Para os mais sensíveis aos rigores do nosso clima o Inverno é aquela estação que, se pudéssemos, passávamos por cima. Menos sol, muito frio e quase sempre chuva inclemente e uma natureza em letargia ao ponto de parecer morta, só nos fazem desejar que a Primavera e sobretudo o Verão cheguem o mais depressa possível.
Mas a verdade é que a Natureza anda cá há mais tempo e não faz as coisas de forma leviana. É um facto que grande parte das árvores e arbustos aproveitam este três meses para se recolherem e fortalecerem as suas raízes, mas, de forma subtil e discreta, logo a partir de Janeiro algumas plantas são encarregues de começarem a florir de forma conjugada, preparando a apoteose do que daqui a um mês será evidente a todos nós. Tal qual os primeiros acordes de uma sinfonia, apenas com um ritmo diferente.
Esta semana, depois de quase duas a bater recordes de frio e chuva, os raios de sol de ontem vieram provar-nos isso mesmo e apresentar-nos o brilho dos campos cobertos de erva verde e da água a escorrer. E há que aproveitar as tréguas para ir verificar o que é que a Natureza anda a engendrar agora e, com alguma atenção, constatar que os alecrins, os teucriuns, os folhados e os abrunheiros-bravos, para além das amendoeiras, já estão a florir.
Mas há muitas mais flores a emergir de plantas como as calendulas, as vincas, as margaridas, o heloborus, a borragem, alguns narcisos e lirios, os malmequeres-dos-brejos ou os tojos para dar alguns exemplos. O desafio é sempre o mesmo: reparar não no que aparentemente está morto mas na vida que quer despontar. Muitas delas possuem folhas e flores comestíveis, outras possuem propriedades medicinais aromáticas ou condimentares. E todas podem ser boas soluções para levar mais um pouco de natureza para os nossos jardins que quase sempre se esquecem de alegrar no Inverno.
Por isso, hoje não falamos de nenhuma espécie em particular e apenas vos lembramos que esta é a altura perfeita para começar a notar os tons e acordes deste novo ciclo que agora ser inicia e que, esperemos, teremos o privilégio de assistir até ao seu término no começo do próximo Inverno, lá para meados de Dezembro de 2014.
PS - Como não somos os únicos a reparar que o Inverno também é florido aqui fica um link para uma entrada que a Fernanda Botelho escreveu motivada pelos raios de sol de quinta-feira passada em Sintra e que vale a pena ler.
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