Ao contrário de muitos outros países europeus onde a horticultura tem raízes profundas, em Portugal o gosto pelas plantas foi durante muito (demasiado) tempo um interesse pouco mais do que bizarro quase confinado aos departamentos de botânica do nosso país. E não era por o nosso povo não ter estabelecido proveitosas relações com as plantas que nos rodeiam. Pelo contrário. De forma talvez simplista, diríamos que as décadas de 80 e 90, sobretudo, assistiram a uma desvalorização de tudo o que pudesse estar relacionado com o campo e a Terra.
Felizmente, ao longo dos últimos 10 anos podemos dizer que o interesse em resgatar conhecimentos antigos e preciosos tem crescido de forma inequívoca! E neste movimento, no qual nos gostamos de incluir, o papel de divulgadores que de forma apelativa conseguem fazer a ponte entre a academia e outras fontes de saber em matéria de flora, é vital.
A Fernanda Botelho, https://malvasilvestre.blogspot.com/, de quem temos o privilégio de sermos amigos, é inequivocamente em Portugal a maior e melhor divulgadora das muitas potencialidades e qualidades das plantas. Seja ao nível medicinal e alimentar - no fundo muitos compostos químicos benéficos para a nossa saúde já são sintetizados de forma natural em muitas espécies!, mas também ecológico dada a sua importância no fornecimento de alimento a um sem número de formas de vida.
Ao longo dos últimos 10 anos foram muitas as publicações da Fernanda Botelho - Desde agendas e livros infantis, passando por livros focados no tema das plantas e da Saúde. Mas se isto já seria muito, a presença regular quer em programas de televisão quer em actividades de divulgação em escolas de Norte a Sul do país, fazem-nos morrer de inveja pela sua inesgotável energia e paixão.
A agenda do próximo ano 2020 tem por tema as plantas medicinais e comestíveis da nossa flora Silvestre, um tema escolhido no contexto dos muitos movimentos que um pouco por todo o lado se insurgem contra a aplicação generalizada e sem qualquer critério lógico de herbicidas para "controlo de ervas daninhas". Um dos textos de introdução é da nossa autoria e nele, tal como os elaborados pelos biólogos Fernando Neves de Sousa e Ivo Meco, procuramos desmistificar essa expressão tão redutora que é a de apelidar de "daninhas" um sem numero de espécies que poderíamos usufruir de forma vantajosa e mais sofisticada.
Além de fichas sobre 53 espécies, entre as quais a malva-real, o cardo-mariano ou o funcho, para dar alguns exemplos, a agenda tem uma secção final com receitas culinárias e belíssimas fotos! OK, é verdade que quase não dá vontade de escrever nela de tão bonita que é! Mas numa altura em que quase toda a nossa vida está em formato digital algures em tablets e telemóveis, os factos mais relevantes das nossas existências merecem serem planeados de forma analógica. E este é melhor suporte em papel!
Muita grata João por esta partilha e obrigada também pelo teu texto de introdução.
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