Alcobaça não os houver, nas Caldas há-os com toda a certeza. E em Alenquer ? E no Bombarral? e nos outros concelhos da Comunidade Intermunicipal do Oeste não haverá solos apropriados para o efeito?

Será que temos de ver sacrificados mais nao sei quantos hectares de terras agricolas, essenciais para a soberania alimentar dos que vierem á nossa frente habitar esta terra? Que serviço é este do Ministério da Agricultura, que não se sabe onde está nem por quem é exercido, que desafecta a pedido e com a maior das facilidades solos agricolas da melhor qualidade para que presidentes de junta e de câmara estrábicos nos continuem a encharcar nos jornais locais com os seus projectos estruturantes? Que comunicaçao social é esta, feita de gente subserviente, que apresenta uma noticia destas como se fosse a melhor coisa do mundo sermos comprados por chineses ricos?

Obrigado pela vossa atençao! E as desculpas pelo texto longo, mas isto é de tal forma chocante e revoltante que não dá mesmo para fingir que não é nada connosco.

domingo, 12 de abril de 2015

Isto tudo: como esventrar uma terra



Ou, se quizermos, o que a ignorância e a maldade podem fazer. Ou, como uma administração pública faz de conta que existe. Ou, se formos especialmente bondosos, como  é importante nestas alturas ter compaixão para com quem faz isto. Ou, como uma sociedade destroi por meio duzia de patacos o que levou milhares de anos a construir. Ou, o mais provável e acertado titulo: Como é que isto tudo nos pode acontecer.

As imagens acima foram retiradas numa pequena propriedade florestal, a menos de 5 quilometros do mosteiro da Batalha, património da humanidade, À beira de uma estrada nacional desclassificada que poderia servir de trajecto a quem quisesse visitar a Nazaré a cerca de meia hora de distância.

Parece mentira de tão idiota, mas é mesmo verdade. Enquanto a CNN dá honras de abertura aos incríveis pontos de interesse da zona centro o nosso país, os locais, aqueles que mais deveriam amar a sua terra, entretêm-se durante um sábado de Primavera a esventrar terra para plantar eucaliptos. Não é preciso ter qualquer espécie de formação avançada para perceber facilmente que isto é simplesmente uma estupidez e uma maldade gananciosa.

Nao faz sentido um país querer promover o seu território quando depois no terreno isto acontece consecutiva e sistematicamente. Eufemisticamente, estes trabalhos armados de maquinaria pesada são apelidados pela lei de lavras florestais. Estão proibidas por lei e carecem de autorização. Mas em Portugal as leis não são para cumprir. São apenas um recurso dado á administração publica, que as pode evocar, tipo cartas do Magic, discrecionariamente, se lhes apetecer arreliar algum privado menos subserviente.

Como são proibidas, os particulares escolhem a calmaria fiscalizadora dos Sábados á tarde para fazerem o que querem. E se forem visitados pelo serviço de protecção de Natureza da GNR não se passa nada nem há problema nenhum. Recebe-se a notificação e continuam-se os trabalhos. Daí a alguns dias é um facto consumado. Toda a gente o faz, portanto é apenas mais um caso entre tantos. E Àmen.

Mas olhar para isto desta maneira, com a indiferença conveniente e com as mil e uma desculpas da praxe, é, apesar das devidas distâncias, pouco menos grave do que o Estado Islamico faz nos sítios arqueologicos do Iraque e da Siria. É maldade vestida de ignorancia.

Na região de Leiria-Marinha-Batalha a elite de serviço anda por esta altura nos jornais a tecer loas e estudos sobre o quão fantastico é a Mata Nacional de Leiria e a urgência em declará-la Patrimonio da Humanidade. Uma coisa que não fizeram, para a qual não contribuiram, que tem perto de 800 anos e que até  nem precisa deles para nada. Uma "elite" de serviço que não tece uma linha sobre o que poderiamos estar a fazer hoje e agora para provar ao mundo que o Pinhal de Leiria é de facto inspirador da nossa forma de estar e de viver. E que por isso merece ser patrimonio da humanidade e nós guardiões dele. Património da humanidade é isso. Mais do que um galardão é uma enorme responsabilidade que assumimos perante os outros 8,5 bilipoes de seres humanos e para a qual nos achamos à altura.

