No segundo dia de festejos de Carnaval, tradição com origens remotas na antiguidade clássica e nos ritos pagãos de celebração do fim do Inverno e início da Primavera, colocamos hoje a nossa atenção numa planta com igual e longa carga simbólica, a arruda.
Também conhecida popularmente como erva-da-inveja ou erva-das-bruxas, eram-lhe usualmente atribuídos poderes especiais para afastar o mau-olhado e a inveja, razão pela qual ainda hoje é possível encontrá-la à porta de muitas casas nas aldeias deste país.
Eficaz ou não contra os maus espíritos, o facto é que o cheiro intenso das suas folhas - agradável para uns, insuportável para outros, não deixou os homens indiferentes que nele advinharam qualidades medicinais. Na Grécia antiga, por exemplo, era utilizada para afastar doenças contagiosas.
Para além das inúmeras aplicações medicinais - no tratamento de doenças várias, sempre a realizar com cuidados considerada a sua toxicidade, são de relevar as suas características enquanto planta sub-arbustiva.
Parta além da Ruta graveolens, que normalmente se encontra à venda, existem em Portugal de forma espontânea quatro espécies das quais as mais frequentes e que possuímos no nosso catálogo são a Ruta montana e a Ruta chalepensis. À parte algumas diferenças, nomeadamente no porte e no recorte das suas folhas, ambas as espécies possuem folhas de cor verde azulada e estão bem adaptadas a diferentes tipos de solos desde que não sejam ácidos ou alagados, suportando bem a secura do verão.
Por fim, e se todas as razões acima não fossem já suficientes para ter uma arruda no jardim, juntamos o seu interesse ecológico. Por um lado pode ser utilizada como planta repelente de pulgas e formigas e, por outro como chamariz de borboletas, nomeadamente de uma das borboletas mais bonitas que temos por cá, a cauda de andorinha (Papilio machaon) cujas lagartas, de cores igualmente elaboradas, têm nas folhas da arruda um dos seus alimentos favoritos.
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