sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Plantas e flores do fim do mundo


Vai-se a Sagres e ao Cabo de S. Vicente e, mesmo que não se tenha ali ido com essa intenção, percebe-se que se está em peregrinação. 

Muitos vão lá hoje porque algures no tempo nos coube o mérito de transformar aquele ponto de chegada num incrível ponto de partida. Mas, apesar disso, Sagres e o Cabo de S. Vicente serão sempre um ponto de chegada. Um fim-do-mundo. 

Um dos muitos fins-do-mundo que existem pelo mundo e que há milénios nós escolhemos para nos relacionarmos com o invisível. Os promontórios, os abismos em que a terra acaba, um mar que nao tem fim à vista e percebemos logo que aquela terra não pode ser só nossa. Apenas nos coube em sorte o privilégio de a administrar. Todos os que andam pelo seu pé, pelo menos uma vez na vida, têm o direito de também ali chegar.

Porém, Sagres e o cabo de S. vicente não são só especiais pela sua particular geografia de serem os pontos mais a Sudoeste da Europa. Os Habitats diversos, de sapais, falésias, rios, dunas, matagais e bosques mediterrânicos da costa vicentina fazem desta região um património único que se pode gabar de albergar o número mais significativo de endemismos exclusivos como o Cistus ladanifer subsp sulcatus ou  o Teucrium vicentinum, para citar apenas alguns exemplos.

Mas os endemismos são apenas a cereja no topo-do-bolo para quem visita este territorio. A multiplicidade de paisagens naturais e humanizadas; as perto de 1000 espécies que aqui ocorrem e o facto reconhecido de esta ser uma das linhas de costa mais bem preservadas da Europa, fazem desta região de Portugal um spot incontornável a visitar e usufruir sempre que se puder.

Claro que se pode sempre deambular sem um roteiro prévio e simplesmente absorver o muito que os sentidos têm para captar, mas se levarmos algumas ajudas é garantido o benefício. O livro 200 Plantas do SW Alentejano& Costa Vicentina, lançado esta Primavera e resultado da iniciativa das guias de Natureza Ana Simões e Ana Cabrita, é uma dessas ajudas. 

São 200 plantas, das mais de 1000 que ali ocorrem, e que são o degrau que faltava para que leigos e curiosos, simples amantes do que os rodeia, começem a descortinar uma parte do que observam. Só por isso, pela possibilidade nos ajudar a dar nomes ás coisas, já vale a pena ter este guia! 

O facto de ser resultado do esforço árduo de duas pessoas que não sendo botânicas de formação nao se negaram a aprofundar e partilhar o que sabiam, de todos os textos serem bilingues (português-Inglês), de ter um grafismo exemplar e de ser de muito fácil leitura, são simplesmente motivos adicionais para adquirir o guia! E que nos fazem desejar que esta iniciativa possa ser inspiradora noutras regiões do país!


Sem comentários:

Enviar um comentário