Se evidências faltassem de que a historia da Humanidade não é um continuo avolumar de conhecimento adquirido pelas gerações anteriores, do qual nada se perde e ao qual tudo se acrescenta, o generalizado desconhecimento que temos das plantas que nos rodeiam bastaria para começarmos a desconfiar das linhas pelas quais se tem feito o "inexorável" progresso humano.
E no meio da imensidão de plantas que hoje se encontram resumidas a "ervas" indiferenciadas, a murta é, possivelmente, uma das que mais incompreensivelmente esquecemos. Ao ponto de hoje ignorarmos quase por completo a extensa e rica relação que com ela os nossos antepassados estabeleceram.
Considerada pelos gregos e romanos como símbolo da Paz e do Amor, a murta era a planta consagrada a Afrodite e a Vénus, divindades nas mitologias grega e romana, respectivamente. Ainda hoje os ramos de murta fazem parte dos bouquets de casamento de muitas noivas um pouco por toda a Europa, e não é por acaso que o de Kate Middleton também tinha uns raminhos de uma murta plantada pela rainha Vitoria em 1845. Mas a simbologia desta planta é de tal forma rica e diversa para tantos povos do Mediterrâneo que o melhor mesmo é fazermos uma pequena pesquisa no google e deixarmo-nos surpreender pela quantidade de tradições que a ela estão associadas.
Além da simbologia, a murta é uma planta que exala um agradável aroma a laranja e cujas características lhe têm conferido múltiplas utilizações, desde medicinal, no tratamento de doenças das vias respiratórias e urinária até ao uso alimentar e condimentar - flores, bagas e folhas, verdes ou secas são facilmente incluídas na confecção de diversos pratos e grelhados. Em diversas regiões de Portugal as suas bagas são ainda usadas na fabricação de licores e noutros países é cultivada para extracção dos seus óleos essenciais utilizados quer pela industrias de perfumaria e alimentar na preparação de molhos e aromatizantes.
Às utilizações acima, e que já não são poucas, nós acrescentamos ainda mais duas: a ornamental e a ecológica. Num jardim é um arbusto que pode ser utilizado em sebes ou isolado, que não exige cuidados de maior (prefere solos pouco ou nada calcários, mas também não excessivamente ácidos, bem drenados e sem exposição excessiva ao sol ), suporta bem as podas e as suas bagas são apreciadas por pequenas aves que lhe agradecem o alimento numa altura em que ele começa a escassear - o fim do Outono; Início do Inverno. De referir também que é uma planta que adapta perfeitamente à vida num vaso.
As nossas sementes de Myrtus communis, colhidas recentemente em murtais do centro de Portugal, são uma boa opção para todos aqueles que pretendem começar por uma aposta segura em matéria de flora autóctone. Com uma temperatura a rondar os 16º e luz q.b. pode ser semeada em qualquer altura e a sua germinação é praticamente garantida!
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