sábado, 18 de abril de 2015

Ano Internacional dos solos, Os Chineses e Quem nos livra de tanta mediocridade



Antes de mais as desculpas a quem nos segue motivado pelo seu interesse na flora autóctone e espontânea de Portugal. Esse é mesmo o foco do projecto, mas a realidade não é estanque - ao contrário do que muitos gostam de nos fazer pensar, quase sempre para seu benefício, tudo está interligado, e voltamos a escrever sobre temas que são mais do domínio da cidadania.

Isto porque que nós não conseguimos dividir-nos em diversas personalidades e papéis. E não dá para andar a trabalhar 176 dias seguidos para cumprir na integra as nossas obrigações fiscais e depois ficarmos calados, só porque não temos tempo nem meios para participar mais activamente no governo das coisas comuns. Como este é o único espaço público em que compartilhamos a nossa forma de estar, é que voltamos a partilhar temas densos e desagradáveis.

Para quem ainda não sabe, 2015 é, declarado pela assembleia das Nações Unidas, o Ano Internacional dos Solos. Não sabemos qual é, se é que existe,  o programa oficial do Estado Português para assinalar o facto. Mas é bem provável que exista e que nele mais uns tantos euros sejam gastos para funcionários explicarem aos ignorantes o quão importante é o solo. É nele que pomos os pés, sobre o qual fazemos as estradas, blá, blá, bla.  o suporte da vida, dos ecossistemas e dos outros bichinhos. Tudoito d em simultâneo e em tempo real com dezenas de retroescavadoras a ocuparem-se de lavras florstais para colocar eucaliptos e a família Queiroz Pereira poder dizer que gere florestas num terço do país.

Mas a capacidade de amar, preservar e valorizar o solo deste país da Soporcel/Portucel é grande, enorme mas nao chega a todo o lado. E face a tal limitação os nossos eleitos não descansam de continuar a procurar maneiras para que mais e mais pessoas se juntem á festa. E o fartar vilanagem não é nada inacessivel. Basta acenar com uns aerios e os nossos eleitos transcendem-se.

E neste ponto que entram os chineses. Eles são muitos, ao que se vê agora até têm dinheiro e quem nos governa pela-se para mostrar como somos um povo hospitaleiro. A estória vem nos jornais de Lieira-Alcobaça-Caldas (aqui), conta-se num parágrafo e não dá para acreditar. Um cidadão Português emigrado na Alemanha casou com uma cidadã chinesa e fez a boda em Alfeizeirão (arredores de Alcobaça). Os convidados chineses ficaram encantados com a região (quem não fica!?) e viram logo oportunidades de negócio. Falaram com a Presidente da Junta que, solicita, lhes encontrou logo umas terras agrícolas cujo dono está disponível para vender, ao ponto de já terem assinado um contrato de promessa de compra e venda. Um único problema: parte das terras estão em Reserva Agrícola Nacional (RAN) (os jornais não dizem qual a dimensão da parcela em RAN, mas desconfio que não seja pequena) e para o investimento em causa: 58 moradias de luxo para cidadaos chineses ricos, a vender nunca por menso de 500. 000 euros cada uma, um Hotel  e, imagine-se, uma escola de mandarim ( esta é a parte do engodo, para dar um toque de cultura e educaçao ao projecto. Mandarim em Alcobaça??), é  necessário desafectar os terrenos da RAN. Requerimento que até já foi interposto nos serviços competentes do Ministerio da Agricultura.

A Câmara Municipal de Alcobaça, que também é dirigida por politicos espectaculares, não cabe em si de contente com mais esta possibilidade de "desenvolver" o conecelho e as suas finanças. Vai levar o assunto  às reuniões de câmara e de assembleia municipal que forem precisas e já garantiu que vai fazer tudo  o que estiver ao seu alcance para que este projecto estruturante e fundamental seja concretizado rapidamente.

Enquanto isso os locais trabalham 176 dias seguidos para cumprir na integra as suas obrigações fiscais e á noite vêm cansados mascontentes a série Beirais. Adormecem tranquilos e felizes por nao haver terra ma linda que a nossa. tão linda que até os chineses querem cá fazer escolas de mandarim, imagina lá!

Mas que MERDA é esta!?!?!?

As terras onde os chineses querem fazer casas para os seus conterrâneos ricos (diga-se que riqueza nunca foi motivo de especial admiração e no caso da dos chineses,  com a dos angolanos, em regra gerla fede) são o fundo fértil de um antigo mar interior. São terras da melhor qualidade. Resultam de milhões de anos de trabalho da Natureza, dos monges de cister e dos nossos antecessores que as trabalharam e estimaram para que chegassem aos dias de hoje férteis e produtivas. São terras que devia ser sagradas e só inutilizadas em casos de extremos e de imperiosa necessidade.

Da Nazaré às Caldas da Rainha, passando por Alcobaça e daqui até Lisboa são ás dezenas os loteamentos já infraestruturados mas abandonados por óbvia desadequação depois da euforia im face ás nossas necessidades urbanisticas. Não será possível sugerir aos chineses que os comprem e utilizem, tentando recuperar alguns dos impostos que pagámos para o efeito? Se em Alcobaça não os houver, nas Caldas há-os com toda a certeza. E em Alenquer ? E no Bombarral? e nos outros concelhos da Comunidade Intermunicipal do Oeste não haverá solos apropriados para o efeito?

Será que temos de ver sacrificados mais nao sei quantos hectares de terras agricolas, essenciais para a soberania alimentar dos que vierem á nossa frente habitar esta terra? Que serviço é este do Ministério da Agricultura, que não se sabe onde está nem por quem é exercido, que desafecta a pedido e com a maior das facilidades solos agricolas da melhor qualidade para que presidentes de junta e de câmara estrábicos nos continuem a encharcar nos jornais locais com os seus projectos estruturantes? Que comunicaçao social é esta, feita de gente subserviente, que apresenta uma noticia destas como se fosse a melhor coisa do mundo sermos comprados por chineses ricos?

Obrigado pela vossa atençao! E as desculpas pelo texto longo, mas isto é de tal forma chocante e revoltante que não dá mesmo para fingir que não é nada connosco.

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