quarta-feira, 4 de março de 2015

Vinte novas espécies


Desde que em meados de 2014 lançámos os primeiros pacotes de sementes, era para nós claro que havia muitas mais espécies que gostariamos de ver nos nossos expositores.

A dificuldade era, como ainda é, escolher entre as muitas espécies autóctones e assilvestradas que existem no nosso território. Como já referimos algumas vezes, se das mais de 4000 espécies existentes pressuposermos que 10% têm inegáveis qualidades estéticas, aromáticas, alimentares ou outras, serão mais de 400 as que temos para valorizar!

Não está nos nossos planos chegar a um tão grande número, mas as 20 novas espécies que agora juntamos são essênciais. De tal forma, que diriamos mesmo que fazem parte do lote de espécies "básicas" que deveremos ter perto de nós sempre que tal nos for possível.

Sintetizando, os novos pacotes de sementes são os seguintes:

 - 1 Árvore: Loureiro 
 - 6 Arbustos: Espargueira, Giesta, Piorno -Branco, Árvores-da-castidade, Loendro e Sabugueiro 
 - 2 Trepadeiras: Hera; Madressilva
 - 1 Sub-arbustos: Gilbardeira
 - 3 Herbáceas anuais: Tremocilha, Borragem e Capuchinhas
 - 1 Herbácea bi-anual: Verbasco
 - 4 Herbáceas vivazes: Funcho, Acanthus, Alfavaca-dos-montes, Abrótea-de-Primavera
 - 2 Alhos&Bolbos: Alho-porro e Narciso-das-praias.

De ressalvar que das 20 espécies há 3 que não são em rigor autóctones. São porém espécies que pelas suas qualidades foram introduzidas pelo Homem no nosso território há já bastante tempo e que, uma vez assilvestradas, não demonstraram um comportamento invasivo. Os Acanthus, introduzidos muito provavelmente pelos Romanos há 2 mil anos estão disseminados um pouco por todo o lado, sobretudo em locais de alguma sombra; a Árvore-da-castidade, igualmente introduzida pelos Romanos pelas suas qualidades ornamentais é frequente nas ribeiras do Algarve; e as Capuchinhas, originárias dos Andes e que os Espanhois trouxeram para a Europa no Séc. XVI, trouxeram novos tons de cor a muitos taludes das nossas cidades.

Nas próximas entradas abordaremos de forma mais detalhada algumas das espécies agora disponibilizadas.

4 comentários:

  1. Sou um fiel seguidor das News das Sementes de Portugal... mas não posso concordar com o que li. Todas as espécies exóticas acarretam um risco ecológico ao serem introduzidas... umas mais do que outras claro. Não consegui perceber pelo nome vulgar quais as espécies mas o Acanthus é, até pela descrição que acrescentam, uma espécie bastante perigosa... O problema é que como não há um consenso total se é nativa ou um arqueofito não é vista como invasora, que de facto é sobretudo em locais sombrios mas não só. Há até autores que defendem que os arqueófitos não podem ser consideradas invasoras. Sem querer ofender este ilustre projecto acrescento que é pena que entre tanta escolha na flora nativa tenham escolhido 3 exóticas. ..

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  2. Caro Estevão,

    Obrigado pelo comentário e por nos seguir. Não ofende nada em expressar a sua opinião. Reflectimos as questões que coloca e feitas as contas considerámos que mesmo nos casos em que se encontram populações significativas não estávamos perante um comportamento invasor. Por outro lado,são espécies de inegáveis qualidades às quais estamos ligados e que , de certa forma , nós já adoptámos.

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  3. Não pretendendo ser demasiado impertinente ou inconveniente, reafirmo o que referi no meu primeiro comentário. Depois de ter percebido quais as restantes 2 exóticas, continuo a insistir que 'Acanthus mollis', apesar de não ser das mais importantes no nosso país, apresenta claro comportamento invasor onde foi introduzida - eu próprio tenho problemas com ela em jardim, pois o seu mecanismo peculiar de dispersão de sementes torna difícil controlar a sua expansão ou erradicação. 'Tropaelum majus', conhecida também por chagas, é ainda pior, sendo uma invasora em áreas ruderais e termófilas. Ambas espécies surgem no Guia de Plantas Invasoras de Marchante et al. (2014). Vitex castus-agnus não conheço, mas se referem que se encontra naturalizada em meios semi-naturais do Algarve basta-me para evidenciar a sua perigosidade. O meu interesse no uso ornamental de espécies nativas não é recente e por isso é que defendo a sua utilização em detrimento de exóticas (sobretudo as que apresentam risco ecológico). Infelizmente uma das causas da expansão das espécies exóticas nos nossos habitats naturais é a sua "beleza" ornamental, sendo esta também a principal origem da introdução de espécies no nosso país que urge regulamentar. Não sou contra as exóticas ornamentais, desde que estas sejam apenas e só aplicadas a áreas confinadas e regularmente geridas pelo Homem (canteiros, jardins, parques, etc.), excepto as que demonstram ter comportamento invasor difícil de controlar. Sou totalmente contra a ornamentação dos nossos meios semi-naturais (agro-florestais) e naturais, como acontece em muitas estradas e rios do nosso país pois as sebes são uma dos meios facilitadores do processo de invasão. A maneira mais eficaz de controlo de uma invasão (mais barata e, não querendo ser pessimista, por vezes a única) é a prevenção. Espero ter contribuído em algo, pelo menos para as próximas escolhas nas sementes de Portugal (cujos táxones evidentemente nativos são felizmente inúmeros e muitos únicos no Mundo), caso contrário peço desculpa pela impertinência.

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  4. Caro Estevão,

    COmo é evidente não é impertinente. As questões que coloca interessam-nos e antes de termos optado por incluir as espécies referidas reflectimos bastante. Como o Estevão também concordamos, de caras, que a reflorestação de espaços agor-florestais deve ser feita com espécies autóctones. E também concordamos que o assunto deve ser regulamentado. Mas com bom senso. Faz sentido considerar, como considera o regulamento em vigor, a Palmeira das canárias, o cipreste do buçaco ou o tao vulgar cipreste dos cemitérios como invasoras? E faz sentido considerar o Eucalipto como invasor e ao mesmo tempo licenciar de forma quase criminosa milhares de hectares de novas plantações todos os anos? Obviamente não somos especialistas e até admitimos estar errados, mas nao partilhamso da ideia de que as exóticas são sempre más. Algumas delas foram introduzidas ha séculos, fazem parte das nossas paisagens e, podemos dizê-lo, já foram adptadas culturalmente por nós. E sendo vigorosas não sao de forma alguma "virulentas" como é o caso das acácias ou haquias! Um abraço

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