Visita ao Jardim Botânico da Ajuda e aos viveiros da Sigmetum , dia 2 de Maio 2015.
A primeira conferência de Primavera realizada no passado fim de semana no Estoril pela Associação de Jardins e Plantas em Climas Mediterrânicos de Portugal teve como tema central o Jardim Português - Passado, Presente e Futuro. O programa da conferência, desde visitas a jardins a palestras dadas pelos que mais e melhor se ocupam do tema, proporcionou aos participantes, residentes em Portugal e não só, três dias que foram uma boa síntese do que melhor se fez, está a fazer e pode ainda ser feito pela jardinagem em Portugal.
Para nós, um projecto centralizado nas sementes de flora nativa e espontânea, foi a oportunidade de reforçarmos a nossa convicção de que em Portugal, á semelhança de noutros países europeus onde a nossa flora é já hoje integrada em inúmeros projectos, há espaço e (muito!) para colocar a flora silvestre num lugar central das nossas hortas e jardins.
As palestras dadas pela Dra. Sónia Azambuja sobre Jardins notáveis Portugueses; pelo Dr. Jorge Paiva sobre o incrível projecto liderado pelos professores da Escola Secundária de Barcelos que ao longo dos últimos 30 anos instalaram um jardim- Arboreto de flora autóctone; pela Ann e Jean Paul Brigand acerca das potencialidades económicas que poderiam decorrer de uma maior valorização dos nossos jardins notáveis e, por fim pelo Gerald Luckhhurst, sobre o emocionante projecto de recuperação concretizado nos jardins de Monserrate, proporcionaram uma perspectiva ampla dum tema que é fascinante, vasto e inesgotável.
Um jardim é sempre um exercício de tentativa de ordenação do caos pelo Homem. Nele concorrem inúmeras disciplinas e artes que de forma harmoniosa e subtil procuram recrear partes do paraíso celeste aqui na terra. Seja para lazer e recreio, produção de alimentos, propositos espirituais ou simples deleite estético; mais ou menos artificiais ou informais, nada num jardim existe por acaso. Como os de outras paragens, os nossos jardins condensam as nossas formas de vida, de estar, da nossa relacão com os elementos e são certamente uma das artes mais reveladoras da nossa identidade enquanto pessoas e povo. Com uma particularidade: Os bons jardins nunca são exercícios antropocêntricos e neles o Homem nunca se propõem a viver sozinho. Tudo o que vive pode lá ter lugar.
E nesta perspectiva esta primeira conferência de Primavera sobre o Jardim Portugês foi mesmo uma lufada de ar fresco. Uma oportunidade única para tomar contacto com as questões principais que têm de ser abordadas se quiseremos que uma nova, ambiciosa e inspirada forma de olhar para os jardins tome conta de nós todos.
À organização, aos conferencistas, aos que abriram a porta dos seus jardins, ao Jardim Botânico da Ajuda, à Sigmetum e em especial aos incansáveis Rosie e Rob Paddle que trataram de todos os detalhes para que tudo ocorresse na perfeição, os parabéns e o nosso obrigado!
Sem comentários:
Enviar um comentário