quinta-feira, 14 de maio de 2015

Dia da Espiga



Depois de alguns dias fora de portas regressamos com olhos renovados ao nosso ponto de partida. E hoje é o dia perfeito para o fazer pois assinala-se o cada vez mais "mítico" dia da Espiga!

Quarenta dias depois da Páscoa, o dia da Espiga celebrava-se outrora de forma exuberante por todo o país! E ainda hoje se assinala até porque, numa série de localidades o feriado municipal é móvel e feito para coincidir com este dia. também conhecido como quinta-feira da Ascenção. Daí que nas localidades em questão* seja mais provável ainda se manter esta boa-tradição!

Como referiamos aqui, no ano passado, é um dia de tal forma santo que a regra era de que não se trabalhasse e que além de participar nas cerimónias religiosas se fosse para o campo e colhesse um ramo de flores silvestres, ramos de oliveira, alecrim e espigas de trigo. 

E não resistimos a transcrever o que a Alexandra Melo, gerente da loja A vida Portuguesa do mercado da Ribeira em Lisboa escreveu hoje na página do FaceBook ( a quem aliás agradecemos, pois se não fosse essa publicação ter-nos-iamos esquecido de assinalar a data!):

""Por estes dias, o calor acordava as cerejas que se enchiam redondas e bem encarnadas e se ofereciam às nossas bocas. O ar carregava-se de cheiros de terra e plantas e ao anoitecer, lembro-me de ver pirilampos. O dia da Espiga trouxe-me estas recordações de outros Maios, passados no Douro Sul. Foram dias mágicos, eternos e felizes.
O dia da espiga chama-se também o "dia da hora" e é considerado "o dia mais santo do ano", um dia em que não se devia trabalhar. Era chamado o dia da hora porque havia uma hora, o meio-dia, em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas se cruzam". Era nessa hora que se colhiam as plantas para fazer o ramo da espiga e também se colhiam as ervas medicinais. Em dias de trovoadas queimava-se um pouco da espiga no fogo da lareira para afastar os raios."
Alexandra Melo
Gerente da loja do Mercado da Ribeira"


Mais palavras para quê!?! Está la tudo o que há para dizer num dia como o de hoje. São as memórias reais de quem teve o privilégio de vivenciar a forma muito particular e única o que a população de uma dada parte do nosso país tinha para fazer uma coisa essencial à condição humana e que deixámos de fazer sem se perceber bem porquê: Celebrar!

Se no ano passado salientámos as papoilas, este ano pomos os olhos nos malmequeres amarelos. Em bom rigor até nem é uma espécie nativa de Portugal (terá sido também trazida pelos Romanos?!), mas a forma como está disseminada pelo nosso território e o facto de ja fazer parte do nosso imaginário levam-nos a considerá-la já nossa! São os pampilhos-das-searas, ou, se preferirem, o Chrysanthemum segetum, e além de indispensáveis em qualquer ramo têm lugar certo em qualquer prado florido!

 *Alcanena, Alenquer, Almeirim, Alter do Chão, Alvito, Anadia, Ansião, Arraiolos, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Beja,  Benavente, Cartaxo, Castro Verde, Chamusca, Estremoz, Golegã, Loulé, Mafra, Marinha Grande, Mealhada, Melgaço, Monchique, Mortágua, Oliveira do Bairro, Quarteira, Salvaterra de Magos, Santa Comba Dão, Sobral de Monte Agraço, Torres Novas, Vidigueira, Vila Franca de Xira.

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