Tão importante como a conservação e não destruição dos ecossistemas ainda existentes, a recuperação de solos degradados e a sua urgente renaturalização é, provavelmente, um dos maiores desafios que enfrentamos. O solo e o coberto vegetal são a base de todos os ecossistemas e sem eles a vida, tal como a conhecemos, simplesmente não existe.
E se a destruição de solo é relativamente fácil - Infelizmente mesmo em Portugal ela acontece a todo o momento, com justificações perfeitamente triviais e de curto-prazo , a sua recuperação, além de difícil, implica um esforço significativo e requer conhecimento que nem sequer existe.
Neste âmbito, a recuperação de antigas áreas mineiras, com extensas áreas de escombreiras, acumuladas ao longo de décadas, onde se alterou de forma muito significativa a estrutura do solo e com elevados níveis de acidez e consequentes implicações ao nível dos recursos hídricos, coloca problemas de dificuldade acrescida aos quais, mais cedo ou mais tarde, teremos de fazer frente.
O projecto Life Ribermine, um consorcio que integra instituições de Portugal e Espanha, com o foco na na "Recuperação de habitats fluviais de água doce através da restauração ecológica de minas geomórficas na Península Ibérica", tem precisamente esse objectivo - O de criar conhecimento numa área em que muito pouco ainda foi feito.
Do lado português, o Centro de Ciência Viva do Lousal - Grândola -, juntamente com investigadores da Universidade de Lisboa, dinamizaram com o coordenador (Governo de Castilla-La mancha) e os parceiros (Universidade Complutense de Madrid e equipas de outras universidades espanholas) dinamizaram ao longo dos últimos dois anos, o projeto piloto para a recuperação de uma área de 1,5 Hectares no qual tivemos o privilégio de poder colaborar.
Os resultados alcançados com a sementeira de uma composição contendo cerca de 20 espécies pioneiras, entre gramíneas e herbáceas com flor, já são visíveis nesta Primavera dispensam muitas palavras. A fotos que partilhamos no inicio deste post falam por si. Numa área, em que pouco mais existia do que algumas espécies arbustivas, com elevados níveis de acidez e em que o solo nem sequer existia, é possivel hoje admirar um prado vibrante de cor e onde outras formas de vidas já se instalaram.
Abaixo partilhamos algumas fotos cedidas pela Equipa do projecto e que ilustram bem todo o trabalho que foi necessário realizar: a preparação prévia da área, desde a sua limpeza até à sementeira realizada no final de Outubro de 2021, passando pela modelação do terreno e enriquecimento prévio.
Mas se enquanto fornecedores das sementes utilizadas não poderíamos estar mais felizes por fazermos parte deste projecto pioneiro, enquanto cidadãos a nossa alegria ainda é muito maior e a nossa admiração vai toda para a equipa que teve a capacidade de por as mãos à obra, de correr muitos riscos e fazer pela primeira vez aquilo que nunca tinha sido feito em Portugal!
A todos eles os nossos Parabéns!
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