terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Uma mensagem de esperança! Bem-vindo 2014!

2013 foi o ano em que lançámos as Sementes de Portugal ao mundo.
E porquê? Porque acreditamos que é inevitável uma nova abordagem do paradigma do relacionamento humano com os espaços verdes e com a natureza de um modo geral.

Já em 2004 (quase há 10 anos), o próprio Arq. Pais. Ribeiro Telles, na sua intervenção no Seminário "Espaços Verdes - Património a Recuperar" em Famalicão, sob o tema "A estrutura ecológica da Cidade-Região" lançava este desafio de "rever a problemática dos espaços verdes"... em que a moderna "jardinagem deva inspirar-se nos agro sistemas tradicionais"... "trazendo o campo para a cidade e a cidade para o campo".

Em noite de festa, deixamos este seu vídeo como uma mensagem de esperança. Que as suas ideias vinguem e cresçam pois as nossas 'Sementes de Portugal' estão aqui procurando ir ao seu encontro.

Em 2014 semeiem muito, façam crescer os vossos sonhos para que seja um ano de realizações positivas, sustentáveis e benéficas para o bem comum. Bem Hajam!

Saúde e um Próspero 2014

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Cardo Mariano


Aproveitando o facto de ainda estarmos na quadra do Natal apresentamos-vos hoje o cardo mariano ou, como também é conhecido, cardo-de-Santa-Maria. A razão de ser desta ligação à mãe de Jesus prende-se com as manchas brancas das suas folhas já adultas - de acordo com a lenda, "quando Maria fugia com o seu filho Jesus nos braços passou por uma planta destas. Na sua fuga, o leite corria-lhe para fora dos peitos de tal forma que atingiu uma folhas deste cardo, manchando-as de branco, perpetuando assim o seu nome" (1)

Lendas à parte, o facto é que o Silybum marianum é uma planta abençoada para diversos usos. O que mais gostamos de relevar é, claro, o ornamental. A cor e a estrutura das suas flores não passam despercebidas e podem constituir um bom apontamento seja no jardim ou no canto de uma horta. As suas sementes germinam com facilidade e as plantûlas podem ser transferidas para os locais definitivos no início da primavera, tendo em atenção que é uma planta que preferes solos frescos, boa exposição solar e que é vivaz/plurianual, desaparecendo no Verão para renascer com as primeiras chuvas de Outubro.

Quanto aos restantes usos que tradicionalmente lhe são atribuídos destacam-se o alimentar - folhas e caules quando jovens podem ser aproveitadas em saladas e sopas; e o medicinal. Embora neste particular sejam de referir as dúvidas que pairam sobre a sua eficácia, conforme refere Paulo Araújo no Dias com árvores. De qualquer das formas é uma planta cujo extracto, produzido a partir das suas sementes, se encontra na composição de diversos medicamentos disponíveis em ervanárias para problemas relacionados com o fígado e a bexiga.

(1) Salgueiro,  José, Ervas, usos e saberes , Edições Colibri

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O Natal com as autóctones

Hoje evocamos as plantas emblemáticas da presente época até porque, por sinal, são autóctones. São elas “os azevinhos”. Sobejamente conhecidas, as plantas apresentadas abaixo fazem parte do nosso imaginário e sobretudo das decorações tradicionais natalícias.
Azevinho (Ilex aquifolium)                      Gilbardeira (Ruscus aculeatus)

Quando falamos d’os azevinhos’, queremos apenas realçar que há o verdadeiro e o falso.

O verdadeiro azevinho, Ilex aquifolium, que deve o seu nome genérico à semelhança formal das suas folhas com as folhas da azinheira (Quercus ilex), nesta altura ornamenta a sua bela folhagem verde escura e brilhante com profusos agrupamentos de drupas vermelhas.
Tradicionalmente, o seu uso remonta às festividades romanas em honra do deus Saturno, “As Saturninas”, que se realizavam por estas alturas do solstício de Inverno. Já na era cristã apareceram outras lendas que dizem ter o azevinho dado proteção à Sagrada Família quando esta era perseguida pelos soldados do Rei Herodes, passando assim este arbusto a ser o símbolo do Natal, por ter protegido Jesus.
Muito usado na época natalícia para as decorações, é vítima de cortes arrasadores e abusivos, sem que critério, pelo que corre o risco de extinção enquanto planta espontânea. Está totalmente proibida de apanhar em Portugal pelo Decreto-Lei nº 423/89 de 4 de Dezembro que "proibe, em todo o território do continente o arranque, o corte total ou parcial, o transporte e a venda do azevinho espontâneo.

