Das muitas falhas que temos há umas mais flagrantes que outras, mas esta era imperdoável! Há mais de 3 anos a publicar sobre espécies da nossa preferência e ainda não tínhamos partilhado uma simples publicação sobre um dos géneros mais ornamentais que temos na nossa flora nativa: As urzes!
A demora tem alguma razão de ser e prendia-se com as dúvidas que tínhamos sobre como recolher e seleccionar as suas (minúsculas) sementes, mas também porque com frequência ouvíamos referir que era extremamente difícil germinar as suas sementes, e que a única solução seria propagá-las por estacaria. Como entretanto as experiências que temos feito nos têm demonstrado precisamente o contrário, sendo até relativamente fácil obter urzes por sementeira, arriscamos-nos agora a incentivar a sua utilização em jardinagem.
Sugestão que, refira-se, nada tem de inovador. Quando chega o Outono, os nossos garden-center enchem-se de cultivares de urzes, provenientes de viveiros especializados, e que enchem o olho de toda a gente! Mas como entre cópias e originais preferimos quase sempre os últimos, não há razão nenhuma para não utilizar duas das espécies autóctones mais vistosas que temos: a Erica lusitanica, branca e regra geral conhecida como Urze, e a Erica australis, normalmente conhecida por Urze-vermelha (embora as suas flores sejam de cor rosa!).
Ambas as espécies são arbustivas, alcançando facilmente os 2 metros de altura, e a partir de fins de Janeiro até meados de Abril cobrem-se, literalmente, de milhares pequenas flores em forma de campânulas. Para satisfação das abelhas que as polinizam mas às quais é impossível ficar indiferente pela inequívoca beleza do efeito estético que proporcionam.
Embora na Natureza não surjam juntas, nada impede que o façamos em jardinagem beneficiando dos seus contrastes cromáticos. Em regra preferem solos ácidos ou siliciosos (arenosos, por exemplo) mas pelo que observamos não é requisito essencial. Preferem isso sim solos frescos e que retenham humidade durante grande parte do ano, se possível com sombra e virados a Norte (o que serve sobretudo para a E. lusitanica). A E. australis, tolera melhor a exposição solar mas também não é forçoso que assim seja.
Uma palavra final para a família destas duas espécies, as Ericácias, e à qual pertencem os Medronheiros (Arbutus unedo), as Camarinhas (Corema album) e os populares mirtilios. Para além de outras espécies vulgarmente conhecidas como urzes, como partilhou há cerca de dois anos a Fernanda Nascimento no seu blogue Flores do Areal - AQUI - e cuja leitura recomendamos!
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