segunda-feira, 23 de maio de 2016

Loendros do caramulo


Há cerca de um ano atrás, na sequência de uma visita à cidade alemã de Bremen, partilhámos AQUI algumas imagens do Rhododendron Park e das múltiplas cores de que esta espécie se pode revestir. Na altura já não iríamos a tempo, mas neste Maio não quisemos deixar passar mais uma oportunidade e fomos visitar uma das maiores populações autóctones que existem na península Ibérica e que, para nossa sorte, se situa na vertente noroeste da Serra do Caramulo, concelho de Vouzela, na ribeira do cambarinho, protegida desde 1971 com o estatuto de reserva botânica.

Como não temos intenção de ter nos nossos catálogos sementes desta espécie, até porque pelo que apurámos não só produz poucas sementes como as mesmas exigem especiais condições de germinação, o interesse era mesmo ver de que outras cores de que se pode revestir a nossa Primavera para além dos maioritários amarelos e brancos.

E o que vimos, pelo menos nas margens desta ribeira e, pelo que apurámos, de outras pertencentes à bacia hidrográfica do Rio Vouga, é que, mesmo numa serra entregue ao Eucalipto como é o caso da Serra do Caramulo, a paisagem se pode cobrir de incríveis manchas de tonalidade rosa-lilaz. Só por essa visão  vale a pena acreditar na placa que na A25 anuncia, em apagados castanhos,esta reserva botânica de loendros. A nossa única sugestão é que nos meses de Abril e Maio se anuncie de forma mais convincente que os "loendros" estão no seu máximo esplendor!

Os rodendros são uma espécie arbustiva que dispensa qualquer publicidade. Na região noroeste de Portugal é possível vê-los em vários jardins publicos e privados (embora de outras cores e bem menos interessantes) provenientes de garden centers que na europa inteira escoam a produção de uma actividade que é milionária. Existem na Natureza mais de 1000 espécies de rodendros, a maioria da região dos Himalaias. Mas cultivares e híbridos são seguramente milhares e há-os de todas as cores e feitios.

Porém, os nossos não só são incrivelmente ornamentais como são ainda o testemunho das florestas de clima tropical que há mais 2 milhões de anos cobriam a Europa e que praticamente se extinguiram no fim do período terciário com o inicio das glaciações. De Rhododendrum ponticum subsistem na Europa apenas duas sub-espécies: a R. subespécie ponticum na região do Cáucaso, e a subespécie baeticum  à qual pertence a população que se pode visitar nas margens da ribeira do cambarinho- Vouzela. Desta subespécie só existem mais duas populações nativas na península ibérica: Em Monchique ( de reduzida dimensão) e em Cádis, Espanha.

Só por isto este arbusto poderia perfeitamente infestar todos os ajardinamentos dos municípios que partilham a Serra do Caramulo! Para não pensar nos jardins particulares. E não dizemos todo o país, porque de facto é um arbusto que tem necessidade de solos mais ácidos, com alguma profundidade, disponibilidade de água e um clima mais atlântico, os quais, como sabemos, não são os mais frequentes.

Uma nota final para a confusão que pode surgir por nos termos referido a este espécie ora como rodendro ora como loendro. O nome vulgar mais utilizado no mundo remete-nos para o nome rodendro. Todavia em Portugal e mais especificamente nas aldeias do Caramulo são conhecidos como loendros, Embora, como nos explica aqui o blogue Dias-com-àrvores, nada tenham a ver com os Loendros do Sul do país (Nerium oleander). Mas como nestas matérias da botânica o povo é soberano, para todos os efeitos são também para nós os Loendros do Caramulo!

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Saída de Campo - Matos e Matagais Mediterranicos


Algumas imagens da saída de campo que fizemos com a  Lirium​ no passado Domingo, dia 15, pelo vale do Rio Galvão, em Reguengo Grande- Lourinhã. À beira do Atlântico um afloramento calcário com vegetação mediterrânica intacta e um percurso excepcional do princípio ao fim, carregado de sinais de uma ancestral humanização. Tudo a 5 minutos de uma saída da A8 e a provar que não raras vezes o paraíso fica mesmo aqui ao lado!

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Saída de Campo - Matos e Matagais Mediterranicos



No próximo Domingo, dia 15, iremos associar-nos à Lirium e participar em mais uma das suas saídas de campo que este ano têm tido um especial enfoque nos matos e matagais mediterrânicos da zona oeste. 