O falso azevinho, Ruscus aculeatus, é popularmente conhecido por gilbardeira entre muitos outros nomes como azevinho-espinhoso, azevinho-pequeno ou menor, erva-de-vasculho, gibaldeira, gilbardeira, murta-espinhosa, pica-rato, etc…, nada tem a ver com o verdadeiro a não ser a semelhança das suas bagas vermelhas e a igualmente grande procura dos seus raminhos para a decoração festiva.
Na sequência da diminuição do azevinho, as pessoas começaram a apanhar abusivamente a gilbardeira e agora ambas estão proibidas de ser apanhanhadas assim como também o teixo (Taxus baccata - apesar deste ter outra razão para a devastação: o pastoreio).

Mais recentemente e como resposta à "escassez" destas espécies, vê-se frequentemente à venda a folhagem de medronheiro, apanhadas de igual modo sem critério, o que poderá colocar em risco a curto ou médio prazo também esta espécie.

Pelo que, como proposta mais razoável propomos sem dúvida que cultivemos os nossos próprios azevinhos, num vaso ou no jardim, localizando-o 'naquele local' mais fresco. Obtemos assim a folhagem que precisamos para as decorações natalícias e valorizamos a planta, na medida em que o azevinho suporta bem a poda, rebentando lenta mas abundantemente. 
Sendo nativa em Portugal, o azevinho é já muito usado como ornamental e para formar sebes. Tem preferência pela metade norte do país mas tem também grande capacidade de adaptação, além de contribuir para a melhoria e preservação do solo. (1)


“If you love a flower, don´t pick it up.
Because if you pick it up it dies and it ceases to be what you love.
So if you love a flower, let it be.
Love is not about possession.
Love is about appreciation.” 
OSHO

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Paz, Amor e Murta

Se evidências faltassem de que a historia da Humanidade não é um continuo avolumar de conhecimento adquirido pelas gerações anteriores, do qual nada se perde e ao qual tudo se acrescenta, o generalizado desconhecimento que temos das plantas que nos rodeiam bastaria para começarmos a desconfiar das linhas pelas quais se tem feito o "inexorável" progresso humano.

E no meio da imensidão de plantas que hoje se encontram resumidas a "ervas" indiferenciadas, a murta é, possivelmente,  uma das que mais incompreensivelmente esquecemos. Ao ponto de hoje ignorarmos quase por completo a extensa e rica relação que com ela os nossos antepassados estabeleceram. 

Considerada pelos gregos e romanos como símbolo da Paz e do Amor, a murta era a planta consagrada a Afrodite e a Vénus, divindades nas mitologias grega e romana, respectivamente. Ainda hoje os ramos de murta fazem parte dos bouquets de casamento  de muitas noivas um pouco por toda a Europa, e não é por acaso que  o de Kate Middleton também tinha uns raminhos de uma murta plantada pela rainha Vitoria em 1845. Mas a simbologia desta planta é de tal forma rica e diversa para tantos povos do Mediterrâneo que o melhor mesmo é fazermos uma pequena pesquisa no google e deixarmo-nos surpreender pela quantidade de tradições que a ela estão associadas.

Além da simbologia, a murta é uma planta que exala um agradável  aroma a laranja e cujas características lhe têm conferido múltiplas utilizações, desde medicinal, no tratamento de doenças das vias respiratórias e urinária até ao uso alimentar e condimentar - flores, bagas e folhas, verdes ou secas são facilmente incluídas na confecção de diversos pratos e grelhados. Em diversas regiões de Portugal as suas bagas são ainda usadas na fabricação de licores e noutros países é cultivada para extracção dos seus óleos essenciais utilizados quer pela industrias de perfumaria e alimentar na preparação de molhos e aromatizantes.

Às utilizações acima, e que já não são poucas, nós acrescentamos ainda mais duas: a ornamental e a ecológica. Num jardim  é um  arbusto que pode ser utilizado em sebes ou isolado, que não exige cuidados de maior (prefere solos pouco ou nada calcários, mas também não excessivamente ácidos, bem drenados e sem exposição excessiva ao sol ), suporta bem as podas e as suas bagas são apreciadas por pequenas aves que lhe agradecem o alimento numa altura em que ele começa a escassear - o fim do Outono; Início do Inverno. De referir também que é uma planta que adapta perfeitamente à vida num vaso.

As nossas sementes de Myrtus communis,  colhidas recentemente em murtais do centro de Portugal, são uma boa opção para todos aqueles que pretendem começar por uma aposta segura em matéria de flora autóctone. Com uma temperatura  a rondar os 16º e luz q.b. pode ser semeada em qualquer altura e a sua germinação é praticamente garantida!

