A primeira quinzena de Abril é regra geral uma boa semana para jardinar, mas quando a mesma coincide com a Páscoa e se tem a sorte de ter uma semana de férias, então é certo e garantido que se terá uma semana perfeita!
Em sentido lato, ocuparmos-nos dos jardim, de plantas ou de flores vai muito além das opções eminentemente estéticas. Não é obrigatório, mas se não tivermos dificuldade em perceber o valor simbólico de quase tudo o que nos rodeia, então o exercício sai claramente beneficiado.
Vem isto a propósito de hoje ser o Domingo de Ramos, uma data especial para todos os cristãos e que marca o início da semana-santa e das celebrações pascais que culminarão no próximo Domingo de Páscoa. É verdade que para alguns isto é tema que só interessa a católicos praticantes, porém mesmo que nos tenhamos expurgado de todas as práticas, continua a existir em nós, enquanto sociedade de matriz judaico-cristã, uma dimensão espiritual que é inerente à nossa própria humanidade.
O Domingo de Ramos, a par do Dia das Maias e do Dia da Espiga, é um desses dias que gostamos de assinalar. Por fazerem parte do nosso património imaterial mas sobretudo pelo seu forte e perfeitamente actual simbolismo. Como referimos AQUI, há cerca de dois anos, assinala a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, recebido por uma multidão em euforia que o acolheu como um rei, com palmas e ramos de oliveira. Os trágicos eventos que se seguiram a esta festiva recepção são conhecidos de todos nós e mudaram irreversivelmente o curso da historia da humanidade nos 2000 anos seguintes e demonstram que naquela altura, como agora, se pode passar de bestial a besta com sem grande dificuldade. Alguns dias mais tarde e devidamente manipulada, a mesma multidão que o acompanhou pelas ruas em festa, exigiu sem qualquer dúvida a sua crucificação!
Qualquer semelhança com os dias de hoje será naturalmente pura coincidência, mas são demasiadas as leituras que podem ser recolhidos dos factos para que se deixe passar o dia em vão, apenas porque não se é católico dito praticante!
Dai que, mesmo que não se tenha intenção de participar em nenhum procissão de ramos, das muitas que hoje se realizaram por todo o país, valha sempre a pena constituir um ramo. Não há propriamente uma lista fechada de quais as espécies que o devem integrar e, além dos ramos de Oliveira, Alecrim e Rosmaninho, para nós essenciais, quaisquer outras flores podem entrar na composição e o gosto com que se fizer determina que fique abençoado. Neste juntámos tremoço-amarelo (Lupinus luteus), bocas-de-lobo (Antirrhinum cirrhigerum) cristas-de-galo (Gladiolus italicus) e erva-das-sete sangrias (Lithodora prostrata).
Sem comentários:
Enviar um comentário