Este ano, numa simbólica e feliz coincidência, comemoramos o nosso Dia da Liberdade a "resumir" o que de mais marcante aconteceu na conferência de Primavera da Associação de Jardins e Plantas em climas Mediterranicos, realizada este fim de semana em Lagos.
É possível que para muitos que lêem estas palavras o tema da jardinagem e dos espaços verdes criados pelo Homem, seja, à partida, um tema acessório, pouco relevante e nada prioritário no meio das tantas urgências que nos assolam. Mas quem nos segue há mais algum tempo sabe com segurança qual é a visão que partilhamos sobre o tema: Um JARDIM é e será sempre uma das melhores sínteses civilizacionais que poderemos mostrar a alguém. Que é reveladora da forma como um povo quer e consegue viver em sociedade e com os elementos que lhe foram oferecidos.
Uma vez aceite isto, as questões que se colocam são essencialmente práticas e de como passar à acção fazendo uso dos mais diversos conhecimentos, detidos por investigadores, biólogos, arquitectos, botânicos, viveiristas e jardineiros, na construção desses novos e renovados espaços de lazer e fruição. Ousando e, sobretudo, desafiando o medo. É que também neste tema, aparentemente tão circunscrito, faz todo o sentido celebrar a que possivelmente é a mais sólida conquista do dia que hoje comemoramos: O direito a perder o medo, a arriscar e a deixar as grilhetas do "sempre foi assim, para quê mudar".
Expectavelmente, das diferentes palestras destacamos duas: a de Olivier Filippi (AQUI)e a de Miguel Coelho de Sousa (AQUI). O primeiro que, numa vibrante apresentação, partilhou a sua visão para uma nova geração de jardins para a região mediterrânica e que se propõe criar algo que nunca existiu antes, tirando partido da incrível bio-diversidade da nossa região. O segundo, a demonstrar nos seus últimos projectos que também nesta área Portugal dispõem de profissionais que estão a ousar, a reflectir e a trabalhar sem medo.
A expressão "Jardim Seco" não é na nossa perspectiva a tradução mais feliz. Na realidade o que estamos a falar é de Jardins sem "complexos e onerosos" sistemas de rega, e desenhados tendo em atenção as condições particulares do espaço, solo e clima. Não são secos. São verdes, plenos de cor e vida. Espaços de fruição para nós e para um sem número de outras formas de vida que farão dos nossos jardins espaços ecologicamente dinâmicos e mais sustentáveis. Com "novas" espécies de plantas, que na realidade não são novas e sempre estiveram ao nosso lado, como vimos nas duas saídas de campo na praia da Amoreira (Aljezur) e no Cabo de S. Vicente (Sagres). Com mais humildade, pois algures ao longo do ano saberemos conviver com menos verde e mais secura. Com mais economia de recursos, de energia e de água.
Para terminar deixamos duas sínteses de fotos dos inspiradores percursos que ao longo do fim-de-semana tivemos o privilégio de fazer, conduzidos pelo biólogo Udo Schwarzer e pela Arquitecta Paisagista Claudia Schwarzer (praia da Amoreira) e pela guia de Natureza Carla Cabrita (Arribas do Cabo de S. Vicente):
À APPJCM e em particular ao Rob e e à Rosie Pad, o nosso obrigado e os parabéns pela forma excepcional de como decorreu a conferência.
Nota - A primeira foto, de um jardim de Olivier Filippi, foi obtida AQUI
Gosto do conceito dos jardins secos. Para mim, é o que faz sentido por respeito à água e também como ajuda às abelhas e até à carteira.
ResponderEliminarParabens Joao,
ResponderEliminarpalavras de inspiração, cada jardim tem o poder de nos fazer sentir bem!