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Funcho-marítimo

Funcho-marítimo florido

É a única espécie do género Crythmum e o seu epíteto específico maritimum indica que vive exclusivamente no litoral.
Tal como na maioria das Apiáceas, ressalvando sempre as notáveis excepções como por ex. a conhecida cicuta, toda a planta é comestível, desde as suas folhas carnudas e aromáticas, aos caules e às próprias sementes, estando recentemente a ser descoberta pelas novas gerações de chefes de cozinha.
Cruas ou cozinhadas as folhas sabem levemente a funcho, talvez um pouco mais amargo e são ricas em vitamina C. 
Também do funcho-marítimo é extraído um óleo essencial que é depois usado como digestivo ou na  indústria da perfumaria.

Sementes do funcho-marítimo

É uma planta vivaz, renovando-se todos os anos sob a forma de um pequeno arbusto até 50cm de altura, de cor verde azulada e dando-se preferencialmente nas falésias rochosas do litoral. Para além de todo o nosso litoral, pode encontrar-se também no Mediterrâneo, Ilhas Canárias e costa sul e oeste da Bretanha e Irlanda, norte de África e Mar Negro.
Ao contrário da Canafrecha (Ferula communis) ou das tápsias não tem caules esculturais nem sequer exuberantes e douradas umbelas floridas. Mas em contrapartida recobre-se completamente de flores branco-amareladas, reunidas em umbelas agarradas ao corpo da flor, por volta de Junho a Agosto. 

Tolera muito bem a exposição maritima, e dá-se bem em solos pobres mas bem drenados, como os arenosos - só não gosta de sombra.

É por tudo isto fortemente recomendável para Jardins do Litoral sujeitos a condições adversas como os constantes ventos e maresias.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Sementeiras de Outono com a Sigmetum


 Antes que o Outono acabe, não resistimos a deitar algumas sementes à terra e germinar algumas sementes das espécies que vos temos vindo a mostrar.
Aproveitámos a época de sementeiras da Sigmetum - uma empresa portuguesa  pioneira na experimentação/produção de flora autóctone, que há já alguns anos trabalha em projectos de paisagismo e requalificação ambiental - e  estivemos na passada  sexta feira no viveiro da Tapada da Ajuda em Lisboa onde, com a ajuda da sua equipa, preparámos quatro tabuleiros de germinação.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Dedaleiras

Digitalis purpurea subsp purpurea

Até ao momento publicámos neste blogue postagens sobre duas "famílias de plantas" que consideramos terem um claro interesse ornamental e ecológico para os nossos jardins. Estas famílias - "cardos" e apiáceas (de referir uma vez mais que os cardos não são uma verdadeira família em termos botânicos, mas uma agregação popular) estão longe de estar esgotadas e futuramente voltaremos a outras espécies em que apostamos de olhos fechados (ou quase fechados porque não resistimos a vê-las!).

Porém, como há muitas mais espécies e famílias a quem devemos atenção, começaremos hoje a diversificar o nosso olhar introduzindo duas novas famílias: as Plantaginaceae e as Scrophulariaceae. Colocando as designações e questões botânicas de lado, resumimos apenas o essencial:  são duas famílias com diversos géneros de espécies que todos nós  na realidade já vimos algumas vezes e às quais não ficámos de certeza indiferentes tais são as suas cores e formas.

Uma das mais vulgares e conhecidas é a Dedaleira, cujo nome cientifico Digitalis purpurea  subsp purpurea, faz jus à forma de dedal das suas flores. Mas não é o único nome vulgar pelo qual é conhecida - em algumas regiões de Portugal chamam-lhe "sininhos" e provavelmente terá outros nomes tão curiosos quanto a imaginação dos que a observaram e admiraram ao ponto de terem de  lhes dar um nome. Em Inglaterra por exemplo as plantas do género Digitalis são apelidadas, com algum sentido de humor, claro! de Foxgloves (que traduzindo significa simplesmente "luvas de raposa"!)

Das cerca de 20 espécies de Digitalis que existem nas regiões temperadas da Europa/ Asia e Norte de Africa, calharam a Portugal três, sendo a Digitalis purpurea de distribuição generalizada no nosso território (* ver nota).

É claro que nos nossos garden centers começa já a ser possível encontrar alguma Dedaleiras, vistosas e de diferentes cores, normalmente variedades e cultivares aprimoradas noutros países onde gerações de jardineiros apuraram novas variações. Mas não há necessidade de aperfeiçoar em laboratório o que a nossa Natureza já desenvolveu tão bem e que, no nosso caso, acrescentam a garantia de estarem perfeitamente adaptadas às características e rigores do nosso solo e clima.

Com preferência por solos frescos e pouco expostos  ao sol é uma planta bianual em que as hastes carregadas de "dedais" emergem no segundo ano para satisfação de abelhas e outros e outros insectos que em troca do néctar e do pólen se encarregam da sua polinização.

