domingo, 10 de maio de 2020

A invenção da Natureza


A propósito do dia da Europa, que se assinalou ontem dia 9 de Maio, partilhamos hoje um post sobre um dos europeus cuja visão e trabalho marcaram da forma mais significativa e inspiradora o mundo contemporâneo e a forma como ainda hoje olhamos para o mundo que nos rodeia.

Humboldt (1769-1859), o "maior homem desde o dilúvio" como alguém seu contemporâneo lhe chamou,  não foi só o último dos grandes universalistas europeus cujo saber enciclopédico se distribuía por diversas disciplinas. Foi também um dos primeiros a perceber que a Natureza, mais do que uma criação divina para usufruto do Homem, era sobretudo um todo interligado e interdependente cujas relações era necessário estudar e compreender. 

Mas esta visão revolucionária - que o levou há 200 anos a prever as expectáveis alterações climáticas como resultado exploração predatório dos recursos, não se esgotava no mundo físico e objectivo. A poesia, a arte ou a politica eram igualmente essenciais para compreender de forma holistíca o mundo que nos rodeia.

Apesar de praticamente esquecido nos dias de hoje, a sua visão que influenciou de forma determinante cientistas e artistas ao longo de todo o séc XIX e XX, dos quais Charles Darwin é apenas um dos mais conhecidos, está hoje na base do pensamento de muitos dos ecologistas e ambientalistas de hoje.

Dono de uma vida longa e preenchida - 80 anos - e dedicada a compreender a Totalidade, Humboldt  ambicionava materializar numa única obra "que juntasse tudo o que existe nos céus e na Terra, indo das distantes nebulosas à geografia dos musgos e da pintura de paisagens à migração das raças humanas e da poesia".

A sua mais recente biografia, de Andrea Wulf, de 2015, e cuja leitura recomendamos, é uma boa forma de contactar com a personalidade fascinante de um homem que acreditava sobretudo nos ideais de Liberdade e cujas ideias contribuíram para o fim da escravatura e da emancipação dos países latino-americanos.

Em tempos em que a compartimentação e divisão da ciência, num infindável número de disciplinas que espartilham a realidade, tem sido levada ao limite, perdendo-se frequentemente a tão necessária visão do todo, aqui fica na nossa homenagem a um dos Europeus a quem nós mais devemos!

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