quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

O Homem que plantava Árvores


(versão dobrada em português; versão original em Francês, legendada em português, AQUI)

Os inícios de ano são sempre momentos propícios  a decisões de mudança e, qualquer que seja a profundidade que se pretender alcançar na mesma, não faltam hoje nas redes sociais milhares de posts inspiradores. Mas há alguns que, estando nós dispostos a ceder-lhe os minutos necessários, valem por muitos e contêm em si uma perspectiva de acção que pode nortear uma vida inteira.

E vem este nosso post, que esperemos possa ter a frescura da novidade para alguns que o lerão pela primeira vez, a propósito de um outro post publicado pelo Paulo Araújo do blogue Dias com Árvores no final de 2016, AQUI., partilhando um excelente texto que, na nossa opinião, é de leitura obrigatória para quem este ano quer por as mãos na terra e começar a plantar as  árvores certas nos sítios certos.

É um facto que somos seguidores apaixonados do Dias com Árvores desde o seu início em, imagine-se, 2004. Aliás, como costumamos brincar, se o nosso gosto pela botânica é filho deste blogue, o nosso projecto dedicado às sementes da flora autóctone e silvestre do nosso país, é seguramente seu neto! Com a vantagem que só a blogoesfera consegue ostentar, são 12 anos de publicações disponíveis para todos os que pela sua mão quiserem beneficiar do conhecimento generosamente partilhado pelo Paulo Araújo e a Maria Carvalho. Que, com a paixão que só os amadores conseguem ter, são inquestionavelmente os maiores e mais competentes  divulgadores de botânica que temos entre nós.

E se há muitos textos que merecem ser lidos, este é inquestionavelmente um deles. Um texto escrito para ser o posfácio de uma edição ilustrada do conto "O Homem que plantava àrvores" de Jean Giono, e que se dedica dar pistas sobre quais as melhores espécies de árvores, com um especial enfoque nos carvalhos, que cada um de nós pode plantar  consoante a região do nosso país. É que esta é uma das questões fulcrais para todos aqueles que querem começar e não sabem por onde. Não é uma ciência esotérica, nem precisa da intervenção de nenhum especialista, mas exige cuidados que são preciosos para evitar o que muitas vezes acontece e que é reconhecer, ao fim de alguns anos, que se pôs a Árvore errada no sítio errado.

Mas se este posfácio é de leitura recomendada, o conto que lhe está por detrás não o é menos. Tido por muitos como um dos clássicos incontornáveis da literatura europeia do século XX, O Homem que plantava árvores - cujo filme de animação, de Fréderic Back, que partilhamos em cima, foi ganhadora do Óscar de melhor animação em 1988 e que é também ele de visionamento obrigatório, conta a historia de Elzéard Bouffier, um velho pastor que nos primeiros anos do Séc. XX plantou por sua iniciativa uma floresta numa região inóspita dos Alpes franceses.

Porém o que é notável e inspirador neste conto de Jean Giono ( 1895-1970) são os diferentes níveis de leitura que ele possibilita. Descrevendo a acção de um pastor solitário que sozinho criou um novo bosque, fervilhante de vida, o que por si só é uma obra maior, o autor remete-nos subtilmente para as infinitas possibilidades da condição humana e que cada um de nós tem, por mais adverso que seja o contexto: O de recomeçar e persistir com esperança na mudança que queremos para cada um de nós e em nosso redor.

Como escreve e bem Jean Gioto "Os homens podem ser tão eficientes quanto Deus em tarefas que não seja destruir".

Que, na sua medida, este post possa inspirar um auspicioso 2017 para todos os que nos seguem são os nossos votos!

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