Extremamente fácil de semear, não requer cuidados especiais e pode facilmente ser semeada com sucesso. Como não necessita solos profundos é uma planta que se desenvolve perfeitamente em vaso podendo embelezar com sucesso qualquer varanda.

De notar que é uma planta cujas partes  - folhas, caule raiz e sementes são tóxicas, possuindo um composto químico que hoje é amplamente utilizado pela Industria farmacêutica. A este propósito e fazendo fé em Jekka McVicar (1), foi no séc XVIII que um médico cientista inglês - William Withering - descobriu pela primeira vez a utilidade desta planta no tratamento de doenças cardíacas. Nada aliás que o "povo" não soubesse já pois a sua utilização em doses certas e acompanhadas por alguém  experiente faz parte da nossa sabedoria popular.

Por fim e porque a foto acima apenas permite um vislumbre da incrível beleza das dedaleiras, deixamos o link para o flora on onde muitas e excelentes fotografias nos mostram todo o esplendor que esta planta pode ter.

* Na edição inicial deste artigo escreveu-se, erradamente, que a Digitalis purpurea subsp. purpurea era endémica de Portugal. Com efeito ocorre de forma forma generalizada quer em Portugal quer em outros países da bacia do mediterrânio. A subsp. que efectivamente é endémica de Portugal, e de distribuição muito mais restrita, é a Digitalis purpurea subsp. amandina, conforme  se pode confirmar aqui na flora on. Pelo erro, as nossas desculpas.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

As Tápsias

Ainda na família das Apiáceas/Umbelíferas, existem várias Tápsias que podemos encontrar em Portugal, mas queremos sublinhar duas pela sua dimensão e pela floração mais exuberante. São elas a Thapsia villosa ou Turbit-da-terra e a Thapsia transtagana.

Turbit-da-terra ou tápsia (Thapsia villosa)

O turbit-da-terra pode ser encontrado por todo o país em clareiras de bosques, taludes e à beira dos caminhos. Já a Thapsia transtagana, está referenciada na metade sul/interior de Potugal e ambas distribuem-se pela parte mais a sul da Peninsula Ibérica, sul de França e NO de África, ou seja, em volta do Mediterrâneo.

Muito semelhantes com a anterior Canafrecha (Ferula communis), as Thapsia são de menores dimensões mas de encanto semelhante. 
O turbit-da-terra, por exemplo, tem a umbela menor mas mais densa e a sua folhagem deixa de ser plumosa para ser rendada, fazendo lembrar as frondes de um feto.

São plantas herbáceas e vivazes pelo que, mesmo perdendo os seus caules florais, as gemas de renovo mantêm-se ao nível do solo, muitas vezes envolvidas pelas  folhas basais em roseta e "revivem" na primavera seguinte. 
Florescem de Abril a Julho, sendo das primeiras umbelíferas a dar flor. E é pela sua floração de um amarelo intenso e brilhante que recomendamos o seu uso como ornamental, pela introdução de 'luminosidade' no meio das outras plantas. 
Preferem solos ácidos, pobres em nitrogénio e não gostam de sombra pelo que podem ser uma boa solução para "aqueles locais difíceis"...
No verão as respectivas umbelas de sementes ficam assim:
                               Umbela da Thapsia villosa             Umbela da Thapsia transtagana

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Cardo Penteador



Menos conhecido que os anteriores não deixa porém de dar nas vistas. Poucos já o conhecem como cardo penteador, mas este era o nome vulgar dado aos Dipsacus - depois de secas, as inflorescências eram utilizadas para cardar a lã.

Em Portugal ocorrem duas espécies de Dipsacus: Dipsacus comosus  e Dipsacus fullonum. A distinção entre elas não é imediata e nem é tarefa fácil. Em ambos os casos as inflorescências são idênticas e com interesse para um jardim. Não só pelos insectos que atraem durante a primavera, que não resistem às suas flores rosa/purpura,  mas também pela sua inegável beleza geométrica.

 Mas esta planta tem mais alguns aproveitamentos possíveis. As suas sementes são bastante apreciadas por pequenos pássaros e as inflorescências, uma vez secas, podem ser utilizadas em pequenos arranjos decorativos sem grandes esforços de imaginação.

Nativa do Sul da Europa, Ásia e Norte de África é considerada invasora em alguns regiões dos Estados unidos. Além da  sua beleza terá certamente contribuído para que fosse levada da Europa o facto de aí ser considerada uma planta medicinal. As suas raízes maceradas em álcool são utilizadas como tonificante das inflamações de músculos e articulações.

Curiosamente do lado de cá do atlântico são outras as suas aplicações medicinais. Recorrendo ao conhecimento do mestre José Salgueiro (1), é uma planta considerada "útil em doenças da pele, tais como acne, eczema e outras" sendo a sua raiz cozida "diurética, sudorífica e aperitiva", entre outras possibilidades!

