domingo, 16 de abril de 2017

Sugestões de jardinagem V


Com a Páscoa a chegar ao fim não queríamos terminá-la sem partilhar mais uma sugestão de jardinagem inspirada por uma das paisagens nossas preferidas!

É um facto que esta é uma sugestão que não está ao alcance de todos, pois será necessário algum espaço, mas se houver alguém que podendo fique com vontade de o fazer depois deste nosso post, já valerá a pena!

As Olaias, que para muitos é apenas nome de bairro de Lisboa, são uma árvore frequentemente utilizada em espaços públicos. Poderemos não a conhecer pelo nome, mas todos nós já passámos certamente por elas e apreciámos,nos princípios da Primavera,  a sua abundante floração cor-de rosa que é prévia ao aparecimento das folhas. 

Os Freixos, outra árvore pela qual passamos com frequência sem conseguir chamá-la pelo nome, povoa as margens de rios e ribeiras de todo o nosso país e é provavelmente a espécie ripícola (para quem não sabe, ripícola refere-se ao que habita nas margens dos rios) de maior porte que temos e as suas qualidades e currículo deveriam dispensar aqui quaisquer apresentações. 

Ambas as espécies são frequentes, os freixos mais em linhas de água e as olaias mais em espaços urbanos, mas quase raramente as vimos juntas. E é juntando a luminosidade do verde das primeiras folhas dos Freixos com a exuberância dos rosas das Olaias que ambas se transcendem proporcionando magníficos efeitos estéticos.

Dissemos raramente, porque por vezes o "acaso" proporciona-nos o encontro das duas espécies. E o médio Tejo, de Abrantes a Santarém, Entroncamento, Torres Novas e arredores estão cheios de galerias ripicolas de Freixos, salgueiros, amieiros e choupos pontuados aqui e ali por Olaias.

Sabendo nós que a Olaia nem é uma espécie autóctone - embora por cá esteja há muitos séculos, possivelmente trazida pelos Romanos do médio-oriente, não deixa de ser curioso tentar perceber quem as ali pôs e com que intenção. Não lhe são conhecidas mais-valias económicas e pela madeira não será, pois é de crescimento lento. Resta-nos a suposição de que foi mesmo pelas necessidades imperiosas de beleza, que até os simples têm, queos agricultores desta região fizeram questão de as juntar aos freixos que bordavam as linhas de água.

Salvo opinião em contrário as Olaias, árvores de médio porte da família das leguminosas denominadas  Cercis siliquastrum, não são invasivas e requerem pouco ou nenhum cuidado. Têm um crescimento lento e preferem solos húmidos, embora também sobrevivam em solos mais secos.

São pois o que poderíamos chamar de "árvores exóticas que ganharam direito de cidadania" tantos são os séculos que por cá andam!

Por fim e porque estamos na Páscoa, uma referência que não é de somenos importância. As Olaias são igualmente conhecidas como sendo a árvore-da-judeia ou árvore-de Judas, por se acreditar que foi numa delas que Judas Iscariotes pôs termo à sua vida depois de se seduzir por 30 moedas prata. A ser verdade, fica evidente a compaixão de quem lhe preservou o nome. Razão talvez pela qual as Olaias sejam ainda e também vulgarmente, conhecidas por.... Árvores-do-Amor!

Para terminar e para desfazer quaisquer duvidas sobre os méritos desta nossa sugestão, um link para um artigo que a Teresa Chambel escreveu há quatro anos no seu blogue Um Jardim para cuidar:AQUI.

4 comentários:

  1. É engraçado, João. No citado artigo da Teresa Chambel ela diz que a árvore é de crescimento rápido.

    Paulo

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  2. O que é um paradoxo! Pois.. a minha experiência diz-me que não é assim tão rápida a crescer, mas é bem possível que seja só má sorte minha! pelo sim pelo não e para nao criar expectativas demasiadas optei por a referir como sendo de crescimento lento. Se for mais acelerado.. melhor :-)

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  3. Talvez a sua experiência não esteja errada, João. É que eu tenho uma olaia no meu quintal e ela também tem tido um crescimento lento!

    Paulo

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  4. Já plantei umas quantas em solo urbano, em 2005, penso, e o crescimento tem sido lento, mas já começam a ficar bonitas! Av Combatentes da Grande Guerra, Leiria.

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