Depois do Sabugueiro, arbusto de grande porte que revisitámos no nosso último post, destacamos hoje a nossa atenção a uma outra espécie silvestre, herbácea anual, que sendo igualmente muito útil tem a vantagem de não necessitar de solos profundos e poder crescer em qualquer floreira ou varanda urbana.
Apesar de não ser a primeira vez que escrevemos sobre ela, aproveitamos a oportunidade para sintetizar o que de mais relevante importa saber desta espécie silvestre que ocorre naturalmente em quase todo o país mas incompreensivelmente passa despercebida à maior parte de nós.
Começamos pela singularidade da cor. O Azul não tem fama de ser a cor da realeza por acaso. É que na Natureza é a cor que menos ocorre, sobretudo se comparada com a profusão de amarelos e verdes, muito mais frequentes, o que explica ter sido apropriada como a suposta cor do sangue das "algumas famílias" em posição dominante. Devemos no entanto dizer que em matéria de Azul as espécies silvestres da família da Borragem - as boraginácias - não se fazem de rogadas e é possível encontrar outras tonalidades ainda mais vibrantes, como as da Anchuza azurea, a nossa preferida, e as de Pentaglottis sempervirens.
Muito pouco exigente em matéria de solo ou nutrientes, a Borragem tem ganho mais visibilidade nos últimos anos graças ao que que poderemos apelidar de qualidades: È das primeiras espécies a florir no final do Inverno; tem uma floração demorada e abundante - Até ao fim de Abril/ início de Maio e as suas flores, além de muito apreciadas pelas abelhas pelo seu néctar, são ....comestíveis!
A utilização das suas flores em forma de estrela e com sabor a pepino, seja em saladas ou como elemento decorativo, é já hoje vulgar na cozinha mais exigente. Além do sabor e dos nutrientes alimenta os olhos, o que não é de minimizar.
Mas não são só as flores que são comestíveis. As suas folhas enquanto jovens entram bem em saladas e depois disso, se maduras e mais rugosas, têm em infusão diversas aplicações fitoterapêuticas , sendo indicadas no combate a bronquites, resfriamento e tosse.
Dos muitos usos que é possível dar á borragem, e que é possível descobrir em diversos livros e publicações, fazemos ainda referência a um que Miguel Boieiro partilha no seu livro "Plantas para curar e comer" num texto dedicado a esta espécie: o de cataplasma como máscara de limpeza da pele, ao jeito dos feitos com pepino e iguais resultados ao limpar e tonificar a pele.
De referir por fim que a sua germinação não apresenta quaisquer dificuldades e, uma vez em planta e para melhor desenvolvimento, apenas é necessário não lhe faltar com água!
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