sexta-feira, 5 de junho de 2015

Um bom exemplo de horticultura - A Lirium, em Alcobaça



Assinala-se hoje o dia Mundial do Ambiente. Para nós todos os dias são bons dias do Ambiente, e, por coincidência, aproveitámos uma deslocação da Fernanda Botelho a Alcobaça para visitar dois espaços que são daqueles que merecem visitas em qualquer dia do ano.

O primeiro desses espaços é o projecto da Lirium em Casal dos Ramos, a poucos quilómetros de Alcobaça. É verdade que o Ricardo Ferreira tende a considerar-nos exagerados sempre que elogiamos o seu trabalho, mas isso é por manifesta e excessiva humildade dele. O facto é que não deve haver muitos espaços em Portugal onde tão bem se tenha posto em prática o verdadeiro espírito da boa horticultura e que só é possivel criar quando há paixão e muito trabalho.

Sem dúvida que existem já outros bons espaços e jardins de flora autóctone, mas um que seja a mistura perfeita de horta e jardim é que não deve (ainda) haver muitos. Claro que tem legumes e hortaliças das mais diversas, mas também lá estão verbascos, scabiosas, dedaleiras, malvas, alcachofras e salgueirinhas só para referir algumas. Assim como inumeras plantas aromáticas e medicinais. O resultado está á vista e é a prova inequivoca de que sim, é possível ter um espaço onde se podem produzir alimentos felizes em perfeita sintonia estética com espécies mais ornamentais ou encarregues de outras funções, como as de afastar os insectos nocivos ou atrair os benéficos.

Com um pormenor adicional que não é de desvalorizar: Sem fundamentalismos! O gosto pela flora espontânea de Portugal não os cegou ao ponto de recusarem  ver que acantos, capuchinhas e onagres também lá ficariam muito bem. E é que ficam mesmo!

Mas a Lirium aromáticas não faz só Horticultura da boa, desdobra-se também noutras actividades formativas e de divulgação como a educação ambiental, a cozinha  saudável ou o património natural da região Oeste.

Foi aliás num desses passeios que ficámos a conhecer no início deste ano um dos vales cársicos, parte da bacia hidrográfica do rio Alcoa, mais interessante e que marcou a segunda paragem da tarde de hoje. 

O motivo era ir observar uma das maiores populações de bardanas silvestres que conhecemos até ao momento (Arctium lappa) e que se encontram agora na fase inicial de floração. Só que a generosidade da Natureza num vale como este não tem limites e saímos de lá com os olhos cheios de muitas outras boas populações de plantas como as malvas arbóreas, a borragem, a camomila, a Anchuza azurea, os verbascos ou as prímulas.

Um sítio de tal forma incrível que quem o visita só se espanta  com o facto de não beneficiar de nenhum estatuto de protecção local mais assumido e declarado! É verdade que a protecção pelo esquecimento proporciona aqui e ali alguns resultados felizes, mas quando a eucaliptização se aproxima como a que se observa já a poucas centenas de metros, a beber dos aquíferos que saciavam este vale, o pior pode acontecer a qualquer momento. Se é que  não aconteceu já...





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