De referir por fim que é uma planta pouco exigente, de solos e água, e que é bianual florescendo no segundo ano. Porém, como produz sementes com alguma abundância é quase certo que algumas germinarão no ano seguinte possibilitando a sua permanência no jardim.

1 - Ervas, usos e saberes - Plantas medicinais no Alentejo e outros produtos naturais

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A canafrecha

O que mais nos atrai nas plantas?
Canafrecha - Ferula communis     (foto: Wikipédia)

A nós e à maioria dos animais, atrai-nos basicamente a sua capacidade de fornecer alimento. Quer sob a forma de frutos, de flores fornecedoras de néctar, ou da sua folhagem ou raízes. Só nós os humanos, no entanto, nos damos ao luxo de lhes ver, apreciar  e poder “brincar” com o lado estético da sua forma.

As Umbelíferas ou Apiáceas, são ricas nessa faceta das suas espécies.
Hoje apresentamos o caso indiscutível de uma das Umbelíferas que pode alcançar maiores dimensões e que podemos encontrar em Portugal.
A canafrecha ou Ferula communis, encontra-se normalmente à beira de caminhos, taludes e orlas de matos. Sendo nativa da região mediterrânica, dá-se bem em climas áridos e com preferência por solos de origem calcária.
De porte vigoroso, as suas grandes folhas são tão finamente divididas que têm um aspeto plumoso, conferindo-lhes leveza apesar da dimensão ( as suas folhas basais podem alcançar 1m de comprimento). Já o seu escapo floral pode elevar-se desde os 2,5 aos 4 metros de altura, encimado por uma grande umbela de flores amarelas, no verão.

É esta a sua característica notável: é uma planta arquitetural com interesse em jardins informais ou em canteiros de flores. Jardins de clima mediterrânico, jardins mais ou menos silvestres ficam valorizados pelo seu porte colunar e  ao mesmo tempo, a “leveza” das suas folhas contrasta, valorizando a forma das plantas vizinhas.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Uma grande família - Apiáceas ou Umbelíferas

Esta família de plantas é facilmente identificável pelas suas inflorescências em forma de “umbela”, ou chapéu-de-sol.

Antes conhecida por Umbelliferae e agora também chamada de Apiaceae, é uma extensa família, com 300 a 450 géneros contendo 2500 e 3700 espécies, muitas delas aromáticas, medicinais e culinárias, sendo algumas tão nossas familiares como é o caso da salsa, dos coentros, a cenoura, o aipo ou o funcho.
Existe pois uma quantidade apreciável de espécies já conhecidas pelo seu grande interesse económico para a agricultura e com interesse medicinal pela sua riqueza em óleo essenciais. (1)

Mas entre estas e muitas outras espécies menos conhecidas existem fortes razões para lhes dedicarmos um pouco mais de atenção e reconhecer-lhes também o elevado interesse estético e ornamental que merecem. 
Senão vejamos os motivos porque lhe reconhecemos Interesse:

·         Boa adaptabilidade - Com preferência pelas regiões temperadas, podemos encontra-las nos mais diversos biótopos, o que faz dela uma boa matéria para cultivo, desde que escolhido o género ou espécie que mais facilmente se adeque às condições do nosso espaço.

·         Escultural – A diversidade formal e escultórica da sua folhagem revela-nos desde simples folhas inteiras a outras múltipla e finamente recortadas ou variar desde espécies com poucos centímetros de altura até outras de porte arbustivo como o Bupleurum fruticosum, ainda que sejam na sua maioria herbáceas. Esta característica permite introduzir contraste formal com as outras plantas.

·         Aromáticas - São interessantes pelos seus aromas pois são plantas secretoras de resinas e de diversas substâncias aromáticas.

·         Atraem os insectos - Florescem no verão (o que é menos comum no nosso clima) e as suas pequenas flores, agrupadas em maiores ou menores umbelas são extremamente apelativas para os insectos polinizadores e consequentemente enriquecem a biodiversidade envolvente. Este fator, simultaneamente, faz delas boas plantas companheiras, pois atraem joaninhas e muitos outros insetos que apreciam a sua riqueza em néctar, entretendo-os e protegendo as plantas vizinhas do ataque das pragas.

Heracleum sphondylium                  Cenoura-brava (Daucus carota

Uma primeira obervação das espécies mais comuns em Portugal pode ser feita através da página da Flora-on  ou na Flora Digital de Portugal e em breve surgirão AQUI algumas das espécies que consideramos com maior potencial ornamental.