Desta vez a saída irá desenrola-se nas margens do rio Galvão e dos campos próximos de Reguengo Grande - Pó no concelho do Bombarral localidades tendo como cenário uma paisagem de vegetação mediterrânica sabiamente humanizada pelo Homem ao longo dos séculos. Serão 3 a 4 horas, por entre prados, azenhas, pontes romanas, ruínas e quedas de água num percurso circular de cerca de 6 quilómetros em que teremos oportunidade de apontar as nossas máquinas fotográficas às espécies mais emblemáticas deste tipo de Ecossistema.

Sendo nós evidentemente suspeitos, não podemos deixar de referir que no nosso país há poucas saídas de campo como as organizadas pela Lirium! É que não são as tradicionais caminhadas para estafar quem nelas participa! Pelo contrário, são  percursos para usufrir de facto e com uma especial atenção na compreensão  da flora, fauna, aspectos geológicos e humanos que nos for dado observar.

Durante o percurso será ainda dada uma especial atenção à identificação de árvores, arbustos e coberto vegetal, bem como das plantas aromáticas, medicinais e comestíveis, que formos encontrando!

Sendo certo que o mau tempo desta semana tem fim garantido até Sábado, esta é pois uma excelente oportunidade para quem está por perto da zona Oeste para retomar as sensações da Primavera. Para mais informações, condiçoes e confirmações basta ir ao site da Lirium (https://liriumaromaticas.blogspot.pt/p/saidas-de-campo-as-saidas-de-campo.html) ou contactar directamente com o Ricardo - 964476331.

domingo, 8 de maio de 2016

Campos Azuis




Há uma semana atrás assinalávamos o dia das Maias e lembrávamos que nem só de amarelo se veste o mês de Maio. E de facto há outras cores declinadas em incontáveis tonalidades a colorir os nossos campos. Podem ser menos frequentes mas por vezes ocorrem de forma tão abundante que conseguem tingirem a paisagem ade cores inesperadas!

E se há cor inesperada e relativamente pouco frequente na nossa flora silvestre, essa cor é sem dúvida o Azul -  o que talvez explique o facto de esta ser uma cor desde há muito associada à aristocracia e à realeza e uma das que reúne maiores consensos em matéria de preferências.

Há evidentemente azuis de muitas tonalidades e o que hoje partilhamos nem é o nosso preferido ou o mais espectacular. Porém, é impossível ficar indiferente quando nos deparamos com  um oceano de Convolvulus tricolor na curva da estrada. No nosso país esta espécie rasteira, que ocorre espontaneamente em campos cultivados ou em pousio no centro e sul de Portugal, é conhecida por corriola-das-três-cores, o qual, tal como o nome cientifico, revela que além  do azul, cada flor ainda ostenta, embora em menor percentagem, mais duas cores: o amarelo e o branco.

Para terminar fazemos uma referência ao seu nome comum em inglês, o qual, tal como acontece em tantas outras espécies, reflecte um baptismo muito mais auspicioso: Dwarf Morning Glory, e que nós traduzimos livremente para Pequena-Glória-da-manhã!


domingo, 1 de maio de 2016

Um glorioso mês de Maio



No dia das Maias e do trabalhador, aproveitamos para deixar a todos os que nos seguem os nossos votos de um glorioso mês de Maio para todos! 

Não há muitos meses como este e se não temos especial aversão a nenhum, a verdade é que este é mesmo o nosso mês predilecto. Nosso e de uma parte substancial das pessoas que como nós se rende à chegada do bom tempo e de uma Natureza em apoteose. 

Não é por acaso que o mês se chama de Maio. Na etimologia da palavra estão as celebrações de fertilidade da terra, comuns a todos os povos do hemisfério Norte e que os Gregos consagravam a Maia, a deusa da terra, da fecundidade e do crescimento das plantas, dos homens e de todos os seres vivos. Maia ou Gaia para outros povos anteriores, do mediterrâneo e crescente fértil, e que na pratica celebravam o mesmo: a incrível explosão de vida que a nossa casa-mãe, a Terra, nos proporciona por estas alturas e que nós, afectuosa mas mais pobremente, sintetizamos hoje no dia Mãe.

A melhor forma de celebrar Maio é no campo e deixarmo-nos tomar pelos mares de amarelos que em diferentes tonalidade se avistam por todo o lado. Não é a ler blogues de qualidade duvidosa, Mas para quem quiser repor em memória, deixamos AQUI o links para o que escrevemos há dois anos sobre o Dia das Maias e as giestas que estão por detrás de um dos nomes do dia de hoje.

Quem não apanhou hoje um ramo de giestas para pendurar na porta da casa, também não tem de ficar triste. O que conta é o espírito e durante o mês de Maio não faltarão oportunidades. Dia 5, por exemplo, quinta-feira das Ascensão e que é o Dia da Espiga!