Há cerca de um ano atrás, na sequência de uma visita à cidade alemã de Bremen, partilhámos AQUI algumas imagens do Rhododendron Park e das múltiplas cores de que esta espécie se pode revestir. Na altura já não iríamos a tempo, mas neste Maio não quisemos deixar passar mais uma oportunidade e fomos visitar uma das maiores populações autóctones que existem na península Ibérica e que, para nossa sorte, se situa na vertente noroeste da Serra do Caramulo, concelho de Vouzela, na ribeira do cambarinho, protegida desde 1971 com o estatuto de reserva botânica.
Como não temos intenção de ter nos nossos catálogos sementes desta espécie, até porque pelo que apurámos não só produz poucas sementes como as mesmas exigem especiais condições de germinação, o interesse era mesmo ver de que outras cores de que se pode revestir a nossa Primavera para além dos maioritários amarelos e brancos.
E o que vimos, pelo menos nas margens desta ribeira e, pelo que apurámos, de outras pertencentes à bacia hidrográfica do Rio Vouga, é que, mesmo numa serra entregue ao Eucalipto como é o caso da Serra do Caramulo, a paisagem se pode cobrir de incríveis manchas de tonalidade rosa-lilaz. Só por essa visão vale a pena acreditar na placa que na A25 anuncia, em apagados castanhos,esta reserva botânica de loendros. A nossa única sugestão é que nos meses de Abril e Maio se anuncie de forma mais convincente que os "loendros" estão no seu máximo esplendor!
Os rodendros são uma espécie arbustiva que dispensa qualquer publicidade. Na região noroeste de Portugal é possível vê-los em vários jardins publicos e privados (embora de outras cores e bem menos interessantes) provenientes de garden centers que na europa inteira escoam a produção de uma actividade que é milionária. Existem na Natureza mais de 1000 espécies de rodendros, a maioria da região dos Himalaias. Mas cultivares e híbridos são seguramente milhares e há-os de todas as cores e feitios.
Porém, os nossos não só são incrivelmente ornamentais como são ainda o testemunho das florestas de clima tropical que há mais 2 milhões de anos cobriam a Europa e que praticamente se extinguiram no fim do período terciário com o inicio das glaciações. De Rhododendrum ponticum subsistem na Europa apenas duas sub-espécies: a R. subespécie ponticum na região do Cáucaso, e a subespécie baeticum à qual pertence a população que se pode visitar nas margens da ribeira do cambarinho- Vouzela. Desta subespécie só existem mais duas populações nativas na península ibérica: Em Monchique ( de reduzida dimensão) e em Cádis, Espanha.
Só por isto este arbusto poderia perfeitamente infestar todos os ajardinamentos dos municípios que partilham a Serra do Caramulo! Para não pensar nos jardins particulares. E não dizemos todo o país, porque de facto é um arbusto que tem necessidade de solos mais ácidos, com alguma profundidade, disponibilidade de água e um clima mais atlântico, os quais, como sabemos, não são os mais frequentes.
Uma nota final para a confusão que pode surgir por nos termos referido a este espécie ora como rodendro ora como loendro. O nome vulgar mais utilizado no mundo remete-nos para o nome rodendro. Todavia em Portugal e mais especificamente nas aldeias do Caramulo são conhecidos como loendros, Embora, como nos explica aqui o blogue Dias-com-àrvores, nada tenham a ver com os Loendros do Sul do país (Nerium oleander). Mas como nestas matérias da botânica o povo é soberano, para todos os efeitos são também para nós os Loendros do Caramulo!
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