(1) in Flora Ibérica 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Alcachofra de São João

Mais um cardo com inegável potencial ornamental. Embora a blogoesfera já lhe tenha dedicado a merecida atenção, como Francisco Clamote aqui o fez no O Botânico Aprendiz na Terra dos espantos e Fernanda Delgado no Plantas e flores do areal, nunca é demais voltar a ele. Aliás, algo que faremos recorrentemente neste blogue relativamente a outras espécies. Não porque já tudo tenha sido dito sobre elas (embora quase) mas porque nesta matéria, como em tantas outras, o esforço é sempre contra o esquecimento.


Como é referido é uma planta comum sobretudo no Centro e Sul do País. Nos maciços calcários do centro é vulgar encontrá-la a partir de Maio e quase até Agosto. Geralmente de cor lilás mas também de cor branca, a composição das duas cores tem um resultado de sucesso garantido.

A propósito das plantas de flor branca, que por vezes conseguimos encontrar exclusivamente em alguns povoamentos podem ser consideradas uma sub-espécie - Cynara humilis f. alba. 

De referir ainda que à semelhança do Cynara cardunculus em algumas regiões os seus estames eram também utilizados como coagulante do leite no fabrico do queijo.

De fácil germinação as alcachofras de São João são plantas perenes que, vivendo vários anos, são sempre ponto de interesse num jardim. Depois de secarem completamente em Agosto/Setembro renascem novamente nos inícios de Outubro.

Terminamos deixando um link para uma galeria de fotos - Thistle-Gardens - de Sal, um fotógrafo português, que partilha em 145 álbuns a beleza que capta das plantas a que chamamos cardos. A foto da inflorescência branca utilizada na composição foi aí copiada.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Frutos do Outono

Pilriteiro - (Crataegus monogyna)

No Outono, voltam as primeiras chuvas, os dias de vento, dias cinzentos e húmidos. Condições pouco ideais para recolher as pequenas sementes - se ainda as houvesse.

De facto, as sementes de verão como amadureceram mais cedo, são secas, são predominantemente de menores dimensões e muitas vezes providas de mecanismos de dispersão aérea para que facilmente se disseminem pelo vento.

Com o agravamento das condições climatéricas, as leves sementes molhar-se-iam e já não seriam capazes de ‘voar’ grandes distâncias. 

Assim, para as sementes que amadurecem mais tarde, a natureza 'criou' os frutos. Nos frutos, as sementes encontram-se protegidas de uma quantidade maior ou menor de polpa, até que amadureçam. Exibem cores atractivas para que os animais, em especial as aves, as comam e dispersem nas imediações, após a passagem pelo seu parelho digestivo.

Habitualmente conhecemos melhor os frutos cultivados e que estamos habituados a colher para comer nesta altura como os figos, maças, castanhas, uvas, avelãs, azeitona, nozes, amêndoas entre muitos outros.

Mas existem também os frutos silvestres, apreciados sobretudo pela fauna selvagem. O medronho (Arbutus unedo), o pilrito (Crataegus monogyna), a salsaparrilha-bastarda (Smilax aspera), as bagas do sabugueiro (Sambucus nigra) e da murta (Myrtus communis) entre muitos outros, são alguns exemplos de frutos que constituem uma importante reserva de alimento para o período frio que se aproxima e que 'enfeitam' as nossas matas, florestas e suas orlas.

Norça-preta ou Arrebenta-boi (Tamus communis)

Muitos destes frutos silvestres, a par das próprias plantas, possuem um interesse ornamental pela introdução de cor nos jardins, como é o caso do azul metálico dos frutos do folhado (Viburnum tinus), do vermelho dos frutos do pilriteiro, ou das roseiras-bravas. 

E podem além disso ter uso quer medicinal quer culinário. É o caso dos medronhos, usado na culinária e nos licores, o caso do arrebenta-boi ou norça-preta, usado como planta medicinal com propriedades anti-reumáticas, à semelhança da salsaparrilha-bastarda (apesar das suas bagas serem tóxicas).

                   Salsaparrilha-bastarda (Smilax aspera)       Folhado (Viburnum tinus)

 Por todas estas razões, os nossos pequenos ou grandes jardins, poderão passar a ser também um reservatório de frutos não só atraindo avifauna, mas também para as nossas próprias receitas caseiras.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Cardo leiteiro

Ou cardo do coalho, ou cardo manso ou ainda alcachofra na região centro de Portugal. O Cynara cardunculus é um dos cardos com maior potencial ornamental e paisagístico. De muito fácil germinação é uma planta perene pouco exigente quer de solos quer de água. Além das folhas, que podem atingir um tamanho considerável e cuja cor verde cinza  contrasta bem junto de verdes mais escuros de outros arbustos, oferece generosas e intensas florações entre Maio e Julho que são um eficaz chamariz de insectos e borboletas.

