sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A importância da vegetação autóctone

Quem resiste aos encantos cromáticos dos bosques e florestas, dos matos mediterrânicos, dos campos em pousio e das coloridas bermas das nossas estradas, de norte a sul de Portugal, sobretudo desde finais do inverno até aos princípios do verão?

À velocidade a que passamos podemos até reparar nas manchas de cor, mas é quase certo que não pensamos na grande diversidade floristica e faunistica que compõem aquelas unidades. 
É nestas zonas que ainda encontramos ou que se vai instalando um tipo de vegetação a que chamamos autóctone, isto é, natural, espontânea ou originária desse mesmo território.

No entanto, se depois da grande mancha que define o ecossistema atentarmos um pouco mais de perto até somos capazes de encontrar entre essa 'multidão', num ou outro recanto mais protegido da ‘impiedosa intervenção humana’, algumas espécies capazes de competir com as mais populares exóticas preferidas na maioria dos jardins.

É esse potencial ornamental de algumas espécies que é interessante valorizar fazendo com que “saltem para os nossos jardins” ou que se propaguem pelos nossos campos, enriquecendo-os não só em termos estéticos mas também em termos de biodiversidade.

E como vamos saber quais as melhores plantas para usar no nosso jardim?
Nada melhor que começar por observar os 'espaços naturais' envolventes e ver o que mais se assemelha às condições de solo, humidade e luminosidade do nosso espaço.

Se privilegiarmos as plantas que provavelmente e naturalmente existiriam no local do nosso jardim, sem dúvida obteremos uma grande economia na sua manutenção, quer por melhor resistir a períodos de seca prolongada quer pela maior resistência às pragas e doenças, haverá um enriquecimento na fauna  que passará a visitar o jardim,  e uma dinâmica formal muito maior ao longo do decorrer das estações do ano.
Para não falar do valor que muitas dessas plantas têm pelas suas propriedades medicinais, aromáticas ou até mesmo condimentares.

Esta reaproximação com a vegetação autóctone já aconteceu com algumas espécies mais conhecidas como o folhado, Viburnum tinus, como as bocas-de-lobo (Antirrhinum sp), como o alecrim (Rosmarinus officinalis), como o rosmaninho (Lavandula stoechas) e muitas outras aromáticas em voga, mas consideramos que MUITAS MAIS têm potencial para ornamentar os nossos jardins.

Assim como as bermas das nossas estradas, se forem cuidadas e mantidas em vez de trucidadas por ex. pelas mondas químicas, estaremos a fazer a preservação natural de todo um banco de sementes riquíssimo e a potenciar as melhores condições para a vivência em harmonia de toda uma fauna que aqui se alimenta e abriga, desde pequenos roedores a uma infinidade de insetos e sobretudo às nossas indispensáveis e laboriosas abelhas.
É sempre bom lembrar outros países, considerados mais desenvolvidos, como no Reino Unido, que depois de procederem à “limpeza” e quase eliminação da vegetação 'dita daninha’ nas bermas das estradas, andam agora a proceder artificialmente à reconstituição da antiga diversidade.

Porque “mais vale prevenir que remediar”, cabe a todos nós e sobretudo a cada um, aprender com os erros dos outros e atalhar, pois basta para isso não estragar os nossos recursos naturais e o que temos de melhor e conferir-lhes o merecido valor.

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