sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Dedaleiras

Digitalis purpurea subsp purpurea

Até ao momento publicámos neste blogue postagens sobre duas "famílias de plantas" que consideramos terem um claro interesse ornamental e ecológico para os nossos jardins. Estas famílias - "cardos" e apiáceas (de referir uma vez mais que os cardos não são uma verdadeira família em termos botânicos, mas uma agregação popular) estão longe de estar esgotadas e futuramente voltaremos a outras espécies em que apostamos de olhos fechados (ou quase fechados porque não resistimos a vê-las!).

Porém, como há muitas mais espécies e famílias a quem devemos atenção, começaremos hoje a diversificar o nosso olhar introduzindo duas novas famílias: as Plantaginaceae e as Scrophulariaceae. Colocando as designações e questões botânicas de lado, resumimos apenas o essencial:  são duas famílias com diversos géneros de espécies que todos nós  na realidade já vimos algumas vezes e às quais não ficámos de certeza indiferentes tais são as suas cores e formas.

Uma das mais vulgares e conhecidas é a Dedaleira, cujo nome cientifico Digitalis purpurea  subsp purpurea, faz jus à forma de dedal das suas flores. Mas não é o único nome vulgar pelo qual é conhecida - em algumas regiões de Portugal chamam-lhe "sininhos" e provavelmente terá outros nomes tão curiosos quanto a imaginação dos que a observaram e admiraram ao ponto de terem de  lhes dar um nome. Em Inglaterra por exemplo as plantas do género Digitalis são apelidadas, com algum sentido de humor, claro! de Foxgloves (que traduzindo significa simplesmente "luvas de raposa"!)

Das cerca de 20 espécies de Digitalis que existem nas regiões temperadas da Europa/ Asia e Norte de Africa, calharam a Portugal três, sendo a Digitalis purpurea de distribuição generalizada no nosso território (* ver nota).

É claro que nos nossos garden centers começa já a ser possível encontrar alguma Dedaleiras, vistosas e de diferentes cores, normalmente variedades e cultivares aprimoradas noutros países onde gerações de jardineiros apuraram novas variações. Mas não há necessidade de aperfeiçoar em laboratório o que a nossa Natureza já desenvolveu tão bem e que, no nosso caso, acrescentam a garantia de estarem perfeitamente adaptadas às características e rigores do nosso solo e clima.

Com preferência por solos frescos e pouco expostos  ao sol é uma planta bianual em que as hastes carregadas de "dedais" emergem no segundo ano para satisfação de abelhas e outros e outros insectos que em troca do néctar e do pólen se encarregam da sua polinização.

Extremamente fácil de semear, não requer cuidados especiais e pode facilmente ser semeada com sucesso. Como não necessita solos profundos é uma planta que se desenvolve perfeitamente em vaso podendo embelezar com sucesso qualquer varanda.

De notar que é uma planta cujas partes  - folhas, caule raiz e sementes são tóxicas, possuindo um composto químico que hoje é amplamente utilizado pela Industria farmacêutica. A este propósito e fazendo fé em Jekka McVicar (1), foi no séc XVIII que um médico cientista inglês - William Withering - descobriu pela primeira vez a utilidade desta planta no tratamento de doenças cardíacas. Nada aliás que o "povo" não soubesse já pois a sua utilização em doses certas e acompanhadas por alguém  experiente faz parte da nossa sabedoria popular.

Por fim e porque a foto acima apenas permite um vislumbre da incrível beleza das dedaleiras, deixamos o link para o flora on onde muitas e excelentes fotografias nos mostram todo o esplendor que esta planta pode ter.

* Na edição inicial deste artigo escreveu-se, erradamente, que a Digitalis purpurea subsp. purpurea era endémica de Portugal. Com efeito ocorre de forma forma generalizada quer em Portugal quer em outros países da bacia do mediterrânio. A subsp. que efectivamente é endémica de Portugal, e de distribuição muito mais restrita, é a Digitalis purpurea subsp. amandina, conforme  se pode confirmar aqui na flora on. Pelo erro, as nossas desculpas.

2 comentários:

  1. Viva,
    Adorei conhecer a vossa iniciativa! Parabéns pelo excelente projeto!
    Um abraço,
    http://faroleco.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
  2. Viva! obrigado pelas palavras e pela força. gostávamos de ter o seu contacto pelo que se nos poder enviar um email para sementesdeportugal@blogspot.pt agradeciamos. Ah e já demos uma vista de olhos no faroleco. Muito interessante tambem!
    Por fim.. se tiver face book... a nossa pagina e tambem a sementesdeportugal!
    Abraço

    ResponderEliminar