Como é evidente será uma candidatura para programas infindos de beberetes e cerimónias de entronizaçao de egos. Candidatura ridicula pois quem nos visita não é parvo e constata bem e depressa que esta eucaliptização é uma burrice maldosa e imbecil orquestrada e permitida por outros alguéns.

É certo que o tema da eucaliptizaçao justifica por si só e já hoje inúmeros blogues, associações, tomadas de posição e activismos de muitas pessoas. E não é por escrevermos o que escrevemos aqui que a realidade irá mudar. Podiamos concentrar-nos só nas sementinhas e tentar levar a nossa vidinha até bom porto. Mas não somos capazes. Se servirmos para alertar e inspirar mais alguns já ficamos contentes.

As Sementes de Portugal são um infinitamente pequeno-micro-projecto que se quer empresarial. Mas a premência de sobrevivermos, de termos uma boa aceitação e sermos economicamente viáveis não são uma desculpa conveniente para que olhemos para o lado e sejamos acriticos, apoliticos ou indiferentes e que nos foquemos exclusivamente no "business as usual". MUITO PELO CONTRARIO. Não prescindimos de um grão dos nossos direitos e obrigaçoes Éticas e Politicas decorrentes da nossa cidadania. No dia em que acharmos que é melhor não falar, porque isso pode prejudicar os nossos negócios, iremos certamente preferir mudar de vida.

Abaixo deixamos uma foto de algumas das dezenas de espécies vegetais, suporte de um ecossistema, que existiam no sitio que agora se esventra e que ainda se podem ver no pinhal ao lado. Os netos dos que esventraram esta terra não as irão poder ver no eucaliptal que herdarem. Éles que lhes perdoem! Nós não.


sábado, 11 de abril de 2015

As sementes de Portugal estão em Óbidos



O ideal teria sido publicar este texto logo no início da semana-santa e a seguir ao dia de ramos, mas o tempo, que dá para muita coisa mas não para tudo, não o permitiu. De qualquer das formas Óbidos é terra com mais atractivos para além dos que o programa de Páscoa oferece e pode ser visitada em qualquer altura, pelo que estamos sempre a tempo de referenciar que também nesta vila se podem encontrar as Sementes de Portugal.

Nem de propósito, ontem no suplemento Fugas do Público vinha um artigo sobre o facto de a CNN ter dado honras de reportagem à misteriosa e imcompreensivelmente desconhecida Região Centro, abrindo desde logo no seu início com imagens da preservada vila de Óbidos.

Nada que seja realmente novo para nós.  Como diziamos aqui, a propósito das Caldas da Rainha, esta é uma região desconhecida entre Lisboa e Porto e a partir da qual é possível ter uma grande amplitude de experièncias e paisagens humanas ou culturais. Nazaré, Alcobaça, Peniche, Leiria e Batalha são alguns dos sitios que se alcançam em menos de 30 minutos. E esta é apenas uma décima parte da dita região Centro! 

Também é verdade que Óbidos nao se pode queixar de ser uma vila desconhecida. Na realidade, hoje já beneficia de um fluxo de turistas significativo e em clara relação com o boom turistico de Lisboa que a tem como um dos destinos preferidos para as excursões de um dia em redor da capital.

Ir a Óbidos é sempre uma boa experiência. A vila esta incrivelmente bem preservada e ficamos sempre com a dúvida de como é que, no meio de tanto desordenamento territorial que se avista no país, foi possivel não estragar esta.

Corre o risco da disneyficação? Corre, é verdade. Mas também há sinais de que algumas coisas mais arejadas podem acontecer. O mercado biológico e a livraria ler devagar, a par de outras recentes iniciativas privadas , são um bom exemplo de que é possível dinamizar uma vila histórico sem que todos tenham de trajar medieval. 

Mas há detalhes que não podem ser ignorados e um dos que mais nos faz sorrir é ver os telhados e muros de Óbidos cobertos com bocas-de-lobo a prosperar. Esta espécie, provavelmente Antirrhinum cirrhigerum é, desde o início do projecto, uma das nossas preferidas (ver aqui). Não se lhe reconhecem propriedades medicinais ou usos alimentares, mas o tom rosa das suas flores e a profusão, alrgada no tempo, fazem dela uma das plantas inconternáveis a ter num jardim português. Há quem prefira os cultivares disponíveis nos hortos, de cores diversas e variadas, mas nenhum deles se aproxima  sequerdo original cujas cores são inquestionavelmente mais vibrantes.