terça-feira, 18 de abril de 2017

Um dia vou oferecer cravos...


....o próximo dia 25 De Abril será o dia!

E para muitos de nós essa é uma extraordinária tradição que muito simbolicamente repetimos há 43 anos, desde 1974.

Um dia de tal forma fundador, que assinalámos em 20152016. mas que este ano comemoraremos com uma edição especial de sementes de cravos vermelhos.

Apesar de existirem belíssimas espécies do género Dianthus na nossa flora autóctone, são 9 de acordo com o portal FLORA-ON, da Sociedade Portuguesa de Botânica, os cravos  vermelhos que ficaram indissociavelmente ligados a Portugal são de um cultivar, isto é de uma espécie que outrora  existia na Natureza e que ao longo de dezenas de gerações foi sendo domesticada e apurada para produzir flores mais exuberantes e mais perfumadas.

Por regra nós preferimos as singelas flores silvestres nativas, todavia não sendo nós ortodoxos, tomamos como nossas as espécies que se fizeram silvestres e ganharam direitos de cidadania (os acantos, os ciprestes, as olaias ou as capuchinhas são alguns exemplos).  O que vale também para os cultivares, sendo que este, muito em particular, entrou nos genes da nossa identidade. Daí que seja com muita satisfação que este ano nos associamos ao tributo que todos devemos à nossa revolução de 1974.

Por razões incompreensíveis alguns de nós vêm no cravo uma flor partidarizada. Mas não é, nem pode ser visto dessa maneira! É altamente politizada sim, mas ao nível do melhor que podemos almejar. Um símbolo de um acontecimento maior da nossa Historia que de forma única  nos conduziu sem mortos nem guerra à Democracia e à Liberdade: um valor, senão "O valor", fundamental da nossa sociedade.

Um símbolo que por mero acaso  tem a génese num "banal" acto de generosidade da senhora Celeste Caeiro que naquele dia, não tendo mais nada para oferecer aos soldados que se movimentavam nas ruas, deu o que tinha a um deles: um enorme ramo de cravos, que os soldados prontamente distribuíram e colocaram nos canos das espingardas.

Há actos singelos de enormes repercussões! E este é um bom exemplo de como até os maiores eventos podem ter origem  em nano-atitudes. microscópicas, desinteressadas e sem qualquer pretensão de perdurarem para a eternidade. Teria  sido a nossa revolução diferente se Celeste Caeiro não tivesse oferecido cravos naquele dia? Talvez não, porque somos um povo de paz, mas graças a ela e para o mundo inteiro, a flor de Zeus (Dianthus em latim quer dizer isso mesmo) juntou-se ao já nosso já imenso património colectivo e é hoje reconhecido como um símbolo de Portugal!

À senhora Celeste Caeiro, hoje com 83 anos, que há 43 disse que um cravo se oferecia a qualquer pessoa, o nosso obrigado e sincera homenagem!


Nota Final - A nossa edição especial de sementes de cravos vermelhos estará à venda a partir de hoje exclusivamente nas lojas da Vida Portuguesa e da Bairro Arte. Não estará disponível na nossa loja On-line. O 25 de Abril fez-se nas ruas e é nelas que é obrigatório celebrar o dia em que o Povo saiu à rua e pôs termo a uma ditadura de 48 anos. Para que pelo Chiado, Cedofeita, Clérigos, Bairro Alto, Intendente, Alcântara, Cais-do-Sodré possamos voltar a sentir a brisa da liberdade e fraternidade como naquele dia, são os nossos votos!



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