segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Esteva

Esteva ou Chagas de Cristo (Cistus ladanifer)

De todas as cistácias a esteva ou Cistus ladanifer é talvez aquela que mais material forneceria para um livro se o quiséssemos fazer, tal é a quantidade de usos e aplicações que as diferentes civilizações e culturas do mediterrâneo lhe foram dando ao longo do tempo.

Entre nós, a esteva, também conhecida por chagas de cristo, devido às máculas bordeaux em cada uma das suas cinco pétalas, é observável um pouco por todo o país embora as grandes populações se encontrem sobretudo no Sudoeste alentejano, centro do país e Trás os montes uma vez que prefere solos ácidos sejam eles xistosos ou graníticos. Prefere mas não é requisito. Sobre solos calcários ou mais siliciosos também perfeitamente possível disfrutar das suas enormes flores logo ao início da Primavera.

O seu nome "ladanifer" tem origem na resina que as suas folhas produzem - o ládano - a qual proporciona  um aspecto brilhante às suas folhas. Esta resina, que hoje é bastante valorizada pela industria de cosmética pelas suas propriedades fixadoras de outras essências, está também na origem da sua utilização como bom material combustível pelas nossas populações locais.   

É um arbusto que pode atingir até 3 metros e deve-se reconhecer que não tem um porte compacto. Por isso, a colocar num jardim, sugere-se que se siga a norma universal do sentido estético e funcional de arrumar os móveis mais altos no fundo de um dado espaço. De preferência num conjunto de vários pés para que a mancha seja mais harmoniosa. Assim colocadas, com boa exposição solar e em solo bem drenado os resultados são garantidos: Um festim para abelhas e escaravelhos que adoram empanturrar-se do seu néctar.

Referência por fim à possibilidade de as suas pétalas poderem ser, como refere Fernanda Botelho na sua Agenda 2014 - Plantas Medicinais, Ervas silvestres e flores comestíveis - consumidas frescas ou desidratadas. Já as suas folhas e cápsulas são utilizadas como condimentares na confecção de coelho manso por lhe dar um sabor próximo do de coelho bravo.

Quanto aos usos medicinais, e ainda transcrevendo a Fernanda Botelho, o seu óleo essencial tem propriedades anticépticas podendo ser utilizado como desinfectante de feridas. Na medicina popular do sul do país é ainda considerada como indicada  para o tratamento do mau cheiro dos pés!

Nota 1 - Nem sempre as suas flores apresentam as tão características máculas nas pétalas. Se as encontrar totalmente brancas trata-se da mesma espécie.
Nota 2 - Em Portugal ocorre na costa vicentina uma subespécie - Cistus ladanifer subsp. sulcatus , que para alguns é uma espécie autónoma (Cistus palhinhae). O seu porte arbustivo mais compacto confere-lhe um ainda maior interesse ornamental.
Nota 3 - E talvez a mais importante, o blogue Plantas e flores do Areal, tem uma entrada bastante completa e detalhada sobre esta planta. Para quem quiser aprofundar e ver mais (boas) fotos de estevas é só clicar aqui. Nela, a Fernada Nascimento esclarece-nos, entre outras coisas, a diferença entre o ládano, a resina da esteva, e laudano, uma substancia de nome parecido mas completamente diferente

1 comentário:

  1. Muito obrigada pelo link. descobri que tenho um enorme terreno cheio de ervas comestíveis e eu compro-as. Muito obrigada.

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