domingo, 4 de fevereiro de 2018

Malva-Real


No nosso país não é de bom tom mandar ninguém ás malvas e talvez seja por isso que a maior parte de nós tenha tendência a desqualificar as espécies assim conhecidas. Todavia, e há sempre um todavia, se nos despirmos do preconceito não será difícil reconhecer que um número significativo das malvas que ocorrem espontaneamente no nosso território são plantas a ter por perto.

Em regra, e como explica a Fernanda Nascimento AQUI, a maior parte das malvas que conhecemos enquadram-se num de dois géneros: Malva e Lavatera. A que hoje aqui evidenciamos, apesar do nome vulgar de malva-real, é na realidade  a Lavatera trimestris. 

De qualquer das formas, e classificações botânicas à parte, ambos os géneros partilham as mesmas qualidades e aplicações medicinais. Neste aspecto em particular voltamos a referenciar a Fernanda Botelho, autora do blogue malva silvestre e  de diversos livros sobre muitas plantas silvestres, que recomenda a utilização das suas folhas mais jovens em sopas e saladas, tal qual os espinafres ou as acelgas. As raízes também têm aplicação culinária e medicinal assim como a tisana das suas folhas é pode ser útil em afecções dos sistemas digestivo, urinário ou respiratório.

Mas se a sua utilização para fins terapêuticos, conhecida desde a antiguidade e transversal a diversas civilizações milenares, já é motivo suficiente para as vermos com outros olhos, as suas qualidades ornamentais, sobretudo da malva-real, levam-nos a considerá-la como uma das espécies silvestres nossas preferidas.

Para começar é uma espécie de rápido crescimento - trimestris quer dizer isso mesmo: desde que nasce até que floresce...bastam 3 meses! Depois nao é exigente em termos de solo nem de nutrientes. Até os prefere pouco ricos desde que bem drenados e expostos ao sol. Em terceiro lugar tem uma floração abundante de Abril a Junho e por fim as suas flores afuniladas de um vibrante cor-de-rosa, além de esteticamente irrepreensíveis são comestíveis podendo abrilhantar qualquer salada!

Podendo desenvolver-se até um metro de altura esta é uma espécie mais adaptada ao jardim ou a um canto da horta, mas numa varanda em vasos ou floreiras com alguma profundidade também não ficará nada mal!

Terminamos partilhando mais algumas curiosidades e resolvendo um enigma! A familias das malvácias (!?) -Malvaceae é uma das maiores encontrando-se em todos os continentes contendo cerca de 4200 espécies agrupadas em cerca de 240 géneros. Os hibiscos, o cacau e o algodão são apenas os mais conhecidos.

No nosso país além dos géneros malva e lavatera ocorre um outro com indiscutíveis qualidades ornamentais: o género Althaea, cuja espécie Althaea officinalis, ou alteia, ocorre em habitats humidos. Espécie que tem ainda uma outra particularidade como refere a Fernanda Botelho no livro "Uma mão cheia de plantas que curam": é a partir do pó obtido com as suas raízes,possuidor de propriedades gelificantes, que se confeccionam uma das guloseimas preferidas de ingleses e norte-americanos: os marshmallows!!

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