Dia 21 de Maio de 2020 - Dia da Espiga! Em matéria de feriados móveis há pouco para saber: 40 dias antes da Páscoa é o Carnaval e 40 dias depois a Quinta-feira da Ascensão - uma forma habilidosa para a Igreja tomar como sua as enraízadas celebrações pagãs da fertilidade da Terra e das colheitas generosas que pelo centro e sul, nomeadamente no Alentejo, se celebram desde há milénios.
Uma tradição tão profunda que até ainda bem pouco tempo este era o DIA! "o dia mais santo do ano", em que não se devia sequer trabalhar. Ou o dia da hora porque havia uma hora, o meio-dia, em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas não se cruzam". Era nessa hora, pelo meio-dia, que se deviam colher as plantas para fazer o ramo da espiga, do qual, em dias de trovoadas se queimava um pouco no fogo da lareira para afastar os raios.
Um ramo a preceito tem, cada uma com o seu significado, oliveira, alecrim, pampilhos, folhas de videira, papoilas e espigas. de forma diversificada e equilibrada, que a abundância nunca foi nem nunca será feita de monocultura intensiva. E, em muitas cidades e vilas do nosso pais* que têm neste dia o seu feriado municipal, é o que muitas pessoas irão fazer hoje: colher um ramo de espiga!
Porém, nos dias de hoje celebrar o dia da Espiga terá pouca serventia se for apenas para cumprir a tradição e nos lembrarmos como era Portugal até aos anos 80. Por muito bonito que seja o ramo, mais importante que isso, do que celebrar a Espiga, o Dia do fascínio das plantas de há 2 dias atrás ou mesmo o Dia das abelhas que se celebra hoje dia 20 de Maio ( que na pratica são dias que também de forma também habilidoso foram instituídos simplificando o ancestral dia da Espiga que já celebrava tudo isso!) , é importante termos presente que a terra que habitamos é também em boa parte resultado da nossa acção e vontade colectiva. Fará sentido celebrar o dia da Espiga e tudo o resto se o Alentejo se transformar num território exclusivo da monocultura de Amendoal e de Olival intensivo!?!? Se deixarem de existir searas e bermas floridas? Nós temos duvidas! Aliás, as maiores duvidas que essa fosse a fertilidade desejada pelos nossos antepassados! A "fertilidade" nauseabunda dos lagares de azeite que hoje, mesmo na Primavera,se respira em muitas estradas do Alentejo. Dai que, mais do que colher a espiga e fazer um ramo bonitinho, o desafio mais relevante seja o de reflectirmos até que ponto as nossas acções individuais e colectivas poderão, ou não, influenciar a paisagem que é "transformada" à nossa volta sem que sequer nos tenha sido perguntado se era isso mesmo que queríamos. Se tivermos consciência do que está a acontecer ali, mas também no imenso eucaliptal do centro interior ou nos novíssimos pomares de abacate e laranja do Algarve, sem que tenhamos tido sequer uma palavra, então o Dia da Espiga será celebrado condignamente! Se calhar sem tanta alegria, mas pelo menos mais consciente!
**Alcanena, Alenquer, Almeirim, Alter do Chão, Alvito, Anadia, Ansião, Arraiolos, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Beja, Benavente, Cartaxo, Castro Verde, Chamusca, Estremoz, Golegã, Loulé, Mafra, Marinha Grande, Mealhada, Melgaço, Monchique, Mortágua, Oliveira do Bairro, Quarteira, Salvaterra de Magos, Santa Comba Dão, Sobral de Monte Agraço, Torres Novas, Vidigueira e Vila Franca de Xira, são algumas das muitas localidades que assinalam o seu feriado municipal amanha dia 21, dia da Espiga!
Uma tradição tão profunda que até ainda bem pouco tempo este era o DIA! "o dia mais santo do ano", em que não se devia sequer trabalhar. Ou o dia da hora porque havia uma hora, o meio-dia, em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas não se cruzam". Era nessa hora, pelo meio-dia, que se deviam colher as plantas para fazer o ramo da espiga, do qual, em dias de trovoadas se queimava um pouco no fogo da lareira para afastar os raios.
Um ramo a preceito tem, cada uma com o seu significado, oliveira, alecrim, pampilhos, folhas de videira, papoilas e espigas. de forma diversificada e equilibrada, que a abundância nunca foi nem nunca será feita de monocultura intensiva. E, em muitas cidades e vilas do nosso pais* que têm neste dia o seu feriado municipal, é o que muitas pessoas irão fazer hoje: colher um ramo de espiga!
Porém, nos dias de hoje celebrar o dia da Espiga terá pouca serventia se for apenas para cumprir a tradição e nos lembrarmos como era Portugal até aos anos 80. Por muito bonito que seja o ramo, mais importante que isso, do que celebrar a Espiga, o Dia do fascínio das plantas de há 2 dias atrás ou mesmo o Dia das abelhas que se celebra hoje dia 20 de Maio ( que na pratica são dias que também de forma também habilidoso foram instituídos simplificando o ancestral dia da Espiga que já celebrava tudo isso!) , é importante termos presente que a terra que habitamos é também em boa parte resultado da nossa acção e vontade colectiva. Fará sentido celebrar o dia da Espiga e tudo o resto se o Alentejo se transformar num território exclusivo da monocultura de Amendoal e de Olival intensivo!?!? Se deixarem de existir searas e bermas floridas? Nós temos duvidas! Aliás, as maiores duvidas que essa fosse a fertilidade desejada pelos nossos antepassados! A "fertilidade" nauseabunda dos lagares de azeite que hoje, mesmo na Primavera,se respira em muitas estradas do Alentejo. Dai que, mais do que colher a espiga e fazer um ramo bonitinho, o desafio mais relevante seja o de reflectirmos até que ponto as nossas acções individuais e colectivas poderão, ou não, influenciar a paisagem que é "transformada" à nossa volta sem que sequer nos tenha sido perguntado se era isso mesmo que queríamos. Se tivermos consciência do que está a acontecer ali, mas também no imenso eucaliptal do centro interior ou nos novíssimos pomares de abacate e laranja do Algarve, sem que tenhamos tido sequer uma palavra, então o Dia da Espiga será celebrado condignamente! Se calhar sem tanta alegria, mas pelo menos mais consciente!
**Alcanena, Alenquer, Almeirim, Alter do Chão, Alvito, Anadia, Ansião, Arraiolos, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Beja, Benavente, Cartaxo, Castro Verde, Chamusca, Estremoz, Golegã, Loulé, Mafra, Marinha Grande, Mealhada, Melgaço, Monchique, Mortágua, Oliveira do Bairro, Quarteira, Salvaterra de Magos, Santa Comba Dão, Sobral de Monte Agraço, Torres Novas, Vidigueira e Vila Franca de Xira, são algumas das muitas localidades que assinalam o seu feriado municipal amanha dia 21, dia da Espiga!
Sem comentários:
Enviar um comentário