Em 1990, há cerca de 27 anos!, perguntavam a Agostinho da Silva o que é que um país como o nosso, pobre e longínquo do centro do continente, poderia dar à Europa e ao Mundo. A angústia era compreensível. Preocupava-nos um futuro já sem um império de 500 anos, tínhamos acabado de aderir à "Europa", casa de onde nunca tínhamos saído, mas que uma ditadura psicopata não só não deixou entrar como insistia em convencer-nos de que nem tão pouco lhe pertenceríamos.
Nada que atrapalhasse Agostinho da Silva. Achava não só muito bem que tivéssemos entrado na CEE - os portugueses precisavam de redescobrir a Europa, mas sobretudo a Europa precisava de descobrir Portugal! O que lhes tínhamos para dar, à Europa e ao Mundo, era muito mais importante do que imaginávamos! Nós PRECISÁVAMOS de os ensinar a sonhar!
Isto dito assim em 1990 era pura patetice! Ontem, os irmãos Sobral, cumpriram-se e cumpriram-nos. E enquanto celebramos numa justificada e merecida euforia sem precedentes, Agostinho da Silva, a existir, estará certamente a sorrir.
O que aconteceu ontem não é explicável pela física convencional. Poder-se-á pensar que foi uma enorme colheita que coroou 50 anos de participações de dezenas de intérpretes, poetas e compositores que nunca cederam e que cantaram sempre em Português, alguns dos nossos mais belos poemas, Simone de Oliveira, Paulo de Carvalho, Fernando Tordo, Carlos Mendes, Ary dos Santos, Carlos Paião, Sara Tavares e tantos tantos outros que semearam, semearam e voltaram a semear para que ontem pudéssemos, ao fim de 49 anos, colher frutos.
Porém, trazer o caneco não foi só uma bela colheita que resgatou todas as nossas participações anteriores, foi, como dizíamos no nosso último post, semear e semear em larga escala! Mas ainda conseguiu ser mais do que isso: Foi ensinar-nos a sonhar!
E quando se semeia, colhe e sonha desta maneira, tem de se entrar no domínio da física quântica para começar a descortinar um pouco o que Agostinho da Silva nos queria dizer há 30 anos!
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