Mas o seu potencial não é apenas ornamental/paisagístico. Em rigor o interesse do Homem por esta planta é muito anterior remontando, pelo menos, ao período romano. Sendo aparentada com a conhecida alcachofra comestível, Cynara scolymus, utilizada na cozinha de outros países e que hoje começa a ser vulgar encontrarmos disponível nos nossos supermercados, esta nossa espécie também fazia parte da alimentação popular sendo utilizados os caules e as folhas quando tenros.

Como indicam os seus nomes vulgares era no passado amplamente utilizada no fabrico de queijos, aproveitando um dos seus elementos químicos - a cardozina, principio activo coagulante, presente nos estames das suas flores. Embora a "industrialização" dos processos de fabrico tenha afastado o coalho de cardo da fabricação de queijo, o sabor característico que o seu uso dava tem levado, nos últimos anos, ao surgimento de iniciativas que visam a sua reintrodução de forma inovadora no fabrico artesanal de produtos de elevada qualidade. Uma dessas iniciativa é o projecto CARDOP, desenvolvido por uma equipa liderada pelo Prof. Paulo Barracosa da ESAV  - Escola Superior Agrária de Viseu, que ao longo dos últimos dois anos e com resultados visíveis têm trabalhado no estudo e e valorização do cardo na produção de queijo DOP Serra da Estrela.

Popularmente também lhe são reconhecidas diversas propriedade medicinais, nomeadamente para o tratamento de problemas hepáticos, e que hoje são alvo da crescente atenção (e valorização!) da industria farmacêutica.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Uma tarefa espinhosa!

Foto obtida na commons wikimedia

Mas afinal de que espécies autóctones falamos quando dizemos que muitas delas têm potencial ornamental para saírem dos campos e saltarem para os nossos espaços verdes?

Esta não é uma resposta difícil - existem mais de 4000 espécies autóctones na nossa flora!! e já começam a haver muitos que se dedicam a explorar o lado ornamental das nossas plantas como é o caso do Arquitecto paisagista Rafael Carvalho que há quase dois anos nos dá boas sugestões no seu blogue Jardim Autóctone, mas no fim do mês de Outubro, época de dias curtos em que já só nos lembramos vagamente de algumas plantas que vimos na " longínqua" Primavera, pode ser uma tarefa mais espinhosa.  Porém é nesta altura que os jardins que queremos ter na Primavera devem ser planeados.

O Outono é a melhor época para colocar árvores e arbustos na terra, mas também uma boa época para semear e fazer germinar muitas das sementes de arbustos e plantas plurianuais que irão florescer a partir de Março do próximo ano - um principio geral de jardinagem independentemente das espécies em causa serem autóctones ou não.

Esta e as próximas entradas irão colocar a atenção em algumas plantas que se semeadas agora poderão ser transplantadas para os seus locais definitivos na Primavera.

Entre essas espécies estão as que nos habituámos a ouvir chamar de "cardos". Um conjunto bastante heterogéneo de plantas com nomes populares tão diversos como cardo mariano, cardo marítimo ou alcachofra, para citar apenas alguns - mas que na realidade pertencem a diferentes géneros botânicos.

 Em rigor, o nome "cardo" não é uma classificação cientifica mas apenas uma forma popular de agregar no mesmo saco "espécies de "plantas tramadas com espinhos". Como qualquer outra generalização é útil, mas injusta porque nos impede de realmente ver o seu interesse ornamental e de quão belas podem ser.

Das espécies etiquetadas como  "cardos" há um género que possui inegável interesse: O género Cynara. Um interesse tão óbvio que não passou despercebido noutros países como França e Inglaterra. A fotografia acima é um exemplo disso e de que para outros povos os nossos cardos até podem ficar bem num jardim!!

Mas a verdade tem que ser dita. A sua beleza é apenas a ponta icebergue! No caso dos Cynara o seu interesse vai muito para além do seu aspecto estético e é de tal forma vasto que seriam necessários vários artigos se lhe quiséssemos fazer justiça. Daí que sejamos forçados a recorrer à técnica do suspense e a fazer uma pausa.

A nossa próxima entrada será sobre a espécie Cynara cardunculus L., utilizada num jardim inglês e cuja foto colocámos acima.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A importância da vegetação autóctone

Quem resiste aos encantos cromáticos dos bosques e florestas, dos matos mediterrânicos, dos campos em pousio e das coloridas bermas das nossas estradas, de norte a sul de Portugal, sobretudo desde finais do inverno até aos princípios do verão?

À velocidade a que passamos podemos até reparar nas manchas de cor, mas é quase certo que não pensamos na grande diversidade floristica e faunistica que compõem aquelas unidades. 
É nestas zonas que ainda encontramos ou que se vai instalando um tipo de vegetação a que chamamos autóctone, isto é, natural, espontânea ou originária desse mesmo território.

No entanto, se depois da grande mancha que define o ecossistema atentarmos um pouco mais de perto até somos capazes de encontrar entre essa 'multidão', num ou outro recanto mais protegido da ‘impiedosa intervenção humana’, algumas espécies capazes de competir com as mais populares exóticas preferidas na maioria dos jardins.

É esse potencial ornamental de algumas espécies que é interessante valorizar fazendo com que “saltem para os nossos jardins” ou que se propaguem pelos nossos campos, enriquecendo-os não só em termos estéticos mas também em termos de biodiversidade.

E como vamos saber quais as melhores plantas para usar no nosso jardim?
Nada melhor que começar por observar os 'espaços naturais' envolventes e ver o que mais se assemelha às condições de solo, humidade e luminosidade do nosso espaço.

Se privilegiarmos as plantas que provavelmente e naturalmente existiriam no local do nosso jardim, sem dúvida obteremos uma grande economia na sua manutenção, quer por melhor resistir a períodos de seca prolongada quer pela maior resistência às pragas e doenças, haverá um enriquecimento na fauna  que passará a visitar o jardim,  e uma dinâmica formal muito maior ao longo do decorrer das estações do ano.
Para não falar do valor que muitas dessas plantas têm pelas suas propriedades medicinais, aromáticas ou até mesmo condimentares.

Esta reaproximação com a vegetação autóctone já aconteceu com algumas espécies mais conhecidas como o folhado, Viburnum tinus, como as bocas-de-lobo (Antirrhinum sp), como o alecrim (Rosmarinus officinalis), como o rosmaninho (Lavandula stoechas) e muitas outras aromáticas em voga, mas consideramos que MUITAS MAIS têm potencial para ornamentar os nossos jardins.

Assim como as bermas das nossas estradas, se forem cuidadas e mantidas em vez de trucidadas por ex. pelas mondas químicas, estaremos a fazer a preservação natural de todo um banco de sementes riquíssimo e a potenciar as melhores condições para a vivência em harmonia de toda uma fauna que aqui se alimenta e abriga, desde pequenos roedores a uma infinidade de insetos e sobretudo às nossas indispensáveis e laboriosas abelhas.
É sempre bom lembrar outros países, considerados mais desenvolvidos, como no Reino Unido, que depois de procederem à “limpeza” e quase eliminação da vegetação 'dita daninha’ nas bermas das estradas, andam agora a proceder artificialmente à reconstituição da antiga diversidade.

Porque “mais vale prevenir que remediar”, cabe a todos nós e sobretudo a cada um, aprender com os erros dos outros e atalhar, pois basta para isso não estragar os nossos recursos naturais e o que temos de melhor e conferir-lhes o merecido valor.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O Projecto

Nos últimos anos o interesse pela flora autóctone tem crescido junto de um número cada vez maior de interessados e apaixonados pelo seu inegável valor ornamental e paisagistico.

Sementes de Portugal é, em grande parte, fruto da energia e dedicação de bloguers que, como o dias com árvores, o botanico aprendiz na terra dos espantos, florestar.net, entre tantos outros, dedicaram e dedicam uma boa parte do seu tempo a partilhar generosamente tudo o que sabem e vão descobrindo sobre a nossa flora autóctone.

Paralelamente, cada vez mais profissionais da arquitectura paisagista e entidades estão conscientes das potencialidades de muitas das nossas plantas. Em projectos de espaços verdes, as plantas autóctones, se correctamente utilizadas, contibuem para a criação de jardins menos exigentes de recursos (nomeadamente água), bem integrados no meio e que, simultanemente, sao ecossistemas de um sem número  de pequenos seres vivos que neles habitam.

Porém a sua utilização é ainda diminuta. Comparativamente com espécies de outras latitudes, a flora autóctone é ainda pouco utilizada nos nossos jardins publicos e privados. E não é por as pessoas não gostarem da nossa flora! Na maioria das vezes é simplesmente por desconhecimento!

Sementes de Portugal pretende precisamente contribuir para um maior conhecimento e utilização da nossa flora.

Na esteira de tantos divulgadores que nos ensinaram a gostar de flora autóctone, é nosso desafio prosseguir e ajudar na divulgação das espécies que, com maior potencial ornamental e paisagistico, podem ajudar  na valorização dos nossos recursos endógenos.

Por outro lado, propomo-nos disponibilizar um catálogo de sementes que, recolhidas por uma rede de colectores conhecedores da nossa flora, em locais seleccionados e com garantias de germinação, permitirão  a muitos interessados a inclusão de espécies da sua preferencia nos seu espaços verdes.


Cristina Reboleira